O candidato do PSB a presidente, recentemente declarou que, se eleito, definirá meta de 3% para a inflação, ajustará o preço dos combustíveis no Brasil aos preços externos e que dará independência ao Banco Central.
São todas medidas vistas com grande simpatia pelo chamado mercado e que o coloca afinado com o discurso tucano e empresarial. Para quem se diz representante do que denomina "nova política" é algo frustrante. Afinal, para quem abraça estas teses seria o caso de votar então no original tucano e não na sua cópia palomeira.
Senão, vejamos. O sistema de metas estabelece bandas que vai de 3,5% a 6,5% tendo 4,0% como centro. Esta faixa é menos uma definição teórica e mais uma constatação empírica dos economistas. Respeitando-se estes limites, entendem ser possível defender ao mesmo tempo o poder de compra das pessoas e trabalhar políticas de desenvolvimento sem gerar desequilíbrio no sistema de preços. Quanto mais baixa a inflação dentro desta faixa, mais tem de submeter-se às ações desenvolvimentistas, aos desígnios do arrocho fiscal e vice e versa, ou seja, a faixa superior da faixa concede ao gestor macroeconômico mais folga para promover gastos em infraestrutura de que tanto o Brasil precisa e em programas sociais, por exemplo. O palomeiro, ao cravar 3% como meta, vai ter que aumentar as taxas de juros e cortar gastos necessários à infraestrutura do País, para a felicidade do mercado financeiro, que adora arrocho monetário e juros altos, como sabemos.
A independência do Banco Central vai na mesma linha. É evidente que o Banco Central deve ter independência para fazer a defesa da moeda, mas também a defesa da economia, permitindo que o País se desenvolva. Mas esta independência tem que ser concedida pela decisão política de um governo legitimamente eleito, o que foi praticado por Lula e vem sendo por Dilma. Diferente disto é criar-se sistema aparentemente independente, com escolhas "técnicas" limpas e higienizadas da política. Até as formigas que circulam pelas paredes do Banco Central sabem que, se as escolhas ditas técnicas forem deixadas a mercê das tais livres forças do mercado, teremos uma gestão ultra-conservadora da nossa política monetária bem ao gosto do mercado financeiro e dos boys formados em conservadoras universidades estrangeiras.
Se formos para o caso dos combustíveis, temos aí mais um perigo à frente. A determinação dos preços dos combustíveis no País é matéria afeta ao campo da geopolítica de desenvolvimento nacional, matéria estratégica para a prática de nossa soberania política.
Esta política de preços não pode ser transformada em uma fórmula matemática a ser aplicada mecanicamente. Se fosse para ser assim, que se vendesse a Petrobras como tentou fazer FHC. Se fosse para ser assim, não teríamos tido a refinaria Abreu e Lima nem os estaleiros em Pernambuco e outros estados, senhor candidato. Pois tanto a decisão de ter novas refinarias e não importar refinados ou ampliar refinarias já existentes, quanto a decisão de construir petroleiros e plataformas contrariaram a racionalidade do que seria uma gestão privada da Petrobras mas foram atos soberanos do governo em defesa do interesse nacional.
O aumento da produção com o pré-sal e do refino com as novas refinarias poderão até recomendar preços mais baixos ainda no mercado interno. A manutenção de preços competitivos para o nosso álcool carburante é que é elemento que precisa ser sempre considerado nessa equação. Mas aí é outra história que não tem a ver com a lógica privada de abrir mão da definição nacional dos preços dos combustíveis, como prega o tucano, desculpe, o palomeiro.
Enfim, o PSB procura agradar o mercado, principalmente o financeiro enquanto o PT continua sendo o partido que, mesmo governando para todos, tem tido e continuará tendo seu compromisso maior com a brava gente brasileira, principalmente com aqueles que nunca tiveram vez antes.
Pedro Eugênio
Deputado Federal pelo PT/PE
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