domingo, 16 de janeiro de 2011

Tragédia mostra o preço de não escutar a natureza



Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Por Leonardo Boff, no blog Viomundo


O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.

Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrário, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.

Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.

Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam.

Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. Chico Mendes, com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre, sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens.

Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.

No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles.

Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.

Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

* Leonardo Boff é filósofo e teólogo

8 comentários:

Anônimo disse...

As enchentes e os deslizamentos são produtos do capitalismo, é claro.
A era glacial, igualmente, é fruto do capitalismo.
A movimentação das placas tectônicas ocorrem por culpa dos Estados Unidos (talvez com a conivência do Fernando Henrique).
Já as enchentes na China, o desastre de Chernobyl, os tremores de terra no Cambodja estes fenômenos são culpa da Rede Globo.


Esquerdinha

Anônimo disse...

E o aquecimento global(baita bobagem) é cupa do Serra e da Yeda!

VERA disse...

Esqueceu de falar sobre as mais de dez cidades paulistas que estão debaixo d'água, das pessoas que morreram ou perderam tudo nas enchentes e nos desmoronamentos, graças à incompetência da tucanalha-demoníaca que desgoverna Sumpaulo há quase trinta anos!!!

Anônimo disse...

Confesso que, diante da catástrofe apocalíptica do Rio de Janeiro da tróica Lula, Cabral e Dilma, que é algo nunca visto antes na história deste país, eu, Vera "PETRALHA DEMO-TUNGANONA DA SILVA", me sinto até envergonhada de "falar sobre as mais de dez cidades paulistas que estão debaixo d'água, das pessoas que morreram ou perderam tudo nas enchentes e nos desmoronamentos, graças à incompetência da tucanalha-demoníaca que nos ajudou a desgovernar o Brasil nesses oito anos"!!!

VERA disse...

A criminosa direitalha, da qual a tucanalha-demoníaca faz parte, que desgovernou o Brasil por 500 anos, são os verdadeiros responsáveis pela desgraceira no RJ e em SP, já que permitiram que ricos e pobres construíssem suas casas nas encostas e às margens dos rios, mas, como além de INCOMPETENTES, também são COVARDES, ttentam jogar suas responsabilidades nas costas dos outros! Ainda bem que o povo não é bobo e continuará a dar a resposta nas urnas para esses BUNDÕES!!!

Anônimo disse...

A criminosa direitalha, da qual a tucanalha-demoníaca faz parte, que desgovernou o Brasil por 500 anos, são os verdadeiros responsáveis pela desgraceira no RJ e em SP, já que permitiram que o catastrófico desgoverno Lula da Silva continuasse depois da monumental lambança que fez em 2005! Mas, como além de INCOMPETENTES, também são COVARDES, tentam jogar suas responsabilidades nas costas dos outros, dizendo que o povo preferiu votar na "governAnta" do Lula! Ainda bem que o povo não é bobo e continuará a dar a resposta nas urnas para esses BUNDÕES!!!

Anônimo disse...

A tragédia do Rio - algo "nunca visto antes na história deste país" (mais de 700 mortos, podendo chegar a 1500 ou mais!) - fez justiça ao desgoverno Lula, ao sepultá-lo com a mesma matéria com que ele cobriu o Brasil: lama.

VERA disse...

Quem cobriu e ainda cobre o Brasil de "lama" é a direitalha da qual a tucanalha-demoníaca faz parte! Desgovernaram o Brasil durante 500 anos, permitindo que os 1500 morressem no RJ, e que 24 (por enquanto) morram em SP, só em 2011! Em vez de impedir que construíssem suas casas nas encostas, só privatizavam e enviavam as propinas a paraísos fiscais! Haja vista, as notícias de ontem e de hoje, dizendo que um banqueiro suíço entregou a Assange os nomes dos tunganos que receberam propinas e os ingleses dizenod que os tunganos receberam mais de 120 milhões de DÓLARES de propina da ALSTOM! Este é que é o VERDADEIRO MAR DE LAMA, seus ASSASSINOS!!!