terça-feira, 6 de maio de 2014

Caiu a ficha! E Eduardo descobriu que o Brasil não é uma de suas paróquias


Por Noelia Brito
Tem sido comum assistirmos a cenas em que os pré-candidatos à presidência, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), trocam afagos e elogios numa quase aliança para que, minando a candidatura à reeleição da presidenta Dilma Rousseff, um dos dois vá ao segundo turno.
Mas eis que o problema está justamente aí. Apenas há vaga para que um dos dois, Aécio ou Eduardo, vá disputar com Dilma num eventual segundo turno porque é pouco crível que estando os dois no mesmo campo e defendendo as mesmas ideias, consigam eliminar Dilma da disputa já no primeiro turma, aliás, mesmo na pesquisa do instituto Sensus, cujos métodos foram questionados por todos os analistas políticos, ainda ali, Dilma aparece com leve margem de vitória no primeiro turno.
A pesquisa do Instituto Sensus, em parceria com a Revista IstoÉ, lançou um alerta para Eduardo Campos, pois ainda que se considere que houve manipulação em benefício do candidato Aécio, de modo a inflar sua candidatura na preferência do eleitorado, é exatamente essa manipulação que deve preocupar Eduardo, porque ficou claro que não foi ele o escolhido, apesar de todos os seus esforços nos ataques massivos contra a presidenta Dilma, para enfrentá-la num eventual segundo turno.
E por que Eduardo não foi o escolhido? A partir do discurso que o candidato Eduardo tem propagado, é possível perceber o quanto sua candidatura é frágil. Já apontamos algumas dessas fragilidades aqui e a própria imprensa do Sudeste não tem poupado Eduardo, quando resolve confrontar seu discurso com suas práticas como gestor e principalmente como político.
Depois de algum tempo, observado as contradições entre o discurso e a prática de Eduardo, que apesar de ser conhecido em Pernambuco até “ditador”, em alcunha que lhe foi carinhosamente conferida pelos jovens, vítimas da repressão policial durante seu governo, passou a se autoproclamar como o porta-voz da “Nova Política”, que contraditoriamente, defende a política feita de forma horizontal, sem personalismo e onde o clientelismo e as velhas raposas da política não são bem vindas, impossível não identificar Eduardo, como mais um político fanfarrão, uma caricatura dessas que o marketing político tradicional cria, ao pior estilo da mais ultrapassada das raposas que ele tanto afirma rejeitar.
Eduardo demonstra um desrespeito à inteligência e ao bom senso do eleitorado, que chega a assustar. Em tempos de internet, onde a tecnologia 2G alcança todos os municípios brasileiros e é acessada através de 159,7 milhões de celulares e onde a tecnologia 3G chega a 3.473 municípios, onde vive 90% da população nacional e já é acessada através de 94,8 milhões de celulares, um político que tenha pretensões presidenciais não pode fazer política como se estivesse falando para postes e autômatos, que não têm como checar se o candidato está ou não falando a verdade ou debochando da cara do eleitor.
Nem bem Eduardo afirmou em entrevista ao programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes, que em Pernambuco não existiam pacientes nos corredores dos hospitais, as redes sociais ficaram superlotadas de imagens reproduzindo o relatório feito no final do ano passado, como resultado de uma fiscalização do CREMEPE e do SIMEPE em vários hospitais do Estado, onde foram constatadas as condições degradantes em que não só os paciente, muitos alojados, sim, em corredores, mas os próprios profissionais de saúdes são tratados pelo governo de Pernambuco. O relatório na íntegra está nesse link: http://www.slideshare.net/slideshow/embed_code/28499402.
A imagem divulgada, ontem, do candidato Paulo Câmara, do PSB, escolhido por Eduardo Campos para sucedê-lo no governo de Pernambuco, comemorando a adesão de Mendonça Filho, Roberto Magalhães e Augusto Coutinho à sua campanha, não causa surpresa, mas não é condizente com o discurso de Eduardo de rechaço às velhas raposas da política, da mesma forma que Bornhausen e Heráclito Fortes também não podem ser considerados como raposinhas neófitas na vida política brasileira.
Não se sabe se todos esses equívocos são fruto de um péssimo assessoramento, de uma quase sabotagem daqueles que Eduardo escolheu para comandar seu marketing presidencial, ou se é fruto da própria falta de visão do personalista Eduardo por acreditar que poderia repetir numa campanha presidencial as mesmas artimanhas já utilizadas e, portanto, manjadas, que utilizou em suas campanhas paroquiais.
Noelia Brito é advogada e procuradora do Município do Recife

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