Boa parte das medidas de contenção anunciadas pelo governador atinge áreas em que Serra preferiu investir
Nara Alves, iG São Paulo
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O tema da austeridade fiscal tem guiado o discurso do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aos secretários, assessores e servidores do Estado neste início de gestão. Boa parte dos cortes anunciados, entretanto, atinge áreas em que o ex-governador José Serra decidiu investir, embora o atual governador negue que as medidas sejam sinal de descontinuidade. Somados, os cortes chegam a R$ 386,3 milhões. Sem contar os R$ 1,259 bilhão contingenciados da área de investimentos e R$ 26 milhões que serão realocados.
Além da revisão de todos os contratos do governo Serra – com o objetivo de economizar R$ 315 milhões em custeio –, Alckmin irá vender o avião utilizado no governo anterior, desalugar prédios em regiões nobres da capital paulista e vender um imóvel recém-reformado por Serra. Em contrapartida, deverá comprar prédios mais baratos no centro da cidade para abrigar secretarias e economizar em alguéis.
A aeronave chegou a ser vendida em 2006, na gestão Alckmin-Cláudio Lembo. O jato havia sido incorporado ao patrimônio da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), privatizada naquele ano, mas Serra pediu que o avião fosse devolvido ao Estado, oferecendo em troca uma linha de transmissão que interessava à compradora da empresa. Com a venda definitiva do jato utilizado por Serra durante seu mandato, o governo estadual pode arrecadar R$ 1,1 milhão.
O governador pretende, também, vender um edifício da Secretaria de Planejamento de 10 mil metros quadrados na Rua Iguatemi, no Itaim Bibi, zona sul da capital paulista. Na gestão anterior, Serra decidiu investir R$ 18,9 milhões em reformas no local. Como no bairro o metro quadrado construído é cotado a R$ 8 mil, um dos mais caros da cidade, o Estado pode faturar algo em torno de R$ 80 milhões com a venda do imóvel. Já no centro, um edifício com a mesma área sairia por cerca de R$ 38 milhões. Uma diferença de R$ 48 milhões.
Durante as obras no prédio da secretaria, os funcionários foram transferidos para dois edifícios alugados no Jardim Paulista. O gasto com aluguel pelos 48 meses de contrato é de R$ 11,4 milhões pelo prédio na Alameda Jaú e outros R$ 16,8 milhões pelo edifício na Alameda Santos. A mudança para prédios no centro antigo da cidade resultará em uma economia de R$ 28,2 milhões em aluguéis.
Transferência de verbas
Alckmin irá diminuir pela metade a equipe que fazia a segurança do Palácio dos Bandeirantes na gestão Serra. A redução de 300 para 150 policiais representa uma economia para a sede do governo de cerca de R$ 125 mil por mês. Isso não significa, no entanto, economia para os cofres do Estado, uma vez que os servidores não serão exonerados, mas sim transferidos para as ruas. Em quatro anos de mandato, significaria uma redução de R$ 6 milhões.
Outra verba que será realocada é a da Secretaria de Comunicação. Alckmin tirou R$ 20 milhões da pasta e destinou o montante para o desassoreamento do Rio Tietê. Além disso, deverá transformar em sub-secretaria, o que deve diminuir ainda mais os custos da área.
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