quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Lula: Otavinho me via como “vira-lata” por eu não falar inglês


Ao lado da presidenciável Dilma Rousseff e do candidato ao governo sul-mato-grossense Zeca do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou, na noite desta terça-feira (24), os críticos que o viam como “cidadão de segunda classe ou verdadeiro vira-lata”. Em comício na capital Campo Grande (MS), Lula citou especialmente o publisher da Folha de S.Paulo, Otavio Frias Filho, vulgo Otavinho, como principal ícone desse preconceito de classe.


Ele contou para o público um episódio ocorrido em 19 de julho de 2002, durante a campanha presidencial, quando foi cobrado, em almoço na Folha, por não falar inglês. “Uma vez, me lembro como se fosse hoje, quando eu estava almoçando com a Folha de S.Paulo, o diretor da Folha de S.Paulo perguntou para mim: ‘O senhor fala em inglês? Como é que o senhor vai governar o Brasil se o senhor não fala inglês?’”, descreveu Lula.

“E eu falei para ele: ‘Alguém já perguntou se (o ex-presidente norte-americano) Bill Clinton fala português?’. Eles achavam que o Bill Clinton não tinha obrigação de falar português”, agregou Lula, sob efusivos aplausos do público. “Era eu o subalterno, o colonizado, que tinha que falar inglês, e não Bill Clinton o português.”

Lula recordou que, em protesto fez questão de interromper o almoço. “Houve uma hora em que eu fiquei chateado, me levantei da mesa e falei: ‘Eu não vim aqui para dar entrevista — eu vim aqui pra almoçar’. Levantei, parei o almoço e fui embora”, prosseguiu. “Quando terminou o meu mandato, Zeca, terminei sem precisar ter almoçado em nenhum jornal nem nenhuma televisão.”

Segundo o presidente, se dependesse da grande mídia, seu governo seria execrado pelo povo brasileiro. “Também nunca faltei com o respeito com a imprensa — e vocês sabem o que já fizeram comigo. Se dependesse de determinados meios de comunicação, eu teria zero na pesquisa, e não 80% de bom e ótimo, como temos nesse país.”

Lula afirmou que, a exemplo do que ocorreu com ele, também as mulheres são vistas no Brasil sob uma ótica preconceituosa. “É verdade que já perdi três eleições. Mas também é verdade que já ganhei duas e vamos ganhar a terceira, elegendo a Dilma.”

Da Redação Vermelho, com agências

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