domingo, 25 de maio de 2014

Corrida eleitoral à Presidência repete média de 2002, 2006 e 2010

A retórica da oposição e da mídia de oposição vem tentando apresentar a corrida eleitoral à Presidência da República de 2014 como diferente das anteriores, supostamente devido a maiores chances que teriam, desta vez, os candidatos oposicionistas. Todavia, não é o que mostra um breve olhar sobre o que ocorreu em maio, por exemplo, em pleitos anteriores.
O gráfico abaixo reproduz todas as pesquisas que foram feitas no mês de maio em 2002, 2006 e 2010. Calcula a média dos números das pesquisas de cada candidato naquele mês de cada um daqueles anos e, por fim, calcula a média dos meses de maio naqueles três anos eleitorais. Confira abaixo.


Em primeiro lugar, 2014 repete o quadro de candidatos competitivos das três eleições presidenciais anteriores. Em 2006 e 2010, concorreram um petista, um tucano e um candidato alternativo, ficando o petista em primeiro, o tucano em segundo e o alternativo em terceiro. A exceção foi em 2002, quando houve dois candidatos alternativos, Garotinho e Ciro Gomes.
Em 2002, no primeiro turno, Lula e Serra venceram Garotinho e Ciro; em 2006, Lula e Alckmin venceram Heloísa Helena; em 2010, Dilma e Serra venceram Marina. A polarização PT versus PSDB continua em 2014. Ao menos até aqui.
Em maio de 2002, por haver dois candidatos alternativos a média das pesquisas difere um pouco da de 2014, mas muito pouco. O petista da vez tinha os mesmos 40% de intenções de voto que Dilma tem hoje. O tucano tem um pouco menos, 16%, mas devido à pulverização da candidatura alternativa (Garotinho e Ciro, que ficaram com 14% e 11%, respectivamente).
Em maio de 2006, o quadro assemelhava-se bem mais ao de 2014. Lula tinha apenas 5 pontos percentuais a mais (45%) do que Dilma na última pesquisa Ibope (40%), mas Alckmin tinha os mesmos 20% que Aécio e Heloísa Helena (6,5%) um pouco menos do que Eduardo Campos (11%).
Em maio de 2010, os tucanos tiveram a melhor chance do século XXI. Em média, Dilma (36%) e Serra (34%) estavam tecnicamente empatados e Marina (10%) tinha praticamente o mesmo tamanho que Eduardo Campos tem hoje.
Contudo, Dilma padecia do alto grau de desconhecimento de sua candidatura, muito maior do que de Aécio e Eduardo, que têm longas histórias políticas e foram, ambos, governadores de Estados, enquanto que Dilma jamais disputara uma eleição na vida. Dessa forma, o potencial de crescimento deles, conforme se tornarem mais conhecidos, é muito menor do que o de Dilma em 2010.
Mas o que impressiona mesmo é a média das três últimas eleições presidenciais nos meses de maio. O candidato petista da vez tem 40,53% (no último Ibope tem 40%, dentro da média), o candidato tucano tem 23,65% (no último Ibope tem 20%, abaixo da média) e o candidato “alternativo” tem 9,73% (no último Ibope tem 11%, acima da média).
A rigor, não está acontecendo absolutamente nada de tão diferente nesta eleição. Pelo menos até aqui. O único fato novo, até o momento, é o dado de que a maioria dos eleitores quer mudanças na forma de governar o país. Contudo, a maioria dos que querem mudanças enxerga em Lula ou Dilma a maior capacidade para promovê-las.
Não parece existir tanta razão, portanto, para a oposição que a mídia apoia estar tão animada. Vem à mente, pois, frase que intitula a que talvez seja a mais hilariante comédia de Willian Shakespeare: “Muito barulho por nada”. Nem a retórica de que “desta vez, vai” é nova. Em 2006 e em 2010, mídia e oposição diziam a mesma coisa. Deu no que deu.

Eduardo Guimarães

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