quarta-feira, 7 de julho de 2010

Roriz, Arruda e Serra voltam a se unir pelo DF


Paulo de Tarso Lyra, de Brasília

Valor Econômico - 07/07/2010

Quatro anos depois de romperem, Joaquim Roriz (PSC) e José Roberto Arruda voltam a se alinhar politicamente na tentativa de retomar o controle do governo do Distrito Federal. Arruda, que teve seu mandato de governador cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), renunciou para não perder os direitos políticos e passou 60 dias preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, acusado de chefiar a quadrilha desmontada pela Operação Caixa de Pandora. Ele convenceu o deputado Alberto Fraga (DEM) a desistir da candidatura ao governo local e coligar-se com Roriz, disputando uma vaga para senador.


Outros personagens da história recente de Brasília também reaparecem nessas articulações políticas. A mulher do ex-vice-governador Paulo Octávio - também envolvido na Operação Caixa de Pandora -, Ana Cristina Kubitschek, neta de Juscelino, será suplente de Fraga. Além disso, o senador cassado Luiz Estevão - que em 2014 concluirá sua pena de inelegibilidade e poderá concorrer novamente a cargos eletivos - articula para ser o tesoureiro oficial da campanha de Roriz.

Há duas semanas, quando o Supremo Tribunal Federal ainda não havia se decidido contra a intervenção no Distrito Federal - alegando que a corrupção endêmica na cidade já havia sido debelada pelo próprio funcionamento das instituições locais - Fraga disse que seria candidato ao governo. Confirmou que pedira apoio de Arruda para herdar as bases eleitorais do ex-governador e que ele teria apoiado a ideia. "Mas eu fiquei sem o PPS, que resolveu coligar-se com o PT. Não iria para uma candidatura de sacrifício com apenas um minuto e meio no horário eleitoral", disse ontem Fraga.

O demista voltou então a conversar com Arruda, que sugeriu a ele ser candidato à reeleição de deputado federal, na chapa de Roriz. Como o demista disse que as únicas opções seriam uma candidatura ao governo local ou ao Senado, Arruda abençoou a candidatura ao Senado - sempre ao lado de Roriz. "Roriz e Arruda sempre foram amigos, ninguém nunca acreditou que estivessem brigados. Essa corda esticou demais, mas jamais se rompeu", admitiu Fraga.

Apesar de todos os recentes movimentos políticos, ainda há, entre aliados e opositores, quem desconfie que a candidatura de Joaquim Roriz não resistirá a um questionamento na Justiça com base no projeto Ficha Limpa. Em 2007, ele renunciou ao mandato de senador, acusado de negociar a partilha de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do BRB (Banco de Brasília), Tarcísio Franklin de Moura. As conversas telefônicas foram gravadas durante a Operação Aquarela, levada a efeito pela Polícia Civil do Distrito Federal e que desbaratou um esquema de desvio de dinheiro do BRB.

Alberto Fraga acrescentou que, da composição política original que governou Brasília por anos, a única ausência é do deputado Tadeu Filipelli (PMDB), que rompeu com Roriz, ligou-se a Arruda, abandonou posteriormente o governo e hoje é candidato a vice do petista Agnelo Queiroz. "Foi ele quem traiu Roriz, expulsou-o do PMDB e hoje está ao lado do PT", acusou o demista.

Vice na chapa de Agnelo, o pemedebista Tadeu Filipelli é contrário a um pedido de impugnação da candidatura de Roriz. "Não cabe a nós partir para uma disputa judicial. Depois de tudo o que Brasília passou nos últimos meses, o melhor instrumento para renovação das instituições é o voto direto da população", disse.

Para pessoas próximas, contudo, Filipelli se disse surpreendido com a desenvoltura na reaproximação de Roriz e Arruda. Mas ele próprio sabe que esse afastamento nunca foi total. Depois de renunciar ao mandato, em 2008, Roriz começou a negociar a sucessão de 2010 com Arruda, antes de perder o comando do PMDB local e migrar para o PSC.

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