02/04/2009
Tasso paga avião fretado com dinheiro do Senado
Folha Online
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) tem o hábito de usar parte de sua verba oficial de passagens aéreas para fretar jatinhos que são pagos com recursos do Senado, informa reportagem de Fernando Rodrigues e Fábio Zanini, publicada nesta quinta-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).
O ato da direção da Casa que regula o benefício não permite esse tipo de procedimento, mas o tucano diz ter obtido autorização especial para fazer as suas viagens.
Entre 2005 e 2007, Tasso gastou R$ 335 mil. Depois, as despesas foram publicadas sem registro de seu nome. De lá para cá, foram mais R$ 134 mil, totalizando R$ 469 mil, segundo o Siafi (sistema de acompanhamento do Orçamento). Tasso admite os gastos, mas somente de R$ 358 mil.
O senador tem seu próprio avião, um jato Citation, mas afirma que recorre a fretamentos quando o seu não está disponível.
Ele diz que a autorização foi obtida após o envio de ofícios para o então diretor-geral da Casa, Agaciel Maia. As brechas foram autorizadas pessoalmente pelo primeiro-secretário da Casa entre 2005 e 2008, Efraim Morais (DEM-PB), sem consulta à Mesa Diretora.
Um bilhete por dia
Na última segunda-feira, a Folha publicou reportagem na qual informava que o Congresso Nacional destina aos 594 deputados federais e senadores uma cota para a compra de passagens aéreas que, em alguns casos, permite a aquisição todo mês de mais de 30 bilhetes de ida e volta entre Brasília e o Estado de origem.
A reportagem da Folha constatou ainda que, além do alto valor, não há fiscalização sobre o uso da verba. O congressista emite a passagem no nome de quem quiser e não precisa prestar contas. "O controle é do parlamentar", confirmou Odair Cunha (PT-MG), terceiro-secretário da Câmara, responsável pela administração da cota dos deputados.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou por meio da sua assessoria que aguardava estudo sobre a verba aérea e que vai apoiar todas as medidas sugeridas para aprimoramento do seu uso.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não quis falar sobre o assunto, argumentando que não trata de assuntos administrativos.
Ainda na segunda, Sarney afirmou que vai agir com "tolerância zero" para combater irregularidades no Senado. O presidente disse que contratou a FGV (Fundação Getúlio Vargas) para elaborar um estudo de remodelação administrativa do Senado.
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