sábado, 19 de setembro de 2009

Pochmann:Pesquisa aponta melhoria no rendimento das camadas mais pobres da população


Por Redação, Correio do Brasil- do Rio e São Paulo


Pochmann avaliou a pesquisa do IBGEPresidente do Instituto Nacional de Política Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, disse ser compatível a constatação da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio (Pnad) de elevação do rendimento da base da pirâmide social. O estudo foi divulgado nesta sexta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e faz um comparativo entre setembro de 2008 e o mesmo mês de 2007.

Pochmann acrescentou que os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) já mostravam que mais de quatro quintos dos empregos formais gerados eram até três salários mínimos.

– O dinamismo da economia naquele período até a crise vinha da geração de empregos de remuneração menor. Esses empregos são fortemente influenciados pela política de salário mínimo e não muito pelas negociações coletivas de trabalho dos sindicatos – afirmou.

Por isso, ele considerou razoável a informação da Pnad. Segundo Pochmann, ela expressa um pouco da dinâmica do crescimento econômico que o país está experimentando nos últimos cinco anos, que foi uma expansão via mercado interno e concentrada na base da pirâmide social brasileira.

– O comportamento do mercado de trabalho foi muito interessante, seja antes da crise, como a PNAD mostra, seja durante e na fase posterior à crise – disse.

Ele explicou que antes da crise o melhor desempenho do mercado de trabalho ocorria no mercado formal. Houve uma mudança importante na composição do emprego na sua totalidade, não apenas pela dinâmica econômica, mas também devido ao esforço que foi dado à formalização das pequenas e micro empresas, além de maior crédito e da mudança na legislação. Pochmann lembrou que durante a crise, o que costumava ocorrer era a combinação de desemprego com informalidade.

– Tivemos um aumento do desemprego, mas não houve a expansão da informalidade, como tradicionalmente se verificava. O mecanismo de ajuste tradicional terminou sendo a rotatividade, que fez, de maneira geral, que os salários maiores sejam trocados por salários menores – afirmou.

O presidente do Ipea destacou, entretanto, que como os salários menores estão protegidos pela política do salário mínimo, não há um rebaixamento no que diz respeito à base da pirâmide social.

– Esse é um diferenciador importante do ciclo de expansão que nós vínhamos tendo até antes da crise– acrescentou.

Desemprego

O número de pessoas sem trabalho no país caiu um ponto percentual de 2007 para 2008. A taxa de desocupação passou de 8,1% para 7,1%, atingindo o menor nível da série histórica, iniciada em 2003, segundo o estudo do IBGE. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), a População Economicamente Ativa (ocupados e desocupados) foi estimada em 99,5 milhões de brasileiros no ano, sendo que 92,4 milhões estavam ocupadas durante a pesquisa, em setembro, representando crescimento de 2,8% na comparação com 2007.

A população em idade de trabalhar (População em Idade Ativa), pessoas a partir dos 10 anos, chegou a 160,6 milhões de pessoas em 2008, marcando crescimento de 1,7% de um ano para o outro. Entre os ocupados, mais da metade eram empregados (58,6%), 7,2% (6,6 milhões) domésticos, 20,2% (18,7 milhões) autônomos, 5% (4,6 milhões) não remunerados, 4,4% (4,1 milhões) trabalhavam para o próprio consumo e 0,1% (1 milhão) na construção para o próprio uso. Eram empregadores 4,5% (4,1 milhões) do total.

A região onde a população ocupada mais cresceu foi a Norte, com taxa de 4,2% de 2007 para 2008. Isso representa avanço para 6,9 milhões de pessoas com trabalho. No período, o Sudeste concentrou a maioria dos ocupados no país, 39,4 milhões de pessoas. Já a desocupação ficou acima da média nacional no Nordeste (7,5%), no Sudeste (7,8%) e no Centro-Oeste (7,5%). Na Região Norte foi de 6,5% e no Sul, 4,9%.

Entre os grupos de atividade, o setor agrícola concentrou o maior número de ocupados (17,4%), seguido pela indústria (15,1%) e do comércio (17,4%).

Envelhecimento

A cada ano mais pessoas ultrapassam os 40 anos de idade, refletindo a tendência de envelhecimento da população. Segundo a Pnad, de 2007 para 2008 o total de pessoas com essa idade cresceu 4,5%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, a população com 60 anos ou mais também cresceu. Em 2008, 21 milhões de brasileiros estavam nessa faixa estária, ou 11,1% do total. No ano anterior, eram 19,7 milhões.

A tendência de envelhecimento é observada com destaque no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, estados onde 14,9% e 13,5% da população têm 60 anos ou mais, respectivamente. Em relação às regiões, o índice é maior no Sul (38,1%) e Sudeste (37,8%). Já os brasileiros mais jovens (de até 4 anos) estão em maior número no Acre (11%), em Roraima (10,2%) e no Amazonas (10,1%). Em 2008, a Região Norte era a única do país em que o contingente de pessoas nessa faixa etária (1,4 milhão) supera o de habitantes com mais de 60 anos (1,1 milhão).

– A Região Norte tradicionalmente apresenta uma estrutura etária mais jovem. Lá, as mulheres têm uma taxa de fecundidade maior (número de filhos) e a expectativa de vida é menor em função das doenças, do acesso à saúde e das condições de vida – comentou a gerente da Pnad, Maria Lucia Vieira.

Mais mulheres

Nascem mais homens no país. No entanto, por motivos como a violência, as mulheres vivem por mais tempo, o que as tornam a maioria na população brasileira, segundo a Pnad. O percentual de pessoas na faixa etária mais jovem, de até 4 anos, era 6,9% do total de mulheres (97,5 milhões) e 7,5% do total de homens (92,4 milhões), em 2008. Já na faixa etária mais velha, de 60 anos ou mais, estão 12,1% das brasileiras e 10% do total de homens, segundo a pesquisa.

– A expectativa de vida das mulheres é maior por questões e de saúde e outros fatores. Os rapazes estão mais envolvidos em acidentes de trânsito, na questão da violência urbana. Então, ao longo da vida deles, têm um número de óbitos maior que o das mulheres – explicou Maria Lucia Vieira.

Em 2008, dos 188 milhões brasileiros residente no país, as mulheres correspondiam a 51,3% e os homens, a 48,7%. Em relação ao ano passado, segundo a Pnad, não houve mudança significativa na distribuição por sexo. Em 2007, 51,2% da população era de mulheres e 48,8%, de homens.

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