sábado, 4 de dezembro de 2010

Envolvido no mensalão do DF faz doação de R$ 8,2 mi para PSDB


O empresário José Celso Gontijo, um dos financiadores do esquema do mensalão do DEM no DF, foi o terceiro maior colaborador da direção nacional do PSDB nas eleições deste ano, com doações que totalizaram R$ 8,2 milhões. Também ajudou a financiar as campanhas da família Jucá em Roraima.

Os repasses para o PSDB aparecem na prestação de conta do partido no nome de sua mulher, Ana Maria Baeta Gontijo. À Folha, contudo, o empresário afirmou que a colaboração partiu dele mesmo e explicou que usou uma conta corrente que está registrada no CPF de sua mulher.

Os pagamentos são, em tese, legais. Mas a legislação limita a doação feita por pessoa física em até 10% do rendimento pessoal obtido no ano anterior. Isso quer dizer que Gontijo e sua mulher precisam ter recebido em 2009 pelo menos R$ 82 milhões.

Para saber se esse limite foi ultrapassado, Tribunal Superior Eleitoral conta com o apoio da Receita. A doação ilegal pode gerar multa.

Dono da JC Gontijo, o empresário é investigado pela Polícia Federal como uma das fontes que abasteciam o mensalão do DEM.

Ele aparece em uma das filmagens feitas pelo ex-secretário do DF e delator do escândalo, Durval Barbosa, que revelaram o esquema de pagamento de propina a deputados distritais aliados.

O caso levou o ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM) à prisão.

RORAIMA

Gontijo também doou R$ 1 milhão para o diretório do PMDB em Roraima. O dinheiro depois foi repassado para bancar a reeleição do senador Romero Jucá, de sua mulher, a deputada federal eleita Teresa, e de seu filho, Rodrigo, que conseguiu cadeira na Assembleia Legislativa.

Apesar de a sua construtora não tocar obras em Roraima, Gontijo é sócio da Call Tecnologia, que faz serviço de telemarketing para órgãos públicos. Um dos clientes dela é a Boa Vista Energia, braço da Eletrobras no Estado.

Segundo a estatal, o contrato com a Call Tecnologia começou em 2008 e vai até 30 de abril de 2011, no valor de R$ 2,8 milhões.

Até ser eleito, Rodrigo de Holanda Menezes Jucá, filho do senador, integrava o conselho de administração da Boa Vista Energia.

A doação, legal, foi feita em duas partes: R$ 750 mil em 30 de agosto, e R$ 250 mil no dia 13 de setembro.

A Call é investigada como uma das empresas que abasteciam o esquema de corrupção no governo Arruda. Ele nega participação.

Somente neste ano, a empresa de telemarketing de Gontijo faturou R$ 10,6 milhões em contratos públicos com o governo federal.

O dinheiro saiu do caixa do Ministério do Desenvolvimento Social, Ciência e Tecnologia, da Secretaria de Política para Mulheres e Anatel.

OUTRO LADO

Gontijo disse que decidiu doar para o PSDB porque "achava que estava na hora de entrar outro presidente". Afirmou que optou pelo repasse ao diretório nacional para ficar livre de pedidos dos candidatos e dar opção ao PSDB para distribuir os recursos.

A Folha procurou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, mas não conseguiu até o fechamento da edição.

Sobre a doação à campanha da família Jucá, Gontijo disse que doou porque é amigo de Jucá e negou ter interesse comercial em Roraima. "É uma doação oficial que fiz a amigos de mais de 20 anos." Questionado sobre os contratos da Call, respondeu: "Por acaso ela tem contratos lá, mas a licitação foi em Brasília. É 'merreca' [o valor]".

Sobre o vídeo do mensalão, Gontijo disse que o dinheiro que levava era para o advogado de Barbosa.

Jucá disse que Gontijo é seu amigo e que já o ajudou em outras campanhas. Uol.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Daniel Dantas Fez 'doação oculta' de R$ 1,5 milhão para o PT.


Condenado em primeira instância na Justiça Federal por suposta corrupção na Operação Satiagraha, em 2008, o banqueiro Daniel Dantas doou, por meio de suas empresas, R$ 1,5 milhão para o diretório nacional do PT nas eleições. É a primeira vez desde pelo menos 2002, quando a Justiça Eleitoral passou a divulgar as doações pela internet, que o banco Opportunity aparece na lista de financiadores de campanhas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As doações ao PT ocorreram por meio de três fontes: o banco e suas empresas Opportunity Gestora e Opportunity Lógica, sediadas no mesmo endereço no Rio. Os repasses ocorreram no mês de setembro, antes do primeiro turno das eleições. Como o dinheiro entrou no caixa único do partido, por 'doação oculta', não é possível saber para qual campanha ele foi direcionado."

Até tu, Dantas?