Valor Econômico - 21/12/2010
Os movimentos feitos pelo PSDB desde a derrota de seu candidato a presidente, José Serra, indicam, com alguma dose de segurança, que o ex-governador paulista tende à planície neste período que separa a posse da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e a próxima eleição presidencial, em 2012. Os espaços de Serra no partido nacional e junto ao diretório estadual de São Paulo se estreitam, na proporção direta da expansão da área de influência do senador eleito por Minas, Aécio Neves.
No momento em que parcelas do PSDB, lideradas por Aécio, falam em "refundação" da legenda tucana, os esforços parecem ser para evitar que o ex-governador paulista assuma posições de comando dentro do PSDB nacional e para reduzir a sua influência em território paulista. A articulação para que o senador Sérgio Guerra (PE) seja mantido na presidência do partido, que deveria ser renovada em maio, é uma forma de manter Serra fora do comando nacional sem fazer marola. Não é do estilo tucano alguém atropelar uma articulação de cúpula: com a recondução de Guerra colocada, dificilmente Serra irá para a convenção nacional disputar com o comando do partido.
Em São Paulo, os quadros mais ligados ao ex-governador foram rejeitados pelo eleito Geraldo Alckmin, na formação do novo secretariado. O grupo serrista trabalhava pela manutenção do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, do secretário de Justiça, Luiz Antonio Marrey e por uma vaga para o vice de Serra, Alberto Goldman, que o sucedeu quando se desincompatibilizou para se candidatar à Presidência. Até agora, Alckmin apenas manteve a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Battistella; e também os secretários de Segurança e Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto e Lourival Gomes, que o bom senso mandou manter - a gestão deles acabou com a rivalidade entre as pastas, mantida durante todo o governo anterior de Alckmin, e conseguiu relativo êxito sobre o crime organizado no Estado. Os três remanescentes da gestão anterior, todavia, ficam em áreas de pouco apelo político e fora das decisões orçamentárias. Sem mandato parlamentar e sem pessoas de seu grupo em áreas estratégicas do governo paulista, Serra, que nunca foi um homem da máquina partidária - ao contrário de Alckmin, que articula bem na instância estadual - perde força de pressão como "cardeal" do tucanato paulista. Alckmin, desde as eleições para a prefeitura paulista, quando foi preterido por Serra - que trabalhou pela vitória de Gilberto Kassab (DEM) -, é muito mais próximo, na política nacional, de Aécio Neves do que de Serra.
A ordem natural das coisas, depois de uma campanha pouco agregadora e que não obteve unidade interna da coligação, é que Serra também perca espaço nacionalmente. A forma de sobreviver politicamente sem um mandato eletivo seria conseguir ser alçado à presidência nacional do partido. Como presidente, poderia retomar o poder interno e tentar, de novo, ser o candidato do partido à Presidência em 2012. Essa alternativa foi tentada por Geraldo Alckmin, em 2006, depois de uma derrota eleitoral. Alckmin não conseguiu romper o bloqueio à sua pretensão. Não será diferente com Serra, o derrotado quatro anos depois.
Se Alckmin não tivesse voltado à política estadual, onde tem uma liderança e um eleitorado próprio, dificilmente deixaria de sucumbir à derrota de 2006. O governador eleito apenas ascendeu ao secretariado de Serra, um ano depois, porque ainda tinha o controle do PSDB no interior. Mas teve que vencer internamente as resistências do grupo serrista para concorrer ao governo do Estado. Em 2014, quando tentar a reeleição, competirá novamente com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, um "serrista" militante que articula a adesão ao PMDB.
Não é vantagem nem para Alckmin, nem para Aécio Neves, deixar que Serra retome posições de liderança dentro do partido. Não é provável que facilitem a vida do ex-governador. Os debates sobre a refundação do partido poderão ser elemento importante na redefinição de papéis de comando no PSDB. Serra terá que pegar esse bonde, se quiser chegar a algum lugar em 2012. Sem protagonismo interno na discussão sobre a derrota eleitoral e os rumos a serem tomados pelo partido, o candidato derrotado fortalecerá a posição do senador Aécio Neves, hoje o candidato mais competitivo a disputar a Presidência em 2012.
