Em 45 dias, Dilma terá 72 inserções a mais que Serra na TV
A candidata a presidente Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mundando, terá 46% a mais de exposição que seu adversário José Serra (PSDB) nas inserções de propaganda eleitoral. O material a ser veiculado em rádio e TV inclui vídeos e áudios de 30 segundos — que são considerados os instrumentos mais efetivos de marketing político nas campanhas.Nos 45 dias do horário eleitoral relativo ao primeiro turno, os brasileiros poderão ver e ouvir até 22 horas e meia de inserções, distribuídas ao longo dos intervalos comerciais de cada uma das emissoras de rádio e televisão. No caso específico da propaganda dos candidatos a presidente, serão quatro horas e meia de inserções ao longo dos 45 dias.
Cálculos feitos pelo jornal O Estado de S. Paulo apontam que Dilma ocupará 115 minutos desse tempo — ou seja, terá direito a 230 inserções. Serra ficará com 79 minutos, ou 158 inserções. A desvantagem do tucano, no total, será de 72 inserções ou 36 minutos — quase 50 segundos por dia.
As inserções são vistas pelos marqueteiros políticos como as armas mais poderosas de propaganda porque elas chegam de surpresa aos eleitores, misturadas à publicidade comercial e em horários diversos. Mesmo os espectadores desinteressados em política as veem.
Por outro lado, é fácil evitar o tradicional horário eleitoral gratuito, exibido em horário fixo duas vezes por dia. De fato, os números comprovam que a audiência das emissoras de rádio e televisão desaba no momento em que se iniciam os blocos de 50 minutos de propaganda.
Em 2006, apenas na Grande São Paulo, cerca de 3 milhões de pessoas desligaram a televisão ou se refugiaram nos canais pagos — livres dessa propaganda — nos dois primeiros dias do horário eleitoral. A audiência dos programas dos candidatos caiu ainda mais nos dias seguintes, quando, passado seu impacto inicial, o desinteresse aumentou.
Regras
A Lei Eleitoral determina que as inserções não exibam imagens externas — ou seja, os candidatos devem aparecer em estúdios. Não há impedimentos legais para que terceiros participem das propagandas — ou seja, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal cabo eleitoral de Dilma, poderá aparecer ao lado dela.
A candidata do PT terá tempo maior nas inserções porque a legislação determina que dois terços desse tempo sejam distribuídos de acordo com o tamanho das bancadas dos partidos ou coligações eleitas para a Câmara dos Deputados. O tempo restante é dividido igualmente entre todos os candidatos.
Dilma, além do PT, é apoiada por PMDB, PCdoB, PRB, PDT, PTN, PSC, PR, PTC e PSB — partidos que, na eleição de 2006, elegeram 274 dos 513 deputados federais. Já a coligação de Serra, que reúne PSDB, DEM, PTB, PPS, PMN e PTdoB, elegeu 180 deputados — 94 a menos.
Já Marina Silva, do PV, que não se coligou a outros partidos e elegeu 13 representantes na Câmara, terá direito a apenas 30 inserções em 45 dias. Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), cuja legenda elegeu três deputados, poderá aparecer em 22 inserções.
Os outros cinco candidatos integram partidos que não elegeram nenhum deputado em 2006. Apesar disso, eles terão, somados, 18% do tempo destinado aos presidenciáveis, tanto nas inserções como no horário fixo de propaganda. Zé Maria (PSTU), Rui Costa Pimenta (PCO), José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB) e Ivan Pinheiro (PCB) aparecerão em 20 inserções, cada um, durante a campanha.
Outros cargos
Além das inserções dos presidenciáveis, haverá exibição de pequenos vídeos de candidatos aos governos estaduais, ao Senado, à Câmara dos Deputados e às assembleias legislativas. Para cada cargo, haverá uma reserva de seis minutos por dia em cada emissora de rádio e televisão. No total, serão 30 minutos por dia de inserções entre os dias 17 de agosto e 30 de setembro.
Dilma também terá predomínio no horário eleitoral fixo, de acordo com cálculos do Estadão. Em cada um dos dois blocos de 25 minutos da propaganda dos candidatos a presidente, Dilma terá direito a 10 minutos e 38 segundos. Serra, por sua vez, ocupará 7 minutos e 18 segundos. Os números oficiais da divisão do tempo serão anunciados pelo Tribunal Superior Eleitoral. As contas podem mudar se alguma candidatura for impugnada.
O Estado de S.Paulo
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