Tudo que esse cara fez antes de ser presidente foi conquistar confiança, apoio e simpatia. Quando era um simples torneiro mecânico, soube organizar sua categoria num sindicato forte e atuante que fez história. Foi nesta época que o conheci. Lembro quando foi preso, como se fosse bandido. “Julgaram” a greve dos metalúrgicos do ABC ilegal e Lula, seu líder, foi preso. A fúria dos empresários devia-se ao fato de que aqueles trabalhadores não eram simples peões, peças de fácil reposição. Na época, ser metalúrgico era ofício quase de artesão. Não havia tecnologia e robótica como hoje. Para ser metalúrgico, tinha que ter talento, sensibilidade e precisão.
No final dos anos 70, eu era jovem e idealista. Fiz parte de um grupo de teatro que aderiu à luta dos metalúrgicos, assim como centenas de outros grupos que arrecadavam doações para ajudar no sustento de suas famílias. Nos esforçávamos para vender os bônus da greve, simples recibos de contribuição à causa. Muita gente organizava shows, eventos, churrascos, enfim, qualquer pretexto para arrecadar dinheiro. Foi construída uma pirâmide humana que levava o dinheiro até uma conta corrente e de lá era repassado para a compra de alimentos para as famílias dos grevistas. E estes trabalhadores, batalhando pelos seus direitos, simbolizaram os anseios da nova geração da esquerda brasileira. A luta foi uma das mais longas na história: quase dois meses. Foi a primeira ação política coletiva da qual participei. Mal sabia eu que estava vivendo o embrião do que viria a ser o Partido dos Trabalhadores. Mesmo antes de existir oficialmente, o PT já era uma camisa que vestíamos há algum tempo. E sua fundação foi um marco histórico. Uniu todas as vertentes da esquerda brasileira. Talvez seja por isso que é tão perseguido. E também por isso que cresceu tanto.
Lula não me engana. Foi conduzido à política quase contra a vontade. Entendeu que para modificar a realidade de milhares de trabalhadores iguais a ele, precisava alcançar novos instrumentos de transformação. Elegeu-se o deputado mais votado do Brasil e fundou o PT. Sua força cresceu por ser um líder autêntico, carismático e de origem humilde. Quando percebeu que outros sindicalistas, igreja, economistas, escritores, intelectuais, filósofos, artistas, enfim – boa parte das melhores cabeças pensantes do país filiavam-se ou passavam a apoiar o PT, teve a noção de que ser presidente não era utopia: era destino. Incorporou. Participou de todas as eleições seguintes sempre acumulando capital eleitoral.
Fez as campanhas eleitorais mais emocionantes que este país já viu. Uma das canções mais marcantes foi a inesquecível “LulaLá”, da campanha de 89. (Mesmo Collor confessou, recentemente, que na época, dormia com a canção “LulaLá” colada no ouvido…) Quase vira hino! Obrigou a direita a se mostrar, se assumir. “Ou você é a favor ou é contra. Contra ou a favor de quem? Do PT do Lula”. O PIG se esforçava para conter a avalanche. Não me esqueço da capa da Veja – uma montagem em que Lula aparecia cumprimentando Collor (antes do debate decisivo na Globo) como se estivesse numa escada, dois degraus abaixo, fundo preto. Depois teve aquela famosa edição dos “melhores momentos” do debate, retirando as falas de Lula do contexto, fazendo-o perder o sentido e parecer despreparado. Além disso, a Globo passou o dia inteiro da eleição exibindo flashes ao vivo do sequestro do empresário Abílio Diniz e atribuindo a ação a elementos ligados ao PT. Uma mentira que não durou 24 horas. Diniz, anos depois, ainda sentiria orgulho de apoiar Lula.
No final dos anos 70, eu era jovem e idealista. Fiz parte de um grupo de teatro que aderiu à luta dos metalúrgicos, assim como centenas de outros grupos que arrecadavam doações para ajudar no sustento de suas famílias. Nos esforçávamos para vender os bônus da greve, simples recibos de contribuição à causa. Muita gente organizava shows, eventos, churrascos, enfim, qualquer pretexto para arrecadar dinheiro. Foi construída uma pirâmide humana que levava o dinheiro até uma conta corrente e de lá era repassado para a compra de alimentos para as famílias dos grevistas. E estes trabalhadores, batalhando pelos seus direitos, simbolizaram os anseios da nova geração da esquerda brasileira. A luta foi uma das mais longas na história: quase dois meses. Foi a primeira ação política coletiva da qual participei. Mal sabia eu que estava vivendo o embrião do que viria a ser o Partido dos Trabalhadores. Mesmo antes de existir oficialmente, o PT já era uma camisa que vestíamos há algum tempo. E sua fundação foi um marco histórico. Uniu todas as vertentes da esquerda brasileira. Talvez seja por isso que é tão perseguido. E também por isso que cresceu tanto.
