quarta-feira, 5 de novembro de 2008

UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL



O MUNDO RESPIRA ALIVIADO


A era Bush finalmente chegou ao fim tendo provocado muitos estragos nos Estados Unidos e no mundo. A eleição do candidato democrata Barack Obama é um alívio, porque durante oito anos a Casa Branca foi ocupada por um esquema hediondo. Espera-se agora que o cosmopolita Barack Obama pelo menos tire o dedo do gatilho, para que o mundo possa respirar um pouco mais aliviado.

John McCain, mesmo tentando se apresentar descolado de Bush, quando indicou a tal Sarah Pallin de vice, na prática assinou sua sentença de morte política. Foi melhor assim.

Para se ter uma idéia de que tipo de político, mesmo descolado de Bush, representa McCain, vale registrar a grave denúncia de João Vicente Goulart sobre o assassinato do pai, o Presidente João Goulart.

Segundo João Vicente, Jango teria sido envenenado em uma operação conjunta dos serviços de inteligência brasileiro, uruguaio e argentino coordenado pela CIA, cujo chefe no Uruguai na época era Frederick Latrash, posteriormente assessor direto do Senador republicano John McCain. McCain ainda por cima esteve no Chile onde manteve conversações na moita com o aliado Augusto Pinochet.

Vale lembrar que Jango se viu obrigado a abandonar o seu exílio no Uruguai ao ser ameaçado de morte. Quando estava na Argentina e já se preparava para fixar residência na Europa, um agente do serviço secreto uruguaio, Mario Neira Barreiro teria trocado os remédios de Jango por um veneno que poderia ser detectado se fosse feita em 48 horas uma autopsia. Mas isso não aconteceu porque as autoridades impediram. O próprio Barreiro, que se encontra preso, por cometer outros crimes, em uma penitenciária gaúcha foi quem confessou o delito ocorrido em agosto de 1976.

Como lá se vão 32 anos ficará muito difícil comprovar materialmente o crime, salvo outra confissão. Como ex-agente da CIA, Latrash é protegido nos Estados Unidos e dificilmente será interrogado sobre o fato, como já foi pedido e não respondido.

Não se pode silenciar diante de fatos como este que envolve a suspeita de uma ação conjunta de ditaduras com o respaldo do governo dos Estados Unidos, mais precisamente quando era Secretário de Estado Henri Kissinger, uma figura sombria que foi beneficiada pela impunidade e certamente votou em McCain-Sarah Pallin. Neste caso, tanto para Latrash como para Kissinger, os crimes compensaram.

Mas nem só de eleições nos Estados Unidos vive o mundo. A crise financeira, que segundo especialistas ainda não mostrou toda a força, vai ser mesmo paga pelos de sempre, ou seja, os cidadãos contribuintes trabalhadores. Os banqueiros, o pessoal do agronegócios na hora agá, como sempre acontece, acaba sendo beneficiado pelo mesmo Estado que combateram ao longo do período em que a economia mundial flanava em céu de brigadeiro.

O que todos se perguntam é o que vem por aí? Daqui mais algumas semanas a mídia entrará na fase das previsões para 2009. Desde já, os maiores órgãos de imprensa brasileiros estão se ajustando ao esquemão de retorno do tucanato. Trocando em miúdos: de agora em diante, com crise ou sem, a palavra de ordem na mídia é de apoio integral a dom José Serra, Este, claro, vai querer aprofundar o que foi plantado e seguido em parte pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No esquema de dom Serra, retornam figuras como David Zylberstein, também conhecido como “o petróleo é vosso” (frase utilizada por ele em conversa com representantes de multinacionais do setor petrolífero), Armínio Fraga, Pedro Malan e assim sucessivamente.

Um ensaio foi tentado no Rio de Janeiro com Fernando Gabeira, mas não deu. Desta vez, não será de se estranhar a continuidade do atual presidente do Banco Central, Henrique Meireles, também um tucano.

Os analistas de sempre naturalmente serão convocadas para esta cruzada, que no final das contas resultará na consolidação do Brasil como um país talhado a servir apenas os interesses do grande capital.

Mas como até outubro de 2010 muita água vai rolar debaixo da ponte, por mais que a mídia conservadora queira, o jogo eleitoral não está selado, até porque nem mesmo uma boa de cristal pode prever o cenário daqui a dois anos.

Ah, sim: curioso, em sites da extrema-direita brasileira que pululam na Internet, Barack Obama é combatido como se fosse um Fidel ou Chávez. É que os defensores da tortura e assassinatos nos anos de chumbo já estão se sentindo desprotegidos por perderem um aliado como Bush ou o próprio McCain. Um filósofo reprovado na USP que o diga.
Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação.

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