terça-feira, 15 de setembro de 2009

Tarso diz que é "folclore" sua participação no processo de impeachment de Yeda

15/09/2009
Folha Online, em Brasília

O ministro Tarso Genro (Justiça) ironizou nesta terça-feira e classificou de "folclore local" as declarações de lideres do PSDB que o acusam de patrocinar um "movimento golpista" no Rio Grande do Sul com o pedido de impeachment da governadora Yeda Crusius (PSDB) --que foi lido hoje no plenário da Assembleia Legislativa.

Segundo Tarso, a Polícia Federal não trabalha com nenhum viés político. "Isso [responsabilidade pelo impeachment] faz parte do folclore político local. A Polícia Federal não combate à corrupção apenas no Rio Grande do Sul, mas em todos os Estados e todas as cidades do país, envolvendo prefeito, vereador, governador ou deputado", disse.

O pedido de impeachment de Yeda trouxe preocupação para o comando do PSDB. A cúpula do partido deve discutir na quinta-feira a situação do governo de Yeda em com o governador José Serra (São Paulo). Líderes do PSDB temem que as denúncias contra a administração da tucana ganhem dimensão nacional e virem munição contra o candidato do partido que disputar a sucessão presidencial em 2010.

Para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a governadora é "vítima de uma conspiração" para favorecer o PT na disputa local nas próximas eleições. Tarso é interessado direto na questão de Yeda porque foi escolhido o nome do partido para tentar conquistar o Palácio Piratini em 2010.

"Nunca tive a menor dúvida de que isso ia acontecer. Acho que é um movimento golpista liderado pelo PT. Então, não me surpreende que o presidente da Assembleia, que é do Partido dos Trabalhadores, encaminhe esse tal impeachment. Se trata de impedir que a governadora avance politicamente enquanto ela já avançou administrativamente. E tem a polícia russa também ajudando [referência ao ministro Tarso Genro]. As ações são coordenadas contra o mandato da governadora. Ela é vitima de uma conspiração", disse Guerra.

Com a movimentação do pedido de impeachment, Yeda pode ficar sem sustentação do partido para buscar a reeleição. Na tentativa de fortalecer o palanque no Rio Grande do Sul para o candidato do PSDB, o comando do partido pode dar fôlego a uma aliança com o PMDB gaúcho, que atualmente trabalha o nome do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.

Impeachment

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Ivan Pavan (PT) aceitou na semana passada o pedido de impeachment contra Yeda, que foi protocolado pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais do Estado.

Com a decisão de Pavan, a Casa Legislativa vai começar a discutir o assunto, que pode ser levado a plenário. O Fórum alega que Yeda cometeu crime de responsabilidade. Segundo a Assembleia, há ao menos 26 pontos no processo que vinculam a governadora ao suposto esquema que desviou mais de R$ 40 milhões do Detran-RS.

O parlamentar e uma equipe de assessoramento técnico analisou documentos e escutas telefônicas reunidas pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Poder Judiciário.

De acordo com o Legislativo, a posição adotada pela presidência da Casa se baseia em dois eixos: o conhecimento dos fatos relacionados à gestão do Detran e a decisão do modelo e ações do governo em favorecer o esquema criminoso.

A Assembleia informou que, nas escutas realizadas, réus da CPI do Detran referem de maneira direta que a governadora tinha conhecimento dos fatos e relacionam o esquema com o centro do governo.

Pavan afirmou que não se trata de pré-julgamento, mas da responsabilidade do Parlamento diante do seu papel institucional de preservar valores éticos e os critérios da boa gestão pública.

"A abertura do processo de impeachment representa o compromisso da Assembleia com o resgate dos princípios republicanos. Não podemos ficar omissos diante da gravidade desta conduta", disse.

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