segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Brasileiro é o mais otimista nos BRICs



O Estado de S. Paulo - 17/01/2011

Pesquisa do Credit Suisse constata que 63% dos brasileiros planejam investir em imóveis, veículos, plano de saúde e educação

Os brasileiros são os mais otimistas em relação à melhora em suas finanças pessoais entre populações de sete países em desenvolvimento, incluindo aqueles do grupo do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). Com essa perspectiva, também são os que têm maior intenção de adquirir bens que vão além dos produtos essenciais. Imóveis, carros, plano privado de saúde e educação estão no topo da lista.

Pesquisa feita pelo Credit Suisse Research Institute, que será divulgada hoje em vários países, busca estabelecer um perfil das preferências e padrões de gastos dos consumidores que estão no centro de uma mudança estrutural na demanda global. Foram entrevistadas 13 mil pessoas dos países do Bric, além de Egito, Indonésia e Arábia Saudita.

No Brasil, onde foram ouvidas 1,5 mil pessoas de diferentes classes sociais, 63% disseram que contam com a melhora de sua renda nos próximos seis meses. Na China, o porcentual foi de 45% e na Índia de 43%. Arábia Saudita e Indonésia têm 35% de otimistas, enquanto a Rússia tem 27%. A população do Egito é a mais pessimista - apenas 12% apostam na melhora das condições financeiras.

Efeito renda. "O crescimento da renda verificado nos últimos anos leva os brasileiros e manterem o otimismo, que foi verificado em todas as categorias de renda, nos diferentes níveis sociais", diz Andrew Campbell, responsável por pesquisa e estratégia do Credit Suisse.

A expectativa de melhores salários também levou os brasileiros a estarem entre os que pretendem gastar mais este ano. "Apenas 10% afirmaram que vão poupar, enquanto na China esse porcentual é de 30%", compara Campbell.

A intenção dos brasileiros é gastar principalmente com bens essenciais - incluindo serviços como planos de saúde e educação - e de luxo. Na faixa de renda mensal de até US$ 1 mil (R$ 1,6 mil pelo dólar de sexta-feira), 15% dos brasileiros pretendem, por exemplo, comprar carro este ano, índice atrás apenas dos sauditas (20%). Entre os que ganham mais de US$ 2 mil (R$ 3,3 mil) a intenção sobe para 34% entre os brasileiros e 28% entre sauditas.

Casa própria. De acordo com Campbell, além de carros, os brasileiros têm "elevada intenção de comprar imóveis (80% dos pesquisados), em ambos casos por meio de crédito".

O estudo mostra ainda que 10% dos brasileiros vão adquirir planos de saúde, enquanto essa intenção fica na casa de 5% a 6% nos demais países.

Educação privada é outro item entre os mais citados pelos brasileiros. Nos demais países, produtos básicos como comida e vestuário aparecem em mais destaque.

Antonio Quintella, presidente do Credit Suisse para as Américas, destaca que a pesquisa tem como objetivo identificar tendências e ritmo de crescimento do consumo entre as famílias de diversos países. Nesse estudo, o foco, pela primeira vez, foram os emergentes.

"Como banco de investimento que atua nesses mercados, a pesquisa faz parte da nossa estratégia integrada de atuação para fornecer aos nossos clientes um conjunto melhor de informações para decisões de investimentos", explica Quintella.


MOTIVOS PARA CONFIAR NO FUTURO


Em outubro, Pesquisa DataSenado mostrou que 61% dos brasileiros acreditavam que a sua situação econômica iria melhorar nos próximos seis meses

Em dezembro, levantamento da CNI/Ibope apontou que 62% dos brasileiros estavam otimistas com a expectativa do governo de Dilma Rousseff

O que torna otimismo tão presente na vida do brasileiro passa pelo crescimento econômico recente e os bons fundamentos econômicos para continuar crescendo

O Brasil vem recebendo investimentos estrangeiros em vários setores
O emprego segue em expansão e várias categorias obtiveram ganho real de salários

Há melhora da renda das famílias de menor poder aquisitivo, com forte ascensão da classe C

Há crédito acessível

Do ponto de vista político, o começo de novo governo sempre gera expectativa positiva para grande parte da população

Economistas analisam que essa visão positiva do País resulta em um círculo virtuoso: as pessoas confiam na economia e gastam mais, o que gera mais empregos e possibilita que mais gente compre mais .

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