Lula não me engana. Foi conduzido à política quase contra a vontade. Entendeu que para modificar a realidade de milhares de trabalhadores iguais a ele, precisava alcançar novos instrumentos de transformação. Elegeu-se o deputado mais votado do Brasil e fundou o PT. Sua força cresceu por ser um líder autêntico, carismático e de origem humilde. Quando percebeu que outros sindicalistas, igreja, economistas, escritores, intelectuais, filósofos, artistas, enfim – boa parte das melhores cabeças pensantes do país filiavam-se ou passavam a apoiar o PT, teve a noção de que ser presidente não era utopia: era destino. Incorporou. Participou de todas as eleições seguintes sempre acumulando capital eleitoral.
Fez as campanhas eleitorais mais emocionantes que este país já viu. Uma das canções mais marcantes foi a inesquecível “LulaLá”, da campanha de 89. (Mesmo Collor confessou, recentemente, que na época, dormia com a canção “LulaLá” colada no ouvido…) Quase vira hino! Obrigou a direita a se mostrar, se assumir. “Ou você é a favor ou é contra. Contra ou a favor de quem? Do PT do Lula”. O PIG se esforçava para conter a avalanche. Não me esqueço da capa da Veja – uma montagem em que Lula aparecia cumprimentando Collor (antes do debate decisivo na Globo) como se estivesse numa escada, dois degraus abaixo, fundo preto. Depois teve aquela famosa edição dos “melhores momentos” do debate, retirando as falas de Lula do contexto, fazendo-o perder o sentido e parecer despreparado. Além disso, a Globo passou o dia inteiro da eleição exibindo flashes ao vivo do sequestro do empresário Abílio Diniz e atribuindo a ação a elementos ligados ao PT. Uma mentira que não durou 24 horas. Diniz, anos depois, ainda sentiria orgulho de apoiar Lula.
Em 2002, quando finalmente venceu a mídia e os adversários, renovou minhas convicções e me fez chorar no discurso da posse (clique aqui para rever). Montou uma equipe de governo técnica e competente para garantir uma boa administração. Honesto com suas origens, deu o tom social ao seu governo. Lula não me engana – sabia que só assim poderia ganhar a aprovação do povo brasileiro, fazer um bom governo e, quem sabe até, reeleger-se.
Em 2006 foi reeleito dando uma goleada de votos no paulistinha Alckmin. E finalmente começou a colher o que plantou: o país começava a crescer fortemente. A economia bombava, o desemprego caía pelas tabelas e o Bolsa Família já havia deixado de ser o Bolsa-alimentação figurativo de FHC para tornar-se o maior programa de combate à fome do mundo. E ainda garantia 50 milhões de crianças nas escolas. As obras de infraestrutura, o enfrentamento da crise financeira mundial em 2008, a descoberta do Pré-sal e a luta para garantir que essa riqueza beneficiasse, acima de tudo, o povo brasileiro, os investimentos do PAC, o ProUni, Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos… Não me engana: tudo visava melhorar a vida do povo para ganhar sua confiança e quebrar recordes seguidos de avaliação positiva do seu governo e de si próprio.
Ao ser reconhecido mundialmente, acima das direitas e esquerdas, como o melhor presidente das Américas – ser chamado de “O Cara”, ao vivo, pelo presidente da nação mais poderosa do mundo e além disso, receber premiações dos órgãos de imprensa e entidades de direitos humanos mais conceituadas do planeta pelas suas realizações, Lula sentiu que poderia – imaginem só – fazer sucessor! E como se não bastasse, ousou escolher uma mulher para dar continuidade ao seu governo! É certo que Dilma conhece tudo que está sendo feito no Brasil, já que foi seu braço direito. Mas não me engana…
Sabe que não me engana, Luiz. Sei muito bem de onde veio. Até assisti o filme que fizeram sobre sua vida. Sei que não vai abandonar a política como se o teu sonho já estivesse totalmente realizado. Tenho certeza que seguirá de perto o novo governo, dará palpites e terá influência natural e decisiva quando for preciso. Sei que vê no Brasil atual um bebê nascido do ventre do seu governo. Por isso tem um sentimento possessivo pelo país e pelo povo daqui.
Ah, Luiz Inácio da Silva! Você não me engana. Sabe por que? Porque é um homem simples, honesto e transparente como a água. E não sou o único a pensar assim: 87% dos brasileiros também sabem que você não engana ninguém.
Vai lá, passa a faixa pra Dilma e volta pra São Bernardo – que tem um monte de amigos seus esperando pra te abraçar e festejar este novo Brasil e sua democracia! Depois voltamos a falar sobre política.
Fonte: O que será que me dá?
2 comentários:
Nem a mim.
A mim também não.
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