Imediatamente após o golpe 1964, os militares tentaram cooptar grandes nomes da política brasileira, cuja credibilidade pudesse mitigar a violência cometida contra a democracia.
Ao então governador de Pernambuco, Miguel Arraes, avô do atual ocupante do cargo, Eduardo Campos, foi dada a opção seca: adesão com renúncia 'espontânea', ou prisão.
Cercado no Palácio das Princesas, o sertanejo Miguel Arraes honrou a fibra que lhe dera fama.
'Não vou trair a vontade dos que me elegeram', mandou dizer aos emissários do Exército.
Foi preso imediatamente. Sobral Pinto, famoso jurista da época, conseguiu-lhe um habeas corpus, cujo relator foi Evandro Lins e Silva.
Em 1965, Arraes exilou-se na Argélia. Em 1967 foi condenado à revelia: 23 anos de prisão.
Voltou ao país com a abertura, em 1979. A coerência que o transformara em legenda, impulsionou a retomada da carreira política.
Arraes elegeu-se governador de Pernabuco mais duas vezes, em 1986 e 1994.
Outro exemplo de retidão sertaneja foi o paraibano de Pombal, Celso Furtado.
Decano dos economistas brasileiros, Furtado dirigia a Sudene, em Recife.
No dia do golpe, esvaziava gavetas quando teve a sala invadida por um grupo de oficiais de alta patente.
A exemplo de Arraes, foi chantageado pelos que buscavam aliados vistosos.
Sua resposta não foi menos enfática:
'Sou um servidor da República, não me peçam para trair minha pátria', disparou sobre seus interlocutores envergonhando-os. Consta que deixou o edifício da Sudene dirigindo o próprio carro.
Cassado, Furtado exilou-se na França, onde viveu de suas aulas. Até hoje não foi anistiado, embora tenha sido incluído na primeira lista de cassados da ditadura. Tampouco se tem notícia de que seus familiares receberam qualquer indenização do Estado brasileiro.
O governador Eduardo Campos conhece essas histórias, conviveu com seus personagens.
O governador tem recebido emissários frequentes das mesmas forças e interesses que em 1964 acossaram seu avô, perseguiram e jogaram no ostracismo reservas intelectuais e morais da Nação, a exemplo de Furtado.
O governador deve em boa parte a carreira política aos que souberam dizer não aos emissários da traição e do golpismo.
A ver.
Ao então governador de Pernambuco, Miguel Arraes, avô do atual ocupante do cargo, Eduardo Campos, foi dada a opção seca: adesão com renúncia 'espontânea', ou prisão.
Cercado no Palácio das Princesas, o sertanejo Miguel Arraes honrou a fibra que lhe dera fama.
'Não vou trair a vontade dos que me elegeram', mandou dizer aos emissários do Exército.
Foi preso imediatamente. Sobral Pinto, famoso jurista da época, conseguiu-lhe um habeas corpus, cujo relator foi Evandro Lins e Silva.
Em 1965, Arraes exilou-se na Argélia. Em 1967 foi condenado à revelia: 23 anos de prisão.
Voltou ao país com a abertura, em 1979. A coerência que o transformara em legenda, impulsionou a retomada da carreira política.
Arraes elegeu-se governador de Pernabuco mais duas vezes, em 1986 e 1994.
Outro exemplo de retidão sertaneja foi o paraibano de Pombal, Celso Furtado.
Decano dos economistas brasileiros, Furtado dirigia a Sudene, em Recife.
No dia do golpe, esvaziava gavetas quando teve a sala invadida por um grupo de oficiais de alta patente.
A exemplo de Arraes, foi chantageado pelos que buscavam aliados vistosos.
Sua resposta não foi menos enfática:
'Sou um servidor da República, não me peçam para trair minha pátria', disparou sobre seus interlocutores envergonhando-os. Consta que deixou o edifício da Sudene dirigindo o próprio carro.
Cassado, Furtado exilou-se na França, onde viveu de suas aulas. Até hoje não foi anistiado, embora tenha sido incluído na primeira lista de cassados da ditadura. Tampouco se tem notícia de que seus familiares receberam qualquer indenização do Estado brasileiro.
O governador Eduardo Campos conhece essas histórias, conviveu com seus personagens.
O governador tem recebido emissários frequentes das mesmas forças e interesses que em 1964 acossaram seu avô, perseguiram e jogaram no ostracismo reservas intelectuais e morais da Nação, a exemplo de Furtado.
O governador deve em boa parte a carreira política aos que souberam dizer não aos emissários da traição e do golpismo.
A ver.
Saul Leblon-Carta Maior
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