quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Descobridor do pré-sal fala sobre papel do Brasil na geopolítica


Na visita que fez em maio deste ano à China, o presidente Lula quebrou o protocolo para apresentar ao presidente Hu Jintao não um funcionário do primeiro escalão do governo, mas um geólogo que hoje é diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella. Lula explicou ao colega chinês que Estrella era o responsável pela Petrobras ter descoberto as reservas de petróleo do Pré-sal e por isso merecia todo o destaque.


Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta quarta-feira, o executivo da estatal brasileira reafirmou a importância estratégica da descoberta para o País e defendeu o papel da Petrobras como única operadora na exploração das reservas:

"O que está em jogo são reservas mundiais. Em 2030 mais da metade do óleo a ser consumido não foi descoberto ainda. As grandes petrolíferas mundiais, inclusive a Petrobras, lidam com esse desafio de manter suas reservas(…) O simples fato da grande empresa ter acesso a uma reserva já é uma garantia. É um bem, um patrimônio estratégico importantíssimo. Francamente, não acredito que vejam a legislação como uma redução das oportunidades no Brasil. Essa oportunidade é única. Um país grande, num mercado excepcional, economicamente estável, numa democracia… E no Atlântico, onde se tem os grandes consumidores da Europa e dos EUA com acesso por navio", disse Estrella.

Segundo Estrella, a Petrobras tem um compromisso com o desenvolvimento nacional, que deve ser aproveitado do ponto de vista tecnológico. O executivo explicou que é missão da Petrobras, como empresa controlada pelo governo, participar do aproveitamento dessa grande riqueza que é o Pré-sal e construir estratégias para ajudar no desenvolvimento da indústria petrolífera brasileira, determinando o ritmo de produção dos campos recém-descobertos.

"A escala para uma indústria petrolífera é muito importante até pelos custos gigantescos envolvidos. Sermos operadores de toda a área nos dá uma grande tranquilidade de aproveitarmos essa escala e, através disso, sermos um fator e uma ferramenta de desenvolvimento da indústria brasileira. São dezenas, às vezes centenas, de equipamentos que são hoje importados. Com essa dimensão e escala, pode-se tomar decisões de construir estratégias voltadas ao desenvolvimento da indústria nacional", defende Estrella.

Ele refutou as críticas de que a indústria fornecedora internacional não viria para o Brasil por causa da dependência de um único comprador – no caso, a Petrobras. Segundo o diretor da empresa, muitas indústrias estrangeiras já demonstraram interesse em participar do Pré-sal e instalar fábricas no País.

Por conta do grande potencial petrolífero do Brasil, Estrella pede uma reflexão por parte da sociedade brasileira sobre como vamos lidar com o novo papel do Brasil na geopolítica internacional e como isso vai ser recebido pelas nações hoje hegemônicas no mundo. Segundo o executivo da Petrobras, os grandes países devem estar pensando: "Tem um cara grande aí no sul que tem água, tem sol, mal ou bem tem uma democracia, tem uma economia crescente, agora descobre a expectativa de uma baita reserva de petróleo. Este cara vai nos incomodar".

Clique aqui para ler a íntegra da entrevista.


Fonte:Portal Vermelho.


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