Raymundo Costa, de Brasília
Valor Econômico - 07/07/2010
Mal começou a campanha eleitoral, a candidata do PT dá mostras de que pretende explorar a fundo as contradições entre PSDB e DEM. Elas se manifestaram sobretudo no exercício da oposição congressual pelos dois partidos hoje aliados na coligação de José Serra, com o DEM sempre um tom acima dos tucanos nos ataques ao governo.
Uma demonstração dessa estratégia foi dada pela candidata do PT, Dilma Rousseff, na noite de segunda-feira. Num discurso em Santo André, a ex-ministra recorreu a um dos discursos que mais deixam irritados os tucanos, desde a campanha presidencial de 2006, e sugeriu que o PSDB na realidade quer acabar com o Bolsa Família.
Trata-se do mais importante programa de distribuição de renda do governo. Mas a candidata errou ao acusar a oposição de haver tentado acabar com o Bolsa Família no Supremo Tribunal Federal (STF). Nem o PSDB, partido do candidato José Serra, nem o DEM, sigla do candidato a vice-presidente Índio da Costa, contestaram a constitucionalidade do principal programa social do governo.
Dilma não mencionou os nomes de candidatos ou de partidos. Mas foi clara: "Aqueles que dizem que não vão acabar com o Bolsa Família são os mesmos que entraram no STF com uma ação tentando derrubar o programa", disse. Embora não tenha falado em partidos ou candidatos, a crítica tinha endereço certo: Serra, que até nos programas partidário de junho teve o cuidado de incluir uma inserção, na programação, para dizer que não pretende acabar e sim ampliar o Bolsa Família.
Um anúncio defensivo que, na avaliação de petistas, serve apenas de mais propaganda do carro-chefe dos programas sociais do governo. Para os tucanos, uma armadilha: se não desmentem, ficam com a fama de querer acabar o programa, se desmentem, só reforçam a ideia segundo a qual se está bom com Lula, não há motivo para mudança.
PSDB e DEM fizeram ontem um levantamento das ações diretas de inconstitucionalidade que submeteram ao tribunal e informaram não ter encontrado nenhuma contra o mérito do Bolsa Família. O STF também não registro nenhuma ação nesse sentido, movida pelos dois partidos aliados na eleição presidencial.
O que há de mais próximo é uma ação do PSDB contra a concessão de bolsas de até R$ 400 aos participantes do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), o "PAC da Segurança". Os tucanos alegaram que a medida não poderia ser decretada em ano eleitoral (2008, quando ocorreram eleições municipais). A ação está pronta para ser julgada pelo STF.
A reportagem do Valor tentou contato com a área jurídica da campanha de Dilma, mas não teve resposta até o fechamento desta edição. Mais cedo, petistas informaram que as iniciativas do DEM na oposição congressual seriam usadas na campanha. Entre essas iniciativas estão as ações de declaração de inconstitucionalidade que o DEM submeteu ao Supremo contra o Rúmi, o regime de cotas raciais e até a medida provisória que liberou R$ 14,2 bilhões para a criação do Fundo Soberano do Brasil (FSB) - ação subscrita também pelo PSDB.
A campanha de Dilma também está colecionando discursos e projetos do candidato a vice de Serra, o deputado Índio da Costa. Dois deles causaram satisfação aos petistas. No primeiro, o demista propõe a convocação de um plebiscito para a população decidir sobre a pena de morte no país - "a Igreja Católica vai adorar", diz um dirigente petista. Outro projeto de Índio proíbe a concessão de esmolas.
Muito embora a extinção da CPMF tenha contado também com a contribuição do PSDB, os petistas pretendem explorar o comportamento mais radical do DEM em relação ao imposto do cheque. Aliás, o fim da contribuição levou o governo a editar uma medida aumentando a cobrança de IOF nas operações financeiros que também foi objeto de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade da oposição.
Na terça-feira, Dilma vai inaugurar o comitê central da campanha petista, no subsolo de um hotel de Brasília. Mas a candidata deve mesmo marcar ponto na casa que já funciona no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, um lugar mais discreto e propício a reuniões reservadas. No comitê haverá uma sala para a candidata e um salão para as reuniões do conselho político, a ser integrado por todos os partidos da aliança governista.
Dilma e os integrantes de sua campanha já decidiram que ela irá aos debates programados pelas redes abertas de televisão. Ela não teria ido ao debate programado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) por entender que se tratava de uma armadilha, a exemplo do que alegou a candidata Marina Silva (PV) - só Serra compareceu. No caso do portal UOL não se tratava de um debate, mas de uma sabatina, de acordo com assessores de Dilma. Havia também uma entrevista para um canal fechado de televisão. "Se ela fosse bem, não haveria repercussão nenhuma, mas se fosse mal, isso imediatamente seria replicado por todas as outras mídias", explicaram auxiliares de Dilma.
Mal começou a campanha eleitoral, a candidata do PT dá mostras de que pretende explorar a fundo as contradições entre PSDB e DEM. Elas se manifestaram sobretudo no exercício da oposição congressual pelos dois partidos hoje aliados na coligação de José Serra, com o DEM sempre um tom acima dos tucanos nos ataques ao governo.
