Tom do discurso sobre Cuba divide Brasil e Venezuela em cúpula
Fabrícia Peixoto e Claudia Jardim
Enviada especial da BBC Brasil a Trinidad e Tobago e de Caracas para a BBC Brasil
Os governos de Brasil e Venezuela deverão chegar a Trinidad e Tobago com discursos diferentes em relação à questão cubana, tema que promete dominar a 5ª Cúpula das Américas, que começa nesta sexta-feira.
Se por um lado os dois países defendem o fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba, existem diferenças de opinião sobre como apresentar a demanda durante o encontro.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quer que as discussões sobre Cuba sejam o principal tema do encontro. Chávez pediu, inclusive, que a questão seja incluída na declaração final da cúpula.
"E por que Cuba não está (presente)? Essa será nossa primeira pergunta", afirmou Chávez em um ato público na segunda-feira.
O governo da Venezuela afirma que "é oportuno mostrar aos EUA nesse primeiro encontro que a região mudou, que temos que orientar as novas relações com base no respeito mútuo", disse um alto funcionário do governo à BBC Brasil.
"Entre essas mudanças está a necessidade de levantar o debate sobre Cuba", acrescentou.
Postura brasileira
O Brasil deverá adotar uma postura menos belicosa.
A posição oficial do Itamaraty é que o fórum adequado para discutir a questão é a assembléia da Organização dos Estados Americanos (OEA), instância com mandato para decidir se o governo cubano pode ser aceito novamente no grupo e que se reúne em junho.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil vai defender o fim do embargo, mas que não há razão para criar "uma situação negativa" para o presidente Obama.
"O presidente Lula vai a Trinidad ciente de que nem Obama, nem Cuba, estão interessados que o embargo se transforme na grande polêmica da cúpula", disse à BBC Brasil um interlocutor do presidente Lula.
Na semana passada, o novo embaixador cubano em Brasília, Bruno Rodríguez, reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, segundo relatos do encontro, teria pedido a Lula que atuasse no sentido de não estimular o confronto com os Estados Unidos.
De acordo com a versão, não interessaria ao governo de Raúl Castro confrontar a recém-inaugurada administração Obama, que tem afirmado a disposição de "ouvir" e "dialogar" com a América Latina.
"Ao contrário do que possa parecer, Cuba e Estados Unidos mantêm contatos diretos, não precisam de interlocutores", disse uma fonte do governo brasileiro à BBC Brasil.
"Anomalia"
Na segunda-feira, apenas alguns dias antes do encontro em Trinidad, o governo Obama também suspendeu restrições a viagens e remessas de dinheiro a Cuba que haviam sido impostas pelo governo George W. Bush.
As medidas foram descritas por Celso Amorim como "um pequeno passo na direção certa".
De acordo com o Palácio do Planalto, elas devem ser "saudadas" pelo presidente Lula em seu discurso na cúpula. "Será um discurso conciliatório".
Com relação ao embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba, o ministro Celso Amorim disse que o presidente Obama deverá ouvir "que a região quer ver o fim do embargo", classificado por ele como uma "anomalia".
No entanto, o chanceler diz que é preciso também "respeitar a soberania dos Estados Unidos".
"Eles é que decidem o que fazer em relação a Cuba", diz o chanceler. "Mas essa é uma situação ruim, tanto para os Estados Unidos quanto para o povo cubano", acrescentou.
Apoio
Apesar das críticas públicas, a avaliação do governo é que não há apoio suficiente no Congresso americano para a aprovação do fim do embargo neste momento, sobretudo quando todas as atenções ainda estão voltadas para a crise econômica.
Os dois assuntos, crise e Cuba, foram tema de um conversa telefônica de Lula e Obama nesta quinta-feira, em que os líderes discutiram por 15 minutos as propostas que levarão à cúpula.
O embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba proíbe, entre outras atividades, que empresas americanas e suas subsidiárias façam negócios com Cuba.
A medida foi imposta em 1962, durante a Guerra Fria, após a aproximação entre o regime de Fidel Castro e a União Soviética.
Depois de eleito, Barack Obama afirmou que o fim do embargo total só ocorrerá se Cuba fizer reformas significativas, como a realização de eleições democráticas.
Enviada especial da BBC Brasil a Trinidad e Tobago e de Caracas para a BBC Brasil
Os governos de Brasil e Venezuela deverão chegar a Trinidad e Tobago com discursos diferentes em relação à questão cubana, tema que promete dominar a 5ª Cúpula das Américas, que começa nesta sexta-feira.
Se por um lado os dois países defendem o fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba, existem diferenças de opinião sobre como apresentar a demanda durante o encontro.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quer que as discussões sobre Cuba sejam o principal tema do encontro. Chávez pediu, inclusive, que a questão seja incluída na declaração final da cúpula.
"E por que Cuba não está (presente)? Essa será nossa primeira pergunta", afirmou Chávez em um ato público na segunda-feira.
O governo da Venezuela afirma que "é oportuno mostrar aos EUA nesse primeiro encontro que a região mudou, que temos que orientar as novas relações com base no respeito mútuo", disse um alto funcionário do governo à BBC Brasil.
"Entre essas mudanças está a necessidade de levantar o debate sobre Cuba", acrescentou.
Postura brasileira
O Brasil deverá adotar uma postura menos belicosa.
A posição oficial do Itamaraty é que o fórum adequado para discutir a questão é a assembléia da Organização dos Estados Americanos (OEA), instância com mandato para decidir se o governo cubano pode ser aceito novamente no grupo e que se reúne em junho.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil vai defender o fim do embargo, mas que não há razão para criar "uma situação negativa" para o presidente Obama.
"O presidente Lula vai a Trinidad ciente de que nem Obama, nem Cuba, estão interessados que o embargo se transforme na grande polêmica da cúpula", disse à BBC Brasil um interlocutor do presidente Lula.
Na semana passada, o novo embaixador cubano em Brasília, Bruno Rodríguez, reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, segundo relatos do encontro, teria pedido a Lula que atuasse no sentido de não estimular o confronto com os Estados Unidos.
De acordo com a versão, não interessaria ao governo de Raúl Castro confrontar a recém-inaugurada administração Obama, que tem afirmado a disposição de "ouvir" e "dialogar" com a América Latina.
"Ao contrário do que possa parecer, Cuba e Estados Unidos mantêm contatos diretos, não precisam de interlocutores", disse uma fonte do governo brasileiro à BBC Brasil.
"Anomalia"
Na segunda-feira, apenas alguns dias antes do encontro em Trinidad, o governo Obama também suspendeu restrições a viagens e remessas de dinheiro a Cuba que haviam sido impostas pelo governo George W. Bush.
As medidas foram descritas por Celso Amorim como "um pequeno passo na direção certa".
De acordo com o Palácio do Planalto, elas devem ser "saudadas" pelo presidente Lula em seu discurso na cúpula. "Será um discurso conciliatório".
Com relação ao embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba, o ministro Celso Amorim disse que o presidente Obama deverá ouvir "que a região quer ver o fim do embargo", classificado por ele como uma "anomalia".
No entanto, o chanceler diz que é preciso também "respeitar a soberania dos Estados Unidos".
"Eles é que decidem o que fazer em relação a Cuba", diz o chanceler. "Mas essa é uma situação ruim, tanto para os Estados Unidos quanto para o povo cubano", acrescentou.
Apoio
Apesar das críticas públicas, a avaliação do governo é que não há apoio suficiente no Congresso americano para a aprovação do fim do embargo neste momento, sobretudo quando todas as atenções ainda estão voltadas para a crise econômica.
Os dois assuntos, crise e Cuba, foram tema de um conversa telefônica de Lula e Obama nesta quinta-feira, em que os líderes discutiram por 15 minutos as propostas que levarão à cúpula.
O embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba proíbe, entre outras atividades, que empresas americanas e suas subsidiárias façam negócios com Cuba.
A medida foi imposta em 1962, durante a Guerra Fria, após a aproximação entre o regime de Fidel Castro e a União Soviética.
Depois de eleito, Barack Obama afirmou que o fim do embargo total só ocorrerá se Cuba fizer reformas significativas, como a realização de eleições democráticas.
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