quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Má vontade da mídia



Em sua ânsia de desclassificar as conquistas do governo Lula, a imprensa se atrapalha, e mesmo quando encontra distorções, que poderia apontar de forma equilibrada, as amplifica incorrendo nos mesmos erros que condena.


O Ministério do Trabalho divulgou essa semana os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que apontou o recorde de criação de 2,524 milhões de empregos com carteira assinada no país em 2010. Desde que a série histórica foi iniciada, em 1992, nunca tantos empregos formais foram gerados no Brasil, um resultado para ser comemorado, principalmente depois dos abalos sofridos pela economia por conta da crise financeira internacional.


Mas o enfoque dado por O Globo, por exemplo, ao tratar do tema, foi de que uma manobra do ministério do Trabalho inflou os números. A informação não está errada, já que o ministério incluiu contratações informadas pelas empresas após o prazo de fechamento do Caged e que, habitualmente, só são consideradas na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), a ser divulgada em maio. Mas ela tem a clara intenção de minimizar um resultado impressionante por si só. Assim, se o governo inflou o resultado, a imprensa buscou murchá-lo.


Considerando os empregos declarados pelas empresas de janeiro a dezembro de 2010, o número de vagas criadas foi de 2,1 bilhões, que já seria o recorde absoluto da criação de vagas formais no país, pois o número anterior era de 1,6 milhão, em 2007. Outros 387 mil empregos criados foram informados fora do prazo e não deveriam constar do Caged, embora existam de fato.


Em qualquer empresa privada, o resultado atingido garantiria gordos bônus ao titular da pasta. As empresas estabelecem suas participações de acordo com uma faixa de metas. A meta máxima garante a premiação mais elevada, mas a proximidade dela também assegura recompensas.


A inclusão dos números apresentados após o prazo teria como motivo, segundo a imprensa, corresponder à meta de 2,5 milhões de empregos anunciada pelo governo. Ao incluí-los, o governo errou, pois os 2,1 bilhões já eram um número impressionante e seria correto afirmar que a meta seria atingida com a divulgação posterior da Rais, cujos números extras de empregos já eram conhecidos. Poderia haver uma má vontade da mídia, afirmando que o governo não atingiu a meta de empregos prometida, mas diante do impacto do recorde e da certeza de que a Rais chegaria ao volume anunciado ficaria mais difícil fazer a crítica.


Com a antecipação de números entregues após o prazo, o governo abriu brecha para crítica que buscou reduzir a importância do melhor resultado da história. O número de empregos criados no último ano do governo Lula foi o maior de toda a sua gestão e coroou a criação de 15 milhões de postos de trabalho em oito anos. Em período semelhante, o governo de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, criou apenas um terço disso, dado comparativo que não estava na matéria e nos gráficos de O Globo.


O episódio revela uma vez mais a má vontade da imprensa com um governo que terminou com os mais altos índices de popularidade da história e resultados que orgulham a maior parte da população. Fato que os atuais governantes sabem muito bem e só alimentam quando alteram metodologias à última hora, mesmo que a mudança não distorça a realidade.


Mair Pena Neto, Direto da Redação


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