segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Dilma não é Cardoso

O Pensamento Jornalístico Único é pouco objetivo ao conceder tanta transcendência à foto de Dilma com Fernando Henrique Cardoso que, aos 80 anos, deixou de ser um personagem determinante do cenário brasileiro. Houve temas de igual ou maior importância, merecedores de um lugar mais destacado nas capas, mas que não tiveram esse destaque.


A propósito do Pensamento Jornalístico Único. Em bloco, os três maiores jornais brasileiros ilustraram suas capas de sexta-feira com fotos da presidenta Dilma Rousseff, pertencente ao Partido dos Trabalhadores (PT), de esquerda ou centro-esquerda, junto ao ex-mandatário Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Socialdemocracia Brasileira (PSDB), nascido na centro-esquerda, tornado centrista ou direitista.

Para o Pensamento Jornalístico Único abraçado com maior ou menor ortodoxia pelos jornais Folha, Estadão e O Globo, Cardoso é uma esfinge: sólido intelectual, símbolo e sempre defensor das privatizações dos anos 90, confiável tanto para Washington como para os banqueiros e
consequente antagonista de Luiz Inácio Lula da Silva e do “lulismo”.

Mas se ponderamos a atualidade com mais rigor que ideologia veremos que o referido Pensamento Jornalístico Único é pouco objetivo ao conceder tanta transcendência à foto de Dilma com Cardoso que, aos 80 anos, deixou de ser um personagem determinante do cenário brasileiro. Houve temas de igual ou maior importância, merecedores de um lugar mais destacado nas capas, mas que não tiveram esse destaque.

Por exemplo, no mesmo dia em que se encontrou com Cardoso, Dilma entregou 1.900 casas a famílias pobres de São Paulo, sob a promessa de construir mais dois milhões de casas como forma de enfrentar a crise, mediante uma fórmula distinta da “insensatez” dos Estados Unidos que, conforme disse, insiste em subsidiar os bancos. E declarou que a prioridade de seu governo é o social, muito mais do que “limpeza ética” que causou a renúncia de quatro ministros, a remoção de um quinto que agora comanda uma secretaria sem peso, e tem outros dois sob observação, os de Turismo e Cidades, segundo se informou neste final de semana.

O certo é que esses assuntos significativos, como o Programa Brasil Sem Miséria ou a recente cúpula da Unasul em Lima, passam quase em branco nas manchetes, pois o Pensamento Jornalístico Único (o chamaremos de PJU), antes de responder a critérios noticiosos, responde a um programa de ação política, dado que a imprensa desempenha o papel de principal força opositora, enquanto se reconstrói o Partido da Socialdemocracia, reduzido a escombros após ser derrotados nas eleições do ano passado pelo PT de Rousseff e Lula.

A cruzada de Dilma contra os funcionários desonestos tem a já mencionada aprovação do partido midiático, do líder socialdemocrata Cardoso e da opinião publica, que a premiou com 70% segundo uma pesquisa da semana passada. Em troca, Lula, seu conselheiro e criador político, sugeriu a Rousseff evitar a tentação ética.

Animal político de fino instinto, Lula percebe que o aplauso da imprensa às medidas moralizantes pode ser uma armadilha para que Rousseff acabe abraçando uma agenda exageradamente moralizante, mais própria dos conservadores do que de um governo de esquerda. Ao ex-sindicalista e presidente de honra do PT preocupa que sua companheira descuide o lado social, ainda mais quando começam a se ouvir algumas vozes descontentes.

A Central Única dos Trabalhadores desaprovou algumas reformas anunciadas pelo governo (como a desoneração da folha salarial para os empresários), assim como a vigência das taxas de juro mais altas do mundo que enchem de felicidade e lucro os especuladores. Os camponeses sem terra tampouco aprovam as medidas de austeridade previstas pelo governo para atacar a crise e anunciaram uma marcha de protesto esta semana em Brasília.

Os últimos dias possivelmente deixaram ensinamentos a Dilma, que começa a perceber que sua governabilidade é mais frágil do que supunha, pois depende de uma coalizão de partidos de duvidosa lealdade e de que o impacto da crise, até o momento sob controle, não atinja o apoio popular.


Rousseff sabe que o mapa político brasileiro, para além das instituições formais, está dominando por duas grandes correntes: o lulismo, que ultrapassa o PT e arrasta o espectro progressista, e o Partido do Pensamento Jornalístico Único, em torno do qual orbitam diferentes expressões mais ou menos conservadoras.

Tradução: Katarina Peixoto


Pescadao no Carta Maior

3 comentários:

Anônimo disse...

O PSDB a serviço do lulopetismo, que é a banda mais podre da política barsileira.

faqkdcoEstá certo que governadores estaduais não podem prescindir do governo federal, já que o sistema federativo brasileiro é uma piada. É incrível como esse sistema, ele mesmo, é a forma mais eloqüente da corrupção transformada em lei. Tanto é que o governador de São Paulo, um estado que na verdade sustenta a maioria do Brasil, tem que render rapapés e salamaleques para a presidente da República. Dilma sai do nada para o exercício desse presidencialismo imperial que controla a aplicação de todos os recursos federais que são gerados pelos Estados. Os Estados produzem a riqueza que acaba nos cofres federais e depois o governador tem de tratar de não melindrar a rainha. Brasília funciona como a metrópole portuguesa na época do império.
Agora, convenhamos. O Alckmin está exagerando em misuras.
Seria mais decente que, como um governador que pertence a um partido que está na oposição, mantivesse uma postura mais reservada e se limitasse ao protocolo. O que se viu no final da semana foi abundância de fotos nos jornais mostrando FHC e Alckmin trocando afagos com Dilma, senão apoio explícito. Logo de FHC permanentemente atacado pelos petistas. E voltará a ser violentamente atacado na campanha eleitoral que se avizinha quando Lula voltar a soltar seus perdigotos de podridão trepado num palanque na Praça da Sé.
Até porque o PT não é um partido democrático. Já cansei de dizer isso aqui no blog. Um dos maiores objetivos do PT é fincar as suas garras em São Paulo. É parte do projeto político do Partido que não desistiu um milímetro de seu objetivo socialista de poder eterno preconizado pelo Foro de São Paulo, a organização esquerdista que comanda a comunização da América Latins. Tanto é que Lula vem se dedicando a montar um esquema para vencer o pleito municipal paulista no ano que vem. Sob as ordens de Lula verão vocês que Dilma vai também sentar praça em São Paulo, tarefa que já começou a executar como se vê. E a grana vai rolar para financiar uma campanha milionária do PT.
No momento em que o Brasil é banhado por águas fétidas da corrupção que banca o PT no poder através da base alugada é no mínimo vergonhoso que o PSDB tenha essa postura de bajuladora.
Ou Ackmin e FHC acreditam num rompimento da base alugada com o PT? Se acreditam, esperem sentados vendo os votos que amealharam na última eleição evaporando.
Mas o fato mais deplorável dessa postura ondulante da tucanada diz respeito ao esvaziamento do poder político parlamentar da Oposição, num momento em que se articulava a criação de uma CPI para investigar essa avalanche de corrupção que afronta a Nação.
A inusitada submissão do PSDB à Dilma é um desserviço à Nação, quando não um deboche.

Anônimo disse...

Rousseff sabe que o mapa político brasileiro, para além das instituições formais, está dominando por duas grandes correntes: o lulismo, que ultrapassa o PT e arrasta o espectro progressista constituído por Sarney, Temer, Jucá, Barbalho, Renan e assemelhados, interessados na pilhagem dos cofres públicos, e o Partido do Pensamento Jornalístico Único, em torno do qual orbitam diferentes expressões mais ou menos conservadoras da ética, da pobridade adminstrativa e da defesa da democracia.

Catarina.

VERA disse...

Engraçado é que quando o FGAGAC-privateiro-propineiro "controlou a aplicação de todos os recursos federais que são gerados pelos Estados", e em vez de devolvê-los a quem direito, preferiu entregá-los a BANQUEIROS FALIDOS (115 BILHÕES); LATIFUNDIÁRIOS e EMPRESÁRIOS SAFADOS (seus amiguinhos); ou desviou as propinas da PRIVATARIA a paraísos fiscais, NINGUÉM reclamou!!!

Aliás, houve gente que reclamou sim: o ex-prefeito tucanalha de minha cidade, por exemplo, nos contou, através de sua rádio, que recebeu MUITO MAIS VERBAS do governo LULA do que do FGAGAC-cafajeste-chifrudo!!!

Portanto, a ÚNICA coisa que os tunganotários e os PSDBostas sabem fazer, além de ASSALTAR o País, é CHORAMINGAR!!!

A prova disso é que SP, um Estado que SUSTENTAVA a maioria do Brasil, foi tão detonado pelos tucanalhas nos últimos 20 anos, que o Alkimintiroso AINDA precisa da ajuda do governo DILMA pra tirar da MISÉRIA os 3,5 MILHÕES de paulistas que o PSDBostas criou!!!

E, graças a Deus, que é a DILMA quem "controla a aplicação de TODOS os recursos federais"!!!

Do contrário, seríamos obrigados a assistir pela QUINTA VEZ o nosso Brasil ser QUEBRADO e ESPOLIADO pela QUADRILHA: PSDBostas/demos; e ver nosso suado dinheirinho sendo desviado para os cofres dessa CORJA, nos paraísos fiscais!!!