10/06/2009
Celso Marcondes, CartaCapital
Foi muito triste ver a Polícia Militar do Estado de São Paulo invadir o campus da USP e entrar em confronto com os estudantes. Lembrou os piores tempos da ditadura militar, quando a autonomia universitária era desrespeitada sempre que havia uma mobilização importante.
Não há justificativas para a invasão da PM. Se funcionários, estudantes e professores resolveram entrar em greve e não chegaram a um acordo com a reitora Suely Vilela, que simplesmente se nega a recebê-los, é um problema para a Universidade resolver. Se não houver diálogo, não haverá solução para as reivindicações apresentadas.
As cenas de violência de ontem só aguçarão as relações. O governador José Serra explica que mandou a PM porque a reitora pediu segurança, através de uma ordem judicial. Como a USP é uma universidade estadual, talvez fosse mais sensato que o governador intercedesse junto à reitora para que ela abrisse o diálogo.
Resultