EXCLUSIVO
Matéria publicada pelo jornal "O Estado de São Paulo", no final de semana passado, revelou que durante o ano de 2013, ano não eleitoral, mas que coincidiu com o lançamento da pré-campanha do ex-governador de Pernambuco à Presidência da República, o PSB recebeu um reforço considerável de doações de empresas para seus cofres, num total de R$ 8,3 milhões. O fato de as doações empresariais terem se dado em ano não eleitoral chamou a atenção do Estadão em razão de que o mesmo levantamento feito nos anos de 2009 e 2011, anos em que também não houve eleições, as doações de empresas para o PSB foram iguais a zero.
A empresa que mais doou para o PSB foi uma empreiteira com sede no Paraná, a Construtora Triunfo S/A, que, segundo o Estadão, em informação confirmada pela prestação de contas do Partido junto ao TSE, doou, sozinha, ao Partido do pré-candidato à presidência, Eduardo Campos, em 2013, nada menos que R$ 1,5 milhão.
Por curiosidade, verificamos também se a mesma empreiteira havia feito doações em 2012, ano de eleição, e descobrimos que a Triunfo doou, em 2012, para o PSB, a quantia de R$ 1 milhão. O que causa estranheza é que essa construtora tenha doado, em 2012, para o PSB, um valor superior àquele que declarou, em seu Balanço Anual, ter sido seu lucro ajustado para aquele ano, que, segundo a Revista Exame, foi de US$ 0,3 milhão, portanto, inferior ao valor doado (http://exame.abril.com.br/negocios/melhores-e-maiores/empresas/ficha/construtora-triunfo/2012).
Outro elemento muito intrigante do Balanço da Triunfo diz respeito a uma informação sobre um adiantamento que teria sido feito pela CHESF e pela Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A, em 28 de agosto de 2013, no valor de R$ 49 milhões, referente à assinatura de um pré-contrato para a implantação da Usina Hidrelétrica SINOP, no Mato Grosso, cujo valor total do empreendimento é de R$ 1,124 bilhão.
À época da assinatura do pré-contrato e, portanto, do adiantamento de R$ 49 milhões, dos quais, segundo o próprio Balanço da Triunfo, R$ 24, 3 milhões foram feitos pela CHESF, o presidente da Companhia era João Bosco de Almeida, indicado para o cargo por Eduardo Campos, na cota do PSB e de quem havia sido secretário de Recursos Hídricos no governo de Pernambuco e que só deixou a direção da CHESF em outubro passado, com a ruptura de Eduardo Campos, com o governo Dilma.
Mas o que causa espécie nesse adiantamento de quase R$ 50 milhões referentes à implantação da UHE Sinop, mediante um pré-contrato, é o fato de que a obra só foi licenciada em 2014 e, segundo o G1, no último dia 07 de abril, a Justiça Federal no Mato Grosso, a pedido do MPF, chegou a suspender a licença de instalação da Usina Hidrelétrica de Sinop, porque a Companhia Energética Sinop S/A, responsável pela construção e operação da usina, não apresentou projeto de reassentamento para as famílias afetadas pelo empreendimento, entre outras ações que deveriam ter sido cumpridas para a emissão da licença em questão:
“As condicionantes são medidas a serem cumpridas previamente. Sem o cumprimento delas, a expedição da licença é ato ilegítimo. O que admira é que o órgão ambiental que fez as exigências é o mesmo que expede a licença depois de verificar que as exigências que fez não foram cumpridas”. O Juiz da 1ª Vara Federal de Sinop, Murilo Mendes, ainda afirmou que “A empresa está obrigada a apresentar projeto de reassentamento para os assentados. Perguntada se havia projeto, discursou, discursou e de importante disse ‘se propõe’ a apresentar o projeto até setembro de 2.014. Não há projeto, portanto. Nem sequer há data precisa para que seja feito o projeto que se comprometeu a fazer. Há apenas uma manifestação de boa vontade!”. Ou seja, a Chesf, ainda sob o comando do PSB, liberou, juntamente com a Centrais Elétricas do Norte do Brasil, para a Construtora Triunfo, R$ 49 milhões por um pré-contrato que, segundo a Justiça Federal do Mato Grosso e o MPF, sequer possui projeto que autoriza seu licenciamento ambiental, por falta de cumprimento das condicionantes respectivas.
Mas a Construtora Triunfo é velha conhecida de políticos e gestores ligados ao PSB, pois quando o deputado federal Beto Albuquerque foi secretário de Infraestrutura e Logística do Rio Grande do Sul também fechou contrato com essa empresa para reparo e construções de estradas em seu estado, como foi o caso da duplicação, em 2011, da ERS 118, ao custo de R$ 10 milhões (http://www.betoalbuquerque.com.br/geral/construtora-triunfo-intensifica-obras-de-duplicacao-na-ers-118/).
Ainda em 2011, a Triunfo ganhou uma Concorrência da Secretária de Recursos Hídricos de Pernambuco, justamente a secretaria que fora comandada por João Bosco de Almeida, antes de ser indicado por Eduardo Campos para dirigir a CHESF. O valor total desse contrato, conforme publicação do Termo de Homologação do Resultado da Licitação foi de R$ 246 milhões.
Página 153 • Seção 3 • 25/01/2012 • DOU SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS AVISO DE HOMOLOGAÇÃO E ADJUDICAÇÃO CONCORRÊNCIA N 6/2011 HOMOLOGO nos termos do Relatório da CEL/OSE/SRHE, a licitação referente ao Processo Administrativo 028/2011 - CONCORRÊNCIA Nº 006/2011: contratação de empresa para Construção da Barragem Serro Azul, localizada no município de Palmares, na Bacia Hidrográfica do Rio Una/PE, e ADJUDICO os serviços ao Consórcio vencedor do certame: CMT/TRIUNFO, formado pelas empresas CMT ENGENHARIA LTDA e CONSTRUTORA TRIUNFO S.A., no valor global de R$ 246.007.780,35 (duzentos e quarenta e seis milhões, sete mil, setecentos e oitenta reais e trinta e cinco centavos). Recife, 23 de janeiro de 2012. JOSÉ ALMIR CIRILO Secretário
Em 2001, a Triunfo foi alvo de reportagem da Revista Istoé, sob o Título "Caixinha Preta", em que gravações revelavam que a empreiteira estava sendo acusada de participar de esquemas de propinas no estado de Goiás, envolvendo lobistas e a arrecadação de fundos para campanhas de política daquele Estado. Segundo a reportagem, a Triunfo teria sido subcontratada pela Queiroz Galvão.
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