Uma demonstração dessa estratégia foi dada pela candidata do PT, Dilma Rousseff, na noite de segunda-feira. Num discurso em Santo André, a ex-ministra recorreu a um dos discursos que mais deixam irritados os tucanos, desde a campanha presidencial de 2006, e sugeriu que o PSDB na realidade quer acabar com o Bolsa Família.
Trata-se do mais importante programa de distribuição de renda do governo. Mas a candidata errou ao acusar a oposição de haver tentado acabar com o Bolsa Família no Supremo Tribunal Federal (STF). Nem o PSDB, partido do candidato José Serra, nem o DEM, sigla do candidato a vice-presidente Índio da Costa, contestaram a constitucionalidade do principal programa social do governo.
Dilma não mencionou os nomes de candidatos ou de partidos. Mas foi clara: "Aqueles que dizem que não vão acabar com o Bolsa Família são os mesmos que entraram no STF com uma ação tentando derrubar o programa", disse. Embora não tenha falado em partidos ou candidatos, a crítica tinha endereço certo: Serra, que até nos programas partidário de junho teve o cuidado de incluir uma inserção, na programação, para dizer que não pretende acabar e sim ampliar o Bolsa Família.
Um anúncio defensivo que, na avaliação de petistas, serve apenas de mais propaganda do carro-chefe dos programas sociais do governo. Para os tucanos, uma armadilha: se não desmentem, ficam com a fama de querer acabar o programa, se desmentem, só reforçam a ideia segundo a qual se está bom com Lula, não há motivo para mudança.
PSDB e DEM fizeram ontem um levantamento das ações diretas de inconstitucionalidade que submeteram ao tribunal e informaram não ter encontrado nenhuma contra o mérito do Bolsa Família. O STF também não registro nenhuma ação nesse sentido, movida pelos dois partidos aliados na eleição presidencial.
O que há de mais próximo é uma ação do PSDB contra a concessão de bolsas de até R$ 400 aos participantes do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), o "PAC da Segurança". Os tucanos alegaram que a medida não poderia ser decretada em ano eleitoral (2008, quando ocorreram eleições municipais). A ação está pronta para ser julgada pelo STF.
A reportagem do Valor tentou contato com a área jurídica da campanha de Dilma, mas não teve resposta até o fechamento desta edição. Mais cedo, petistas informaram que as iniciativas do DEM na oposição congressual seriam usadas na campanha. Entre essas iniciativas estão as ações de declaração de inconstitucionalidade que o DEM submeteu ao Supremo contra o Rúmi, o regime de cotas raciais e até a medida provisória que liberou R$ 14,2 bilhões para a criação do Fundo Soberano do Brasil (FSB) - ação subscrita também pelo PSDB.
A campanha de Dilma também está colecionando discursos e projetos do candidato a vice de Serra, o deputado Índio da Costa. Dois deles causaram satisfação aos petistas. No primeiro, o demista propõe a convocação de um plebiscito para a população decidir sobre a pena de morte no país - "a Igreja Católica vai adorar", diz um dirigente petista. Outro projeto de Índio proíbe a concessão de esmolas.
Muito embora a extinção da CPMF tenha contado também com a contribuição do PSDB, os petistas pretendem explorar o comportamento mais radical do DEM em relação ao imposto do cheque. Aliás, o fim da contribuição levou o governo a editar uma medida aumentando a cobrança de IOF nas operações financeiros que também foi objeto de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade da oposição.
Na terça-feira, Dilma vai inaugurar o comitê central da campanha petista, no subsolo de um hotel de Brasília. Mas a candidata deve mesmo marcar ponto na casa que já funciona no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, um lugar mais discreto e propício a reuniões reservadas. No comitê haverá uma sala para a candidata e um salão para as reuniões do conselho político, a ser integrado por todos os partidos da aliança governista.
Dilma e os integrantes de sua campanha já decidiram que ela irá aos debates programados pelas redes abertas de televisão. Ela não teria ido ao debate programado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) por entender que se tratava de uma armadilha, a exemplo do que alegou a candidata Marina Silva (PV) - só Serra compareceu. No caso do portal UOL não se tratava de um debate, mas de uma sabatina, de acordo com assessores de Dilma. Havia também uma entrevista para um canal fechado de televisão. "Se ela fosse bem, não haveria repercussão nenhuma, mas se fosse mal, isso imediatamente seria replicado por todas as outras mídias", explicaram auxiliares de Dilma.
2 comentários:
fui dar uma pesquisada nesse assunto sobre a "ADIN dos Demos" parece que foram contra a ampliação do programa elevando a idade de 14 para 17 anos. Tentei encontrar no blog mas acho que retiraram... inclusive há manifestação do Min. Marco Aurélio...olhe!!
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Blog de Edmar Lyra - Política, Economia e Administração.: Dezembro ...1 dez. 2008 ... O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que seu partido e o PSDB entrarão com uma Adin (Ação Direta de ...... e pelo incremento de políticas sociais do governo, como o Bolsa-Família
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Opinião do Marco Tucano Aurélio Mello
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"ESTENDER BOLSA FAMÍLIA É INCONSTITUCIONAL"
http://www.bahianoticias.com.br/noticias/noticia/2008/01/08/12340,estender-bolsa-familia-e-inconstitucional.html
Marlene, eles foram contra a mapliação, sim, assim como entraram com Adin contra o PROUNI.Valeu pela dica.Abraços.
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