sábado, 2 de março de 2013

Atropelos da oposição,



José Dirceu

A vida da oposição não anda fácil. Seus líderes bem que tentam criar fatos e com eles ganhar alguma projeção perante a opinião pública, mas a única coisa que têm conseguido é escancarar a falta de unidade entre seus pares e sua gritante carência de ideias e projetos alternativos para o país.

Mesmo esforçando-se em antecipar a disputa pela sucessão presidencial, produzindo discursos e declarações que beiram a histeria - sempre contando com a habitual e generosa cobertura da grande imprensa - até agora não conseguiram decolar uma só candidatura. O que temos são as intenções, as tensões e as precipitações de sempre.

A ex-senadora presidenciável Marina Silva, por exemplo, mal consolidou a sua nova legenda, a Rede Sustentabilidade, e já elevou o tom contra a presidenta Dilma Rousseff, única candidata certa ao pleito de 2014.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Marina declarou que a presidenta Dilma não entende a "nova economia" e mencionou o "crescimento pífio" do Brasil nos últimos dois anos. Críticas vazias que não explicitam o modelo de desenvolvimento que ela, Marina, e seu novo partido propõem para o país, considerando a crise aguda que abala o mundo.

No PSB, a hipotética candidatura do governador de Pernambuco Eduardo Campos à sucessão presidencial também não ecoa em uníssono. Seu companheiro de partido, o ex-ministro Ciro Gomes, aproveitou o espaço que tem na Rádio Verdes Mares, de Fortaleza, onde é comentarista esportivo, para dizer que Campos, bem como os outros dois presidenciáveis, Marina Silva e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), não têm propostas para o país.

Campos e Aécio, aliás, protagonizaram recentemente uma ácida troca de farpas, deixando claro que já se colocam em situação de embate, afinal uma provável e legítima candidatura do PSB ao Palácio do Planalto, nesse momento, é um problema maior para o PSDB. Seja porque ela ocupa um espaço na oposição, seja porque inviabiliza o tucanato no Nordeste, onde a presidenta Dilma e o governador Eduardo Campos obteriam quase a totalidade dos votos.

Mas se há um partido onde a confusão de fato se generalizou é o PSDB. A candidatura de Aécio, lançada de forma atrapalhada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no ano passado, atropelando até o presidente nacional de seu partido, deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE), não convence.

Apesar do empenho do ex-presidente em emplacar o senador mineiro como candidato ao Planalto, Aécio não é consenso dentro dos muros do tucanato. O ex-governador José Serra, derrotado nas eleições presidenciais de 2002 e 2010 e fracassado na tentativa de voltar à Prefeitura de São Paulo no ano passado, ao que tudo indica, não abrirá mão de disputar prévias partidárias com o ex-governador de Minas.

Já os sete governadores de Estado tucanos eleitos em 2010 e as bancadas do PSDB sequer foram consultados. Nem mesmo o governador hoje à frente do Estado mais rico do país, Geraldo Alckmin, consegue se posicionar nessa panaceia tucana.

Com a imagem desgastada depois da crise na segurança pública paulista e do apagão que o PSDB promoveu em áreas fundamentais ao longo de vinte anos comandando São Paulo, Alckmin ainda não se mostrou capaz de consolidar apoios que sustentem sua candidatura. Mas, ao melhor estilo tucano, procura manter-se neutro, sem dar seu aval a Aécio nem a Serra.

Depois de tomar para si o papel de principal articulador da campanha antecipada de Aécio, FHC não para de trocar os pés pelas mãos. Para legitimar seu candidato busca, ao invés de exaltar as qualidades dele e as dos governos de seu partido, desconstruir a liderança inconteste do ex-presidente Lula, o Partido do Trabalhadores e todas as conquistas dos governos de seus dois sucessores.

Ao criticar as comemorações do PT pelos dez anos à frente da administração do Brasil e pelas conquistas obtidas no período, FHC voltou a sua antiga tese de que o partido teria copiado as ideias e projetos tucanos. Uma falácia absoluta, evidenciada pelo fato de o ex-presidente tucano fugir das comparações entre o seu governo e os de Lula e Dilma.

Não deve ser fácil mesmo para FHC contrapor os números e indicadores econômicos e sociais da sua gestão e das gestões de Lula e Dilma e perceber o salto imenso que nosso país deu na última década. Porém, as comparações são inevitáveis, não pela disputa eleitoral que tanto insistem em colocar, mas porque comparar significa oferecer ao povo brasileiro a possibilidade de confrontar e julgar os dois modelos.

É, portanto, um ato de cidadania e participação política ao qual o partido não pode se furtar.Além da inabilidade de FHC como mentor, Aécio enfrenta a si mesmo como opositor.

Quando sobe à tribuna do Senado para apontar o que chamou de "13 fracassos petistas", demonstra a mesquinhez e a incapacidade da oposição em aceitar que as conquistas obtidas sob os governos do PT não são de um partido ou de algumas lideranças, mas do país e do povo brasileiro.

O mesmo povo que demonstra querer continuar avançando e que confia ao PT, por meio do voto, a esperança de seguir mudando o país, tornando-o mais justo e menos desigual.

Ao negar as reformas que estão colocando o Brasil nos trilhos do desenvolvimento e assegurando à população a garantia de seus direitos, a oposição automaticamente se contrapõe aos anseios da grande maioria dos brasileiros.

Enquanto a oposição se debate em suas incertezas e incapacidade de enxergar a nova realidade brasileira, o PT segue à frente de um projeto político que tem melhorado concretamente a vida de milhões de pessoas.

Para o PT, 2013 é um ano não de disputas menores, mas de somar esforços para a retomada do crescimento e a consolidação das mudanças. É o momento de fazer com que o país avance cada vez mais na melhoria de sua infraestrutura, Educação e inovação, de aprofundar as medidas econômicas para garantir mais investimentos e competitividade, e de reforçar os importantes programas sociais lançados e executados ao longo destes dez anos de governo petista.

Enquanto Aécio, FHC e companhia se dedicam a uma campanha eleitoral cheia de atropelos, sem propostas, cuja estratégia consiste unicamente em atacar e negar os avanços da última década, o PT continua dialogando com o povo brasileiro, comparando os governos, percorrendo o país e mobilizando a sociedade para a continuidade do desenvolvimento nacional e de um governo democrático, soberano e popular.
 

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