quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Lula diz que Brasil pode ser negociador para questão nuclear iraniana


02/09/2009

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (2) que a comunidade internacional insista na via diplomática para resolver a questão nuclear iraniana, oferecendo-se para discutir o tema durante a visita do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, a Brasília, que pode acontecer ainda este mês.

"Antes de aprovar mais sanções, deveríamos esgotar todas as opções diplomáticas. Temos de convencê-los pelo diálogo, sem colocá-los contra a parede", declarou Lula em entrevista à agência de notícias "AFP".


Presidente Lula gesticula durante entrevista à agência de notícias "AFP", nesta quarta-feira (02)


O Irã é acusado por diversos países, principalmente EUA e Israel, de desenvolver tecnologia atômica com finalidade bélica. O governo de Teerã nega, e responde que é soberano para utilizar poder nuclear para gerar eletricidade.

"O Brasil pode falar com o Irã, porque é um país importante e que não faz parte do bloco que pressiona", explicou Lula, referindo-se às potências ocidentais que querem que o Irã abandone seu programa nuclear.

"Nossa posição é a de que o Irã deve poder, como o Brasil, desenvolver sua política nuclear. Existe uma determinação das Nações Unidas estipulando que é permitido desenvolver energia nuclear com fins pacíficos", acrescentou.


Chanceler israelense vê Brasil como negociador
na questão do Irã

O chanceler israelense Avigdor Liberman afirmou em visita a Brasília, em 22 de julho, que o Brasil pode atuar como negociador no conflito no Oriente Médio e também com o governo do Irã. "Talvez mais do que qualquer outro país, o Brasil possa tentar convencer os iranianos a parar com seu programa nuclear e convencer os palestinos a começar conversas diretas conosco", disse

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O principal assessor de Lula para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, destacou recentemente que "o presidente [norte-americano Barack] Obama pediu ao Brasil que exerça um papel de moderador com o governo iraniano; e o próprio ministro israelense das Relações Exteriores [Avigdor Lieberman, que esteve em Brasília há duas semanas] disse que o Brasil poderia desempenhar este papel".

Em maio, o presidente Ahmadinejad cancelou uma viagem que faria ao Brasil, adiando a visita para depois das polêmicas eleições presidenciais em seu país.

A embaixada do Irã no Brasil afirmou que Lula será o primeiro chefe de Estado que Ahmadinejad visitará depois de assumir a presidência pela segunda vez.

Na contramão da maioria das potências ocidentais, o Brasil reconheceu os resultados das eleições iranianas de junho, marcadas pela vitória de Ahmadinejad e por violentos protestos organizados pela oposição, que denunciou a existência de fraudes.

AIEA nega perigo iraniano
Reforçando a posição moderada de Lula, o diretor da agência atômica das Nações Unidas disse que a ameaça atribuída ao programa nuclear do Irã é um "exagero", já que o país não tem capacidade para fabricar armas deste tipo a curto prazo, nem há indícios de que pretenda produzir

"Não vimos provas concretas de que Teerã tenha um programa de armas nucleares em andamento. Mas, de alguma maneira, muitas pessoas estão falando que o programa nuclear do Irã é a maior ameaça para o mundo. Em muitos sentidos, acho que a ameaça é exagerada", afirmou o egípcio Mohamed ElBaradei, em entrevista publicada pela revista "Bulletin of the Atomic Scientists".

Infográfico

Veja infográfico interativo com um panorama da energia nuclear aplicada em armamentos estratégicos e na geração de energia elétrica pelo mundo

"A ideia que amanhã o Irã terá uma arma nuclear não está apoiada pelos fatos que vimos até o momento", ressalta ElBaradei.

Mesmo assim, o diretor da ONU afirma que o Irã deve ser mais transparente com a comunidade internacional e que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sob seu comando, tem preocupações sobre as intenções do regime iraniano.

ElBaradei, que deixará seu cargo em novembro, após 12 anos à frente da AIEA, acredita que "o uso da força e o isolamento levam a uma expansão dos programas nucleares e não a uma diminuição", pois os regimes ameaçados enxergam o armamento atômico como o último recurso para manterem sua segurança.

O diretor acredita que a negociação nos casos da Coreia do Norte e do Iraque originou mais frutos que as sanções, que, na maioria dos casos, têm um impacto negativo para a população civil.

Pressão internacional
Nesta quarta-feira, potências mundiais voltaram a pressionar o Irã a realizar uma reunião sobre seu polêmico programa nuclear antes de um encontro na Assembleia Geral da ONU no final deste mês.



Volker Stanzel, diretor político do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, fez as declarações em um comunicado depois de presidir uma reunião com seus colegas de Rússia, China, EUA, França e Reino Unido para discutir o programa nuclear iraniano.

Falando em nome das seis potências, a declaração de Stanzel foi uma resposta a comentários de Saeed Jalili, negociador-chefe do programa atômico do Irã, que afirmou, na terça-feira, segundo a TV estatal do país, que Teerã está pronta para conversar com as potências.

"Com relação à declaração do Dr. Jalili esta semana de que o Irã está preparado para retomar as conversações, espero que o Irã reaja à iniciativa das conversas feita em abril concordando com uma reunião antes do encontro da Assembleia Geral", disse Stanzel.

Um alto funcionário europeu disse que as potências apenas expressavam o desejo de um encontro, e não a expectativa concreta quanto à sua realização. O funcionário disse que os países envolvidos querem uma reunião com os iranianos dentro de duas semanas, acrescentando que houve decepção com a falta de avanços desde abril.

*Com informações de AFP, Reuters e AP

Um comentário:

Anônimo disse...

Nada disso, pois o desgoverno do PT apóia esse pulha!