sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Dilma já pode preparar o talleur



Com a economia crescendo a 5% a.a, em 2010, não tem para ninguém. José Serra já era.


Estudo prova relação entre economia e populariade do governo de plantão

11-09-2009

A popularidade do presidente Luis Inácio Lula da Silva está diretamente relacionada à questão do desemprego. Os altos índices de aprovação do presidente e as hipóteses apontadas para essa popularidade, ora atribuída ao bom desempenho da economia, ora ao carisma do presidente, despertaram a curiosidade de dois pesquisadores da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP, Alex Ferreira e Sérgio Sakurai.

Os pesquisadores fizeram uma análise rigorosa dos índices mensais de popularidade de Fernando Henrique Cardoso, em seu 2º mandato, e de Lula, associados a variáveis econômicas e ao cenário político do País. “Os resultados qualitativos preliminares concluem que não há dúvida de que a aprovação de um presidente está diretamente vinculada à economia, tanto doméstica quanto externa. E isso vale tanto para o presidente Fernando Henrique como para Lula”, relatam. Os pesquisadores lembram que estudos internacionais corroboram com essa idéia de que a economia é um dos principais determinantes da popularidade de um governo.

Mas o estudo concluiu também que não há dúvida sobre a influência do fator Lula nessa aprovação. “Porém esse fator é bem menor do que aquilo que comumente se pensa. Esse fator representa algo entre 5% a 9% de sua taxa de aprovação”, relata o professor Ferreira. A popularidade do presidente Lula, segundo a pesquisa, que somou os índices, de ótimo, bom e regular, chegou a 94% em janeiro deste ano. “Foi quando Lula alcançou sua maior aprovação, atingindo 725 pontos. A maior aprovação de FHC chegou a 333 pontos.”

Variáveis analisadas

Para o estudo, os professores trabalharam com variáveis denominadas proxys, que tentam captar o efeito de algum fator que não é perfeitamente medido. O período do estudo foi de setembro de 1999 a fevereiro de 2009. “Fizemos análise rigorosa de regressão, como um laboratório, captando o efeito de cada uma de várias variáveis sobre a aprovação e os resultados indicam exatamente os índices divulgados. Vamos apurar ainda mais esses dados, mas em todas as análises os resultados das variáveis são equivalentes às oscilações na popularidade tanto do presidente FHC, como do presidente Lula”, diz Ferreira. Para os índices de popularidade foram utilizados dados do CNT-Census e Datafolha.

Foram analisadas treze variáveis: inflação externa, inflação interna, déficit público, importação sobre reservas internacionais, risco-país, déficit em conta corrente externa, taxa de câmbio, desemprego local, desemprego nos Estados Unidos, tendências (o qual pode captar o crescimento do bolsa-família), o efeito Lula, medido isoladamente, ou seja, se todas as outras várias permanecerem estáveis e se há variação dos índices de popularidade, e, por último, o cenário político nacional, dividido em bom e mal.

“Como utilizamos uma modelagem econométrica rigorosa na avaliação das variáveis, empregamos critérios técnicos e selecionados por meio de algoritmo aquelas que estatisticamente se apresentaram como principais: taxa de câmbio, desemprego doméstico, desemprego nos Estados Unidos, mal cenário político, efeito Lula e mais uma variável técnica. Foram feitas análises individuais de cada uma dessas variáveis e, ainda, da combinação entre elas”, relata o professor Ferreira. O software utilizado foi o Autometrics, desenvolvido na Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Capa de revista

Para o cenário político o professor Sakurai criou uma variável que representasse as condições políticas do período estudado. Para isso subdividiu a variável em Bad e Good — mau e bom — a partir da análise das capas da revista Veja, semanalmente, durante todo o período do estudo. “Se num mês com quatro revistas, três denunciaram corrupção, por exemplo, quer dizer que tivemos 75% de capas negativas, e essa variável explica bastante a variável da popularidade, em especial a reprovação. A notícia ruim tem um impacto negativo muito forte sobre a popularidade do presente, enquanto a positiva não é estatisticamente significativa”, diz o professor Sakurai.

Os pesquisadores alertam, entretanto, que isso não quer dizer que o brasileiro em geral lê a revista e forma uma opinião e isso reflete na popularidade do governo. “Acreditamos que a revista é que reflete a situação política do país. Não é ela que está formando a popularidade do presidente”.

O procedimento estatístico implementado pelos pesquisadores permitiu obter o coeficiente de 43,3% de aprovação para qualquer presidente em início de mandato, levando-se em consideração o período que os cientistas políticos chamam de “Lua de Mel”, que são os cem primeiros dias. De acordo com os pesquisadores, já excluindo todos os demais fatores, inclusive as capas da revista, o “fator Lula” influencia na sua própria popularidade. A aprovação de um presidente é em função de várias variáveis. O procedimento permite captar o efeito isolado de cada uma delas sobre a aprovação. Mesmo tirando a influência isolada de todas as cinco variáveis, referentes à política e à econômica, ainda sobra alguma coisa, que é ele, o “efeito Lula”, que é em torno de 5 a 9%. Se tudo fosse igual, sem nenhuma alteração, ainda assim ele teria o efeito de sua popularidade”, resume Ferreira.

O professor Ferreira alerta que críticas ao trabalho podem acontecer, pois os pesquisadores não conseguiram dados para o período do primeiro mandato do FHC, nem para aprofundar os dados relativos a programas sociais, como o bolsa-família. “Mas o objetivo foi alcançado, a popularidade está diretamente ligada a fatores econômicos, em especial ao desemprego”, conclui. (Agência USP de Notícias).

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