sábado, 9 de março de 2013

Dilma deve usar mais nosso espectro

espectro
Desde seu nascimento, o PT sempre esteve num patamar superior quando o assunto é comunicação. E não é somente pelos ótimos profissionais da área que abraçaram a causa do partido desde a sua fundação. Fazer um bom trabalho de comunicação, exige boa matéria prima: tanto no conteúdo, quanto na forma. Em outras palavras, para fazer uma boa peça de comunicação, seja impressa ou audiovisual, é preciso boas propostas, bom discurso, boas imagens e… realizações incontestáveis.
 
 
Nos últimos 10 anos o PT produziu e multiplicou essa matéria prima. O PiG esconde ou desmerece as realizações do governo federal por 20 meses. Chega então a próxima campanha eleitoral e o horário “gratuito” na TV, e o PT esbanja criatividade em seu marketing. Até os adversários admitem. (Collor, por exemplo, confessou que na campanha eleitoral de 89 ia dormir com o “Lulalá” ecoando na cabeça.).
 
 
Gasta-se uma grana preta nas campanhas eleitorais. E a tecnologia ajuda muito. Mas, suponhamos que o financiamento de campanha se tornasse público – o que, aliás, seria excelente. Suponhamos que as verbas disponibilizadas para cada partido fossem irrisórias, impossibilitando os recursos de computação gráfica, jingles, atores e outros elementos. Que a propaganda eleitoral ficasse nas ideias e nas realizações de cada um – sem as milionárias super-produções que estamos acostumados a ver. Mesmo assim, o PT faria a melhor campanha. Porque tem muito mais matéria prima. Isso, para não mencionar o carisma de Lula.
 
 
Por outro lado, há uma leve brisa, totalmente inofensiva, soprando pela regulamentação da mídia. A passos de tartaruga, frente ao império imoral dos Marinho (construído em parceria com os golpistas de 64), deve levar décadas para virar vento de verdade.
 
 
Dilma não pode (e nem deve) meter o bico no vespeiro do debate sobre Lei dos Meios. É tudo que o PiG precisa para “reagir”, vendendo à opinião pública(da) que o PT quer a censura para poder comer criancinhas à vontade. Rasgariam seda em público e não sairíamos do zero. A presidenta não verbaliza, mas é claro que gostaria de derrotar a ditadura midiática. Mas a maioria dos parlamentares tem medo ou tem o rabo preso com a imprensa. Não há outra maneira de colocar a Globo de joelhos para a Carta Magna de 88, que não seja a mobilização e a pressão irresistível da sociedade. Se chegaremos lá, algum dia, são outros quinhentos. Mas a direção é essa: mobilização popular.
 
 
Talvez não seja mais o caso de espernear por uma Lei dos Meios e sim investir pesadamente em Meios Próprios. Porque a concentração dos meios de comunicação nas mãos de meia dúzia de famílias, tem ligação umbilical com as regras da livre iniciativa capitalista.
 
 
Assim como Lula fez revolução redistribuindo renda sem mudar o regime ou tocar no patrimônio das elites, Dilma deveria criar, ampliar e fortalecer mais canais alternativos, realmente abrangentes, que façam contraponto ao discurso do PiG. Bastaria usar parte dos 391 milhões pagos à Globo, à Abril & Cia anualmente.
 
 
Ontem, em seu pronunciamento, a presidenta mostrou que o governo continua sintonizado na população mais carente. Falta fazer essa população sintonizar no governo. Além da criacão de canais de comunicação não alinhados ao PiG, não há outro caminho que não seja fazer uso cada vez mais frequente do espectro eletromagnético que o povo brasileiro empresta à Globo. Pois vem aí um tsunami selvagem e imoral em direção ao governo petista. E Dilma precisa proteger seu segundo mandato dessa imprensa predatória.
 
 
A rigor, a presidenta não precisa pedir licença para entrar na casa dos brasileiros em horário nobre para se comunicar com a população. Pois os brasileiros que a elegeram em 2010 também a autorizaram a fazer uso das rádios e TVs quando bem entendesse. A novela que espere…
 
 

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