Os movimentos feitos pelo PSDB desde a derrota de seu candidato a presidente, José Serra, indicam, com alguma dose de segurança, que o ex-governador paulista tende à planície neste período que separa a posse da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e a próxima eleição presidencial, em 2012. Os espaços de Serra no partido nacional e junto ao diretório estadual de São Paulo se estreitam, na proporção direta da expansão da área de influência do senador eleito por Minas, Aécio Neves.
No momento em que parcelas do PSDB, lideradas por Aécio, falam em "refundação" da legenda tucana, os esforços parecem ser para evitar que o ex-governador paulista assuma posições de comando dentro do PSDB nacional e para reduzir a sua influência em território paulista. A articulação para que o senador Sérgio Guerra (PE) seja mantido na presidência do partido, que deveria ser renovada em maio, é uma forma de manter Serra fora do comando nacional sem fazer marola. Não é do estilo tucano alguém atropelar uma articulação de cúpula: com a recondução de Guerra colocada, dificilmente Serra irá para a convenção nacional disputar com o comando do partido.
Em São Paulo, os quadros mais ligados ao ex-governador foram rejeitados pelo eleito Geraldo Alckmin, na formação do novo secretariado. O grupo serrista trabalhava pela manutenção do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, do secretário de Justiça, Luiz Antonio Marrey e por uma vaga para o vice de Serra, Alberto Goldman, que o sucedeu quando se desincompatibilizou para se candidatar à Presidência. Até agora, Alckmin apenas manteve a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Battistella; e também os secretários de Segurança e Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto e Lourival Gomes, que o bom senso mandou manter - a gestão deles acabou com a rivalidade entre as pastas, mantida durante todo o governo anterior de Alckmin, e conseguiu relativo êxito sobre o crime organizado no Estado. Os três remanescentes da gestão anterior, todavia, ficam em áreas de pouco apelo político e fora das decisões orçamentárias. Sem mandato parlamentar e sem pessoas de seu grupo em áreas estratégicas do governo paulista, Serra, que nunca foi um homem da máquina partidária - ao contrário de Alckmin, que articula bem na instância estadual - perde força de pressão como "cardeal" do tucanato paulista. Alckmin, desde as eleições para a prefeitura paulista, quando foi preterido por Serra - que trabalhou pela vitória de Gilberto Kassab (DEM) -, é muito mais próximo, na política nacional, de Aécio Neves do que de Serra.
A ordem natural das coisas, depois de uma campanha pouco agregadora e que não obteve unidade interna da coligação, é que Serra também perca espaço nacionalmente. A forma de sobreviver politicamente sem um mandato eletivo seria conseguir ser alçado à presidência nacional do partido. Como presidente, poderia retomar o poder interno e tentar, de novo, ser o candidato do partido à Presidência em 2012. Essa alternativa foi tentada por Geraldo Alckmin, em 2006, depois de uma derrota eleitoral. Alckmin não conseguiu romper o bloqueio à sua pretensão. Não será diferente com Serra, o derrotado quatro anos depois.
Se Alckmin não tivesse voltado à política estadual, onde tem uma liderança e um eleitorado próprio, dificilmente deixaria de sucumbir à derrota de 2006. O governador eleito apenas ascendeu ao secretariado de Serra, um ano depois, porque ainda tinha o controle do PSDB no interior. Mas teve que vencer internamente as resistências do grupo serrista para concorrer ao governo do Estado. Em 2014, quando tentar a reeleição, competirá novamente com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, um "serrista" militante que articula a adesão ao PMDB.
Não é vantagem nem para Alckmin, nem para Aécio Neves, deixar que Serra retome posições de liderança dentro do partido. Não é provável que facilitem a vida do ex-governador. Os debates sobre a refundação do partido poderão ser elemento importante na redefinição de papéis de comando no PSDB. Serra terá que pegar esse bonde, se quiser chegar a algum lugar em 2012. Sem protagonismo interno na discussão sobre a derrota eleitoral e os rumos a serem tomados pelo partido, o candidato derrotado fortalecerá a posição do senador Aécio Neves, hoje o candidato mais competitivo a disputar a Presidência em 2012.
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