quinta-feira, 15 de julho de 2010

Serra e os trabalhadores: tentando tapar o sol com peneira


O candidato tucano, José Serra, esteve reunido na manhã de quarta-feira (14) com dirigentes da União Geral dos Trabalhadores (UGT), num gesto interpretado pelos observadores da arena política como uma tentativa de reverter o desgaste provocado por um manifesto assinado pelos presidentes de cinco centrais sindicais (CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CGTB) que, juntas, representam mais de 90% da classe trabalhadora brasileira. A UGT foi a única central, entre as seis já legalizadas, que não subscreveu o documento.

Os sindicalistas denunciaram a impostura do ex-governador paulista, que agora, na campanha eleitoral, procura se apresentar como amigo antigo dos assalariados. Não vacilou em recorrer a mentiras descaradas para aparecer bem na foto e colher votos num meio que, compreensivelmente, se revela a cada dia mais hostil ao projeto neoliberal dos tucanos.

Serra posou como pai do seguro-desemprego e do FAT em programa televisivo. Os sindicalistas provaram com informações incontestáveis que nada disto é verdade. E foram além. Na Constituinte, onde atuou como deputado federal, o candidato tucano votou na maior parte das vezes contra propostas que contemplam a valorização do trabalho ou simplesmente não compareceu.

Por sua performance na votação da Carta Magna, Serra recebeu uma nota negativa (3,7, numa escala de zero a 10) do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Ele não votou a favor da redução da jornada para 44 horas semanais, não votou pela garantia de aumento real para o salário mínimo, não apoiou o direito de greve e voltou as costas à classe trabalhadora em vários outros temas, conforme esclarece o minucioso manifesto das centrais.

O ex-governador também fez questão de provar, durante a administração do mais rico estado brasileiro, um profundo desprezo e notória inimizade em relação à classe trabalhadora. Não dialogou com os professores, jogou a PM contra a categoria, mandou reprimir os policiais civis. Enfim, comportou-se de acordo com o figurino tucano.

Lembremos, a propósito, que o ex-presidente FHC também pautou sua administração neoliberal por uma orientação francamente antitrabalhista. Começou seu primeiro mandato prometendo acabar com a Era Vargas e desmantelando a organização sindical dos petroleiros. Seguiu adiante flexibilizando a legislação trabalhista e propondo uma reforma (felizmente abortada) que estabelecia a prevalência do negociado sobre o legislado e deixava o caminho aberto para a supressão de todos os direitos sociais (férias, 13º, descanso semanal remunerado, etc), consagrados na CLT e na Constituição.

A questão tem um óbvio caráter de classes. Serra não gosta do povo. É o candidato da oligarquia financeira e das elites empresariais. Seu projeto, que dificilmente terá o respaldao das urnas, é o retrocesso neoliberal ao programa de privatizações, à subordinação da nação aos interesses das grandes potências capitalistas, à ofensiva contra o trabalho, seguindo os passos do malfadado governo FHC e a exemplo do que ocorre hoje na Europa.

As centrais estão cobertas de razão. José Serra é inimigo da classe trabalhadora. Ele foi buscar abrigo e consolo na volátil UGT, mas provavelmente vai dar com os burros n´água. Como diz o ditado, não se pode apagar o sol com peneira. Editorial Vermelho

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