Em dez dias, Dilma mostra estilo discreto
Valor Econômico - 12/01/2011
Há dez dias no cargo, a presidente Dilma Rousseff mostra um estilo de governar inteiramente distinto do de seu antecessor. Chega mais tarde que Lula ao Planalto, entre 9h e 9h30, e sai mais tarde, por volta das 21h30 ou 22h. Começa reuniões religiosamente no horário e não tolera atrasos.
Há dez dias no cargo, a presidente Dilma Rousseff começa a mostrar um estilo de governar inteiramente distinto ao de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. A começar pelos horários. Dilma chega um pouco mais tarde que Lula ao Palácio do Planalto - entre 9h e 9h30 -, mas, geralmente, sai mais tarde - em média, entre 21h30 e 22h. Ao contrário do ex-presidente, começa as reuniões no horário e não tolera atrasos.
Valor Econômico - 12/01/2011
Há dez dias no cargo, a presidente Dilma Rousseff mostra um estilo de governar inteiramente distinto do de seu antecessor. Chega mais tarde que Lula ao Planalto, entre 9h e 9h30, e sai mais tarde, por volta das 21h30 ou 22h. Começa reuniões religiosamente no horário e não tolera atrasos.
Há dez dias no cargo, a presidente Dilma Rousseff começa a mostrar um estilo de governar inteiramente distinto ao de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. A começar pelos horários. Dilma chega um pouco mais tarde que Lula ao Palácio do Planalto - entre 9h e 9h30 -, mas, geralmente, sai mais tarde - em média, entre 21h30 e 22h. Ao contrário do ex-presidente, começa as reuniões no horário e não tolera atrasos.
Em apenas uma semana e meia, a presidente demonstrou estar muito à vontade no cargo. Seu interesse pela gestão é primordial. Ontem, ela decidiu de última hora participar de uma reunião interministerial, na Casa Civil, agendada para debater o problema da dengue. Ao chegar lá, solicitou, como é de praxe em seus encontros com ministros, um diagnóstico detalhado da situação da doença em todo o país. Depois, cobrou ações, fez raciocínios junto com os presentes e tomou uma decisão: propor um pacto contra a dengue aos Estados mais afetados pela epidemia.
Também diferentemente do ex-presidente Lula, Dilma é discreta. Nestas duas primeiras semanas de gestão, evitou o tipo de exposição pública permanente que seu antecessor adorava ter. Em oito anos de mandato, foi difícil ver Lula um dia sequer sem fazer discursos em algum lugar. "Dilma já desceu do palanque e não vai subir mais", revelou um colaborador.
A presidente discursará pouco, dará entrevistas menos ainda, mas vai conversar com grupos pequenos de jornalistas, em caráter informal, para estabelecer uma comunicação permanente e que lhe permita dialogar com a sociedade. Dilma gosta de discrição e austeridade, e nestes dez dias demonstrou que o estilo "low profile" da transição não era apenas para evitar fazer sombra a Lula enquanto ele ainda estava no poder, mas também seu estilo de executiva total.
Dilma gosta de trabalhar com planejamento. Sua rotina é metódica. Ainda vivendo na Granja do Torto - o Palácio da Alvorada só a receberá e à sua mãe e uma tia depois de passar por uma pintura -, ela acorda às 6h30, caminha na esteira por 45 minutos, lê os jornais e só depois se dirige ao Planalto.
No gabinete, antes de mais nada, a presidente se reúne com um auxiliar direto - Gilles Carriconde Azevedo (chefe de gabinete) - e os chamados ministros da Casa - Antonio Palocci (chefe da Casa Civil), o general José Elito Carvalho Siqueira (Gabinete de Segurança Institucional) e Helena Chagas (Comunicação). Nesse momento, recebe um briefing completo de cada um sobre suas respectivas áreas de atuação.
Por enquanto, a agenda diária da presidente está repleta de encontros com ministros. Não apareceram ainda empresários, banqueiros e personalidades. Praticamente todas as reuniões são acompanhadas por Palocci. O ministro que mais tem ido conversar com ela é o da Fazenda, Guido Mantega. Outro que sempre aparece, muitas vezes sem avisar, é José Eduardo Cardozo, titular da Justiça.
O principal assunto tratado pela presidente até agora foi, do ponto de vista político, a relação com o PMDB. Do ponto de vista administrativo, a tarefa essencial foi estruturar a forma de trabalhar com os ministros, de conduzir o governo.
A presidente pretende evitar viagens em excesso. Sua agenda internacional é modesta perto do estilo "globetrotter" de Lula, embora tenha propósitos claros. Neste primeiro semestre, ela vai à Argentina e ao Uruguai para mostrar a prioridade que a América do Sul terá em sua política externa. Depois, irá ao Peru para participar da Cúpula América do Sul - Países Árabes.
Mais adiante, Dilma visitará os Estados Unidos com o propósito de se aproximar do presidente Barack Obama, com quem Lula não desenvolveu uma boa relação, e, desta forma, fortalecer uma parceria tradicional da política externa brasileira. Depois, visitará a China para participar da reunião dos Brics, o grupo de países emergentes do qual também fazem parte Índia e Rússia. Antes de iniciar, portanto, o chamado diálogo Sul-Sul, ela vai se avistar com os americanos.
A presidente não deve ir a Davos, na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial, como fez Lula em seu primeiro mês de Presidência. Julga que, ao contrário do ex-presidente, não tem a necessidade de ir àquele fórum porque, agora, o Brasil não está em crise. Ela não fechou totalmente a possibilidade dessa viagem, mas a tendência é ficar em Brasília.
Dilma pretende, também, cumprir as promessas e as expectativas que criou na campanha eleitoral e no período de transição. Nestes primeiros dias de gestão, deu indicações, por exemplo, de que pretende respeitar a autonomia operacional conferida ao Banco Central. Ao contrário de alguns rumores, ela não opinou sobre as medidas cambiais anunciadas por Alexandre Tombini, presidente da instituição. "São medidas do BC. Ponto", observou um auxiliar.
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