Merval gosta de lançar livros, contanto que o protagonista seja o ex-presidente Lula. O “imortal” não é bobo. Lula vende. E o FHC só vende mesmo o Brasil
Por Davis Sena Filho
Merval Pereira é um homem crédulo. Digamos até que por sê-lo, o “imortal” é considerado pelos seus semelhantes um cidadão de inocência ímpar e de propósitos que fogem a razão e a compreensão dos seres mortais. O empregado e porta-voz da família Marinho é um virtuoso, de caráter inflexível e personalidade admirável para as pessoas que o leem e o ouvem. Somente por isto e por causa disto, Merval se dá ao luxo de acreditar no que escreve e em revistas e jornais, a exemplo de o O Globo e de Veja, aquele pasquim de extrema direita, que enlameia a atividade de jornalismo e debocha da inteligência alheia.
Merval Pereira é assim: crédulo e virtuoso. É o seu jeito de ser, e contra esta realidade nada pode ser feito, porque é impossível impedi-lo de ser tão perfeito e... crédulo! O “imortal”, por exemplo, volto a repetir, acredita no que diz, bem como crê na imprensa de negócios privados, autora de reportagens tão sérias e voltadas ao jornalismo em prol dos interesses de cidadania do povo brasileiro. Ele acredita piamente, sem ter qualquer dúvida, que o presidente mais popular da história do Brasil é o chefe do "mensalão", e que a copilação de seus artigos, que o Merval tem a mania de transformá-los em livro, poderá ter consequência para o fundador do PT e da CUT, que, em apenas oito anos, fez uma revolução silenciosa no Brasil.
Merval Pereira age dessa forma, por se tratar de um gênio do jornalismo, talvez incompreendido. Tal capataz da família Marinho somente não lidera as massas porque ele sente tédio, que, irreversivelmente, causa-lhe profunda melancolia ou desgosto, como ocorria com os poetas românticos do século XIX, além de sentir também uma incomensurável preguiça para se meter com questões populares, como, por exemplo, permitir o acesso dos brasileiros menos premiados pela vida — a exemplo do Merval, à saúde, à educação, à segurança, à moradia, ao lazer, ao emprego, ao consumo, e, quiçá, sem exageros, a um pouquinho de felicidade. Se o Merval concordar, evidentemente...
Merval Pereira adora as capas da Veja ou de qualquer publicação que afronte os governantes trabalhistas, como, por exemplo, ocorreu há poucos meses com uma foto do Marcos Valério em um ambiente avermelhado, sombrio e demoníaco, pois o “mensalão” do PT é coisa do diabo e por isto a imprensa corporativa, comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?) tem de rotineiramente denunciá-lo desde 2004, porque é o único “trunfo” que a direita herdeira da escravidão tem para fazer frente a governantes trabalhistas, como Lula e Dilma, que tiraram da miséria e da pobreza mais de 30 milhões de brasileiros, além de não permitirem que a crise neoliberal dos europeus e dos estadunidenses e do FHC, que foi três vezes ao FMI pedir esmolas de joelhos e com o pires na mão prejudicasse o projeto econômico e social do Brasil de crescer e garantir empregos à população brasileira, o que, sobremaneira, foi feito.
Merval Pereira deu a senha, e foi acompanhado por Ricardo Noblat, blogueiro de alma tucana e colunista de O Globo, e Cristiana Lôbo, uma das “meninas” do Jô, jornalista de perfil conservador e que, na verdade, sempre opina “em cima do muro” talvez para dar uma (falsa) impressão que ainda se mantém como uma profissional imparcial, o que, evidentemente, não convence nem a um recém-nascido. O trio “global” espera que matérias pérfidas e de má-fé como as de Veja sobre Marcos Valério se desdobrem por toda mídia de forma incessante e sistemática até o ano das eleições, em 2014, apesar de que as declarações e opiniões dos “entrevistados” da imprensa de mercado contra Lula, José Dirceu, José Genoíno e outros membros do PT serem, geralmente, em off, ou seja, o jornalismo imprudente, maledicente, meramente declaratório, de conotação golpista e por isso sem a gravação do entrevistado, que comprove as palavras de quem falou com a imprensa. Para resumir: o verdadeiro e autêntico jornalismo de esgoto.
Matérias que não explicitam e evidenciam os nomes dos seres falantes, que, de acordo com o pasquim de extrema direita e de péssima qualidade editorial como o é a Veja, são amigos e parentes do publicitário considerado o gerente do “mensalão”. Lembro que na época o advogado de Marcos Valeiro, Marcelo Leonardo, negou ao Portal Terra que seu cliente tenha dado entrevista, bem como informou que ele não fala com a imprensa há sete anos. Esse caso é apenas um exemplo, somente para ilustrar, pois inúmeras matérias alarmistas e de conteúdo escandaloso foram publicadas ou veiculadas, sem, no entanto, haver preocupação em ouvir o acusado e muito menos foi considerada a veracidade dos fatos. Esta foi a tônica, inclusive no decorrer do julgamento do “mensalão”, que, para mim, foi uma farsa de propósitos totalmente políticos e partidários. O "mensalão" para mim é o Mentirão.
Até hoje juridicamente e oficialmente o tal “mensalão”, que deveria, volto a repetir, ser chamado de mentirão, não foi comprovado mesmo a ser denunciado pelo procurador geral da República e opositor ao Governo, Roberto Gurgel, que prevaricou durante quase três anos sobre o escândalo do bicheiro Carlinhos Cachoeira e seus aliados do PSDB e do DEM, e que um dia poderá responder no Senado e no STF pelos seus atos. No momento, tal procurador está a ser pressionado severamente pelo senador Fernando Collor (PTB/AL). Muitos dos punidos e dos que ainda serão punidos não tiveram observados — é o caso de Dirceu — a presunção da inocência. Seria terrível para a democracia brasileira, que se baseia no estado democrático de direito, ter a Constituição rasgada, principalmente no que diz respeito ao seu artigo 5.°, inciso LVII: "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória".
Merval foi nomeado pelas Organizações Globo na ABL, e se comporta como um cafeicultor do século XIX.
A presunção da inocência é, talvez, a mais importante garantia constitucional. Se ela é desrespeitada, voltamos à barbárie. Acontece que José Dirceu foi cassado politicamente e por causa da pressão da mídia alienígena e golpista sua cabeça foi oferecida pela Câmara dos Deputados, pois se não conseguiram dar um golpe branco, de estado, no presidente trabalhista Lula, em 2005, pelo menos, momentaneamente, matariam a sede de sangue da imprensa burguesa que há dez anos tenta desconstruir a moral e a imagem de Lula, que saiu às ruas naquele ano e evitou o golpe, porque a direita recuou. E isto é inadmissível e imperdoável para o baronato carcomido por suas ideias reacionárias e retrógadas e que sente uma imensa nostalgia da ditadura militar.
José Dirceu foi considerado culpado pelos guardiões do establishment, que é a maioria dos juízes que compõe o STF, porque não houve condições e nem clima para absolvê-lo. Dirceu, juntamente com Lula, é o político brasileiro mais combatido pela oligarquia escravagista brasileira. Sofre um linchamento moral e sem direito à presunção da inocência há oito anos. Até o seu apartamento em hotel de Brasília foi invadido por repórter da revista Veja, que se deixou levar por sua índole duvidosa e mesmo assim até hoje não foi punido, apesar de eu não saber se ele foi processado, o que, sobremaneira, deveria acontecer. A presunção da inocência é uma prerrogativa conferida ao acusado e no Brasil não está a ser respeitada, porque temos uma imprensa suja que distorce os fatos, mente sobre as realidades e, de tão audaciosa por saber de sua impunidade, tenta derrubar governantes constitucionalmente eleitos pela maioria do povo brasileiro. É o fim da picada.
Depois “temos” de aguentar o tal do Merval Pereira, que, do alto de sua pose pseudointelectual, deita falação e se nega a observar os fatos e os ditames constitucionais, por ele ser um dos porta-vozes de uma das seis famílias que controlam o sistema midiático comercial e privado, que tem a ousadia de fazer da vida brasileira uma novela terrível e de má qualidade, onde as pessoas são moídas moralmente sem ter o direito de se defender, porque a imprensa de negócios privados não se subordina à Constituição e ao Direito. A imprensa imperialista e as mídias de direita não são regulamentadas, porque no Brasil não foi efetivado um marco regulatório para esse setor da economia, apesar de estar previsto na Constituição. Alô, presidenta Dilma, cadê o projeto de regulamentação das mídias elaborado pelo jornalista Franklin Martins? Não sabe onde está? Então fale com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e pergunte em qual gaveta do Ministério ele escondeu o projeto, que deve estar todo empoeirado.
Merval Pereira é assim: acredita no que é injusto e se torna um algoz com a faculdade de escrever o que lhe vem na telha, ao ponto de ter previsto que certas reportagens patrocinadas pela velha mídia de direita vão ter desdobramentos terríveis contra o Lula e muitos de seus aliados políticos. Para o Merval, o setor midiático empresarial é completamente verossímil, e, portanto, uma ferramenta de combate aos governantes trabalhistas. Apesar dos offs, das distorções e das manipulações. Merval gosta de lançar livros, contanto que o protagonista seja o ex-presidente Lula. O “imortal” não é bobo. Lula vende. E o FHC só vende mesmo o Brasil. Ele sabe disso.
Merval Pereira é o lobisomem de capa e de fardão. É isso aí.
Fonte:Blog Palavra Livre
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