terça-feira, 9 de setembro de 2014

Aécio e vice de Alckmin processam internautas

Democracia é isso aí. Eu quero que esses vagabundos me processem.

Aécio Neves e Márcio França

me processem.
Os candidatos Aécio Neves (PSDB), que disputa à presidência da República, e Márcio França (PSB), vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo de São Paulo, iniciaram batalha jurídica contra blogueiros e twitteiros. Os dois estão processando dezenas de pessoas que manifestaram opiniões negativas sobre Aécio e França nas redes sociais e teriam dirigido ofensas aos candidatos. O tucano entrou com um processo contra 66 twitteiros no fim de agosto. Em março, o advogado do PSB em São Vicente, Jefferson Teixeira, divulgou o nome de 32 pessoas também processadas por emitirem comentários "de forma ofensiva".
Aécio Neves acionou o Twitter na Justiça de São Paulo para descobrir dados cadastrais e registro eletrônico de 66 usuários do Twitter, apontados como parte de "rede virtual de disseminação de mentiras e ofensas", de acordo com reportagem do portal R7.  Segundo a ação, esses usuários seriam pagos para atacar candidatos e espalhar conteúdo negativo sobre ele. Foi solicitado que a ação corresse em segredo de Justiça, o que foi negado pelo juiz Helmer Augusto Toqueton Amaral, da 8ª Vara Cível de São Paulo, informou o portal. Segundo o juiz, "não se constata qualquer tipo de informação sigilosa que demandasse resguardo" e solicitou que o Twitter forneça as informações necessárias à Justiça, que analisará o conteúdo publicado por cada twitteiro.
Integrantes da lista de processados pelo PSDB chamaram a ação de censura. O cineasta Pablo Villaça publicou um texto com sua posição sobre o ocorrido. "Não creio que, como cidadão, eu esteja abusando de meus direitos ao abordar estes assuntos. Não enxergo, sinceramente, qualquer justificativa para que o senador, ex-governador e agora presidenciável recorra à justiça para tentar me intimidar", disse ele. "Aécio tem, à sua disposição, armas como dinheiro e poder político. E é preocupante que, apenas por ser criticado (e é, afinal, uma pessoa pública que quer gerir o futuro do país), ele tente usar suas ferramentas para me impedir de usar a minha", completou.
Paulo Nogueira, ex-diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora Abril e ex-diretor editorial da Editora Globo, atualmente responsável pelo site de Diário do Mundo, publicou no veículo uma "carta aberta" a Aécio Neves. "Qual o seu conceito de liberdade de expressão?", diz. Nogueira também é um dos 66 processados pela campanha do tucano. "Somos, como bem sabem nossos 2,5 milhões de leitores únicos por mês, um site de notícias e análises independente e apartidário", continuou ele. "Nossa causa maior é um “Brasil escandinavo”, como gosto de dizer e repetir. Um país em que ninguém seja melhor ou pior que ninguém em razão de sua conta bancária. É certo que, dentro dessa visão do mundo, entendo que o senhor representa um brutal atraso."
"Jornalismo bom para o senhor, aparentemente, é o jornalismo que o aplaude. Fico pensando como seria complicado, para os jornalistas independentes, conviverem com o senhor na presidência", completou o jornalista.
O PSB também aderiu à caça aos internautas, inclusive oferecendo recompensa para quem informasse e-mail, endereço, telefone e local de trabalho. O processo data de março, mas na noite de segunda-feira 8, pelo Twitter, o advogado do partido em São Vicente, Jefferson Teixeira, reforçou a acusação. Teixeira já havia publicado em seu perfil no Facebook o nome dos acusados pelo PSB de "estarem de forma ofensiva emitindo comentários, nas redes sociais, sobre pessoas públicas ou partidos políticos que represento judicialmente". E completou com uma oferta de recompensa: "Se você tiver informações que ajudem a localizar estas pessoas (endereço, email, telefone, trabalho), me ajudem!! Envie sua informação "in box" [mensagem privada], e será recompensado." O candidato Márcio França comentou a publicação dizendo: "Pode criticar. Não pode ofender! Nem a mim, nem a ninguém".
A divulgação dos nomes ganhou força dentro da rede e foi comentada e compartilhada diversas vezes. Comentários mostravam indignação com a atitude do partido de buscar desta maneira informações privadas sobre internautas. Dois dias depois, em 30 de março, o presidente nacional do PSB voltou a se manifestar na publicação, rebatendo as críticas: "Não sei porque o espanto e indignação por constarem em um alguma lista de pessoas processadas", disse ele. "Em outro momento atrás, não tiveram nenhum receio de publicar, ou compartilhar, palavras e termos altamente ofensivas a minha honra." "Só o pavor explica o aparente desespero. Peçam desculpa! Seria mais simples", completou.
A campanha de Aécio Neves e o diretório central do PSB foram procurados para comentar as ações, mas até o fechamento da reportagem não responderam à solicitação. Abaixo, a postagem do advogado de França.

Nenhum comentário: