terça-feira, 14 de abril de 2009

NUNCA ANTES NESTE PAÍS

14 DE ABRIL DE 2009

Brasil entrará em duas operações de socorro ao FMI

O governo brasileiro vai participar das duas operações de socorro financeiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Numa delas, já oficialmente divulgada, fará um empréstimo de até US$ 4,5 bilhões — o limite da quota do país no capital da instituição. Na outra, cujos detalhes ainda estão sendo definidos, comprará títulos a serem lançados pelo Fundo, com rentabilidade superior à dos papéis do Tesouro norte-americano e liquidez — os papéis serão negociados no mercado secundário.

O montante da segunda operação ainda não foi definido porque dependerá das condições oferecidas pelo FMI. O governo tem todo o interesse em comprar esses títulos porque isso ajudaria a melhorar a rentabilidade das reservas internacionais e a diversificar o seu risco. Assim como na operação de empréstimo, o nível das reservas não diminuirá quando os recursos forem aplicados em papéis do FMI. O que vai mudar é a composição das reservas.

A expectativa do governo brasileiro é de que, já na reunião de primavera, na próxima semana, em Washington, o FMI anuncie as características do papel a ser lançado em breve. No caso da operação de empréstimo, a intenção do Brasil é participar do Plano de Transações Financeiras (PTF) do FMI, uma espécie de clube dos países credores da instituição. Dos atuais 185 integrantes do Fundo, 47 estão no PTF.

Média ponderada

Para fazer parte do plano, o país tem que possuir balanço de pagamentos e nível de reserva internacional robustos. O Brasil pode dispor, no PTF, de até US$ 4,5 bilhões para emprestar ao FMI, volume de recursos equivalente à quota brasileira no capital da instituição. Esses ativos do Fundo também são líquidos. Na hipótese de o Brasil sofrer uma crise no balanço de pagamentos, o país pode sacar imediatamente os recursos do SDR.

A remuneração desse ativo é calculada com base na média ponderada das taxas de juros referentes a dívidas de curto prazo nos mercados monetários das quatro moedas — dólar americano, euro, libra esterlina e iene — que integram a cesta do SDR (Special Drawing Rights, criados em 1965 pelo FMI como um ativo de reserva internacional). Nos últimos meses, essa taxa girou em torno de 0,42% ao ano. Dependendo da remuneração oferecida pelo FMI, o investimento poderá se mostrar um bom negócio.

Leste Europeu

Papéis semelhantes vendidos pelo BIS (sigla em inglês para banco internacional de compensações, o banco central dos bancos centrais) garante retorno equivalente aos juros dos títulos norte-americanos, acrescidos de um '' spread '' entre 0,3% e 0,6%, com liquidez em dólares. Hoje, como a maior parte das reservas internacionais está aplicada em títulos do Tesouro norte-americano com prazo de dez anos, o governo corre o risco de perda caso os juros subam.

Nos últimos meses, esses papéis sofreram forte valorização, já que se tornaram mais procurados pelos investidores, em virtude do ambiente global de aversão a risco. Para o BC, o investimento no FMI seria uma forma de realizar esses lucros e fugir dos riscos de perdas. O FMI está buscando dinheiro para repassá-lo a países em dificuldades, como as economias do Leste Europeu.


Valor Econômico

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