Uma marcha de abertura, marcada para as 13 horas deste domingo (06), dá início às atividades de mais uma edição do Fórum Social Mundial (FSM), que este ano se realiza em Dacar, no Senegal — país da África Ocidental. Dacar é a capital senegalesa e abriga cerca de 2,6 milhões de habitantes. Durante os seis dias do FSM, deverão passar por lá representantes e organizações de 123 países.
Com presença já confirmada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve comparecer acompanhado do ex-ministro Luiz Dulci e do ex-presidente do Sebrae Paulo Okamotto. Lula é esperado para participar, na segunda-feira (07), junto com o presidente do Senegal, Abdou Layewade, do painel A África na Geopolítica Mundial, prevista para se iniciar às 12h30min e se estender até as 15h30min. Está confirmada também a presença de Evo Morales, presidente da Bolívia.
Temas como desigualdades, pobreza, discriminações, guerras e a ascensão de novos países à condição de potências mundiais vão conduzir os debates a respeito da crise. Também vão estar na pauta questões referentes à ecologia (como as mudanças climáticas e a ameaça de esgotamento das fontes naturais) e à ideologia — envolvendo, particularmente, segurança pública, liberdades, democracia e cultura, além de ciência e modernidade.
A situação da África no contexto mundial estará sempre no centro das reflexões, considerando a ideia de que ela não é pobre, e sim empobrecida. E de que também não é marginalizada, mas explorada. Essa análise é feita por Gustave Massiah, membro do Research and Information Center for Development (CRID), da França, e integrante do Conselho Internacional do FSM. Mas se a África é usurpada, ele não deixa de reconhecer, também, que existe uma “cumplicidade ativa” de uma parcela dos dirigentes de estados africanos para que a cobiça de países ricos ou emergentes pelas matérias-primas e pelos recursos naturais e humanos do continente seja satisfeita.
Outras questões a serem levadas ao Fórum são a crise da hegemonia norte-americana e do neoliberalismo e a descolonização como um processo histórico ainda por ser concluído. A programação reserva espaço, ainda, a debates sobre as migrações como fator decorrente da globalização.
Construção da solidariedade
O ex-governador Olívio Dutra, que estava à frente do Executivo gaúcho nas duas primeiras edições do FSM, avalia o evento como um processo de construção da solidariedade, da igualdade, da justiça e da democracia. Afirma que ainda há um enorme desafio pela frente, mas que o Fórum já se firmou como espaço de articulação da esperança de evolução para um mundo em que as decisões não sejam tomadas apenas pelos países mais fortes, por dominação.
“Todos devem influir nas decisões. E o Fórum Social Mundial, embora não seja um organismo formal, deve ser ouvido pelos organismos formais, como instância de representação no combate à miséria, à exploração, à guerra e à fome”, diz o ex-governador. Ele acredita que a força do FSM já pôde ser sentida no Fórum Econômico Mundial (FEM), que reúne anualmente em Davos, na Suíça, os principais líderes empresariais e políticos.
O Rio Grande em Dacar
A representação gaúcha que estará em Dacar a partir de segunda-feira vai participar do FSM com dois propósitos principais: confirmar a determinação de atuar na organização da edição descentralizada prevista para o FSM no ano que vem e tentar atrair o Fórum novamente para Porto Alegre em 2013. “Não será uma conquista simples, porque também concorrem como sedes a Europa e a China”, diz o assessor de Relações Internacionais do Governo do Estado, Tarson Nuñez, que vai participar em companhia do secretário estadual adjunto da Cultura, Jeferson Assunção.
Pesam a favor do Rio Grande do Sul, na opinião de Nuñez, o fato de os governos europeus serem mais conservadores e de os movimentos sociais não terem tanta força nos países da Europa, o que ocorre também com a China. Serão encaminhadas pela representação gaúcha manifestações de um grande número de segmentos governamentais e não-governamentais em prol da realização do FSM no Estado daqui a dois anos.
Nuñez defende que o FSM não deve mais ser somente um ambiente de debates, mas se transformar em uma dinâmica permanente de intercâmbio entre as nações participantes. “Deve haver um processo continuado, que não se esgote naqueles momentos de discussões, mas que expanda os seus efeitos de forma perene e propositiva”, afirma. É disso, na opinião dele, que poderá resultar o aprofundamento da reflexão sobre o modelo de desenvolvimento desejado pela humanidade. “Precisamos definir um paradigma desse modelo”, ressalta. Nuñez acrescenta que o FSM também já não deve mais estar preocupado apenas em criticar o sistema vigente, mas em formular um sistema alternativo.
Histórico
O primeiro FSM ocorreu em janeiro de 2001, em Porto Alegre. Participaram cerca de 20 mil pessoas. Realizada novamente na capital gaúcha, em 2003, a segunda edição atraiu mais de 50 mil pessoas. No ano seguinte, Porto Alegre recebeu em torno de 100 mil pessoas do mundo inteiro para o evento.
Em 2004, o Fórum foi promovido pela primeira vez fora do Brasil, por decisão de seu Conselho Internacional de fazer dele um evento internacionalizado. A cidade escolhida, naquele ano, foi Mumbai, na Índia. Em 2005, o FSM retornou para Porto Alegre. Já em 2006, teve uma edição descentralizada, com programações em Bamako (África), Caracas (Venezuela) e Karachi (Paquistão). O de 2007 ocorreu em Nairóbi (Quênia) e, em 2008, o Conselho Internacional decidiu que haveria não um fórum nos moldes anteriores, mas uma semana de mobilização e ação global, que culminou com o Dia de Visibilidade Mundial, em 26 de janeiro.
Belém, a capital do Pará, foi sede da nona edição, em 2009, quando participaram cerca de 120 mil pessoas de 150 países. E em 2010, houve novamente um fórum descentralizado, com programação desenvolvida ao longo do ano em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. No Rio Grande do Sul, o FSM teve atividades em Porto Alegre, Canoas e Santa Maria. Fonte:Sul21
Com presença já confirmada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve comparecer acompanhado do ex-ministro Luiz Dulci e do ex-presidente do Sebrae Paulo Okamotto. Lula é esperado para participar, na segunda-feira (07), junto com o presidente do Senegal, Abdou Layewade, do painel A África na Geopolítica Mundial, prevista para se iniciar às 12h30min e se estender até as 15h30min. Está confirmada também a presença de Evo Morales, presidente da Bolívia.
Temas como desigualdades, pobreza, discriminações, guerras e a ascensão de novos países à condição de potências mundiais vão conduzir os debates a respeito da crise. Também vão estar na pauta questões referentes à ecologia (como as mudanças climáticas e a ameaça de esgotamento das fontes naturais) e à ideologia — envolvendo, particularmente, segurança pública, liberdades, democracia e cultura, além de ciência e modernidade.
A situação da África no contexto mundial estará sempre no centro das reflexões, considerando a ideia de que ela não é pobre, e sim empobrecida. E de que também não é marginalizada, mas explorada. Essa análise é feita por Gustave Massiah, membro do Research and Information Center for Development (CRID), da França, e integrante do Conselho Internacional do FSM. Mas se a África é usurpada, ele não deixa de reconhecer, também, que existe uma “cumplicidade ativa” de uma parcela dos dirigentes de estados africanos para que a cobiça de países ricos ou emergentes pelas matérias-primas e pelos recursos naturais e humanos do continente seja satisfeita.
Outras questões a serem levadas ao Fórum são a crise da hegemonia norte-americana e do neoliberalismo e a descolonização como um processo histórico ainda por ser concluído. A programação reserva espaço, ainda, a debates sobre as migrações como fator decorrente da globalização.
Construção da solidariedade
O ex-governador Olívio Dutra, que estava à frente do Executivo gaúcho nas duas primeiras edições do FSM, avalia o evento como um processo de construção da solidariedade, da igualdade, da justiça e da democracia. Afirma que ainda há um enorme desafio pela frente, mas que o Fórum já se firmou como espaço de articulação da esperança de evolução para um mundo em que as decisões não sejam tomadas apenas pelos países mais fortes, por dominação.
“Todos devem influir nas decisões. E o Fórum Social Mundial, embora não seja um organismo formal, deve ser ouvido pelos organismos formais, como instância de representação no combate à miséria, à exploração, à guerra e à fome”, diz o ex-governador. Ele acredita que a força do FSM já pôde ser sentida no Fórum Econômico Mundial (FEM), que reúne anualmente em Davos, na Suíça, os principais líderes empresariais e políticos.
O Rio Grande em Dacar
A representação gaúcha que estará em Dacar a partir de segunda-feira vai participar do FSM com dois propósitos principais: confirmar a determinação de atuar na organização da edição descentralizada prevista para o FSM no ano que vem e tentar atrair o Fórum novamente para Porto Alegre em 2013. “Não será uma conquista simples, porque também concorrem como sedes a Europa e a China”, diz o assessor de Relações Internacionais do Governo do Estado, Tarson Nuñez, que vai participar em companhia do secretário estadual adjunto da Cultura, Jeferson Assunção.
Pesam a favor do Rio Grande do Sul, na opinião de Nuñez, o fato de os governos europeus serem mais conservadores e de os movimentos sociais não terem tanta força nos países da Europa, o que ocorre também com a China. Serão encaminhadas pela representação gaúcha manifestações de um grande número de segmentos governamentais e não-governamentais em prol da realização do FSM no Estado daqui a dois anos.
Nuñez defende que o FSM não deve mais ser somente um ambiente de debates, mas se transformar em uma dinâmica permanente de intercâmbio entre as nações participantes. “Deve haver um processo continuado, que não se esgote naqueles momentos de discussões, mas que expanda os seus efeitos de forma perene e propositiva”, afirma. É disso, na opinião dele, que poderá resultar o aprofundamento da reflexão sobre o modelo de desenvolvimento desejado pela humanidade. “Precisamos definir um paradigma desse modelo”, ressalta. Nuñez acrescenta que o FSM também já não deve mais estar preocupado apenas em criticar o sistema vigente, mas em formular um sistema alternativo.
Histórico
O primeiro FSM ocorreu em janeiro de 2001, em Porto Alegre. Participaram cerca de 20 mil pessoas. Realizada novamente na capital gaúcha, em 2003, a segunda edição atraiu mais de 50 mil pessoas. No ano seguinte, Porto Alegre recebeu em torno de 100 mil pessoas do mundo inteiro para o evento.
Em 2004, o Fórum foi promovido pela primeira vez fora do Brasil, por decisão de seu Conselho Internacional de fazer dele um evento internacionalizado. A cidade escolhida, naquele ano, foi Mumbai, na Índia. Em 2005, o FSM retornou para Porto Alegre. Já em 2006, teve uma edição descentralizada, com programações em Bamako (África), Caracas (Venezuela) e Karachi (Paquistão). O de 2007 ocorreu em Nairóbi (Quênia) e, em 2008, o Conselho Internacional decidiu que haveria não um fórum nos moldes anteriores, mas uma semana de mobilização e ação global, que culminou com o Dia de Visibilidade Mundial, em 26 de janeiro.
Belém, a capital do Pará, foi sede da nona edição, em 2009, quando participaram cerca de 120 mil pessoas de 150 países. E em 2010, houve novamente um fórum descentralizado, com programação desenvolvida ao longo do ano em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. No Rio Grande do Sul, o FSM teve atividades em Porto Alegre, Canoas e Santa Maria. Fonte:Sul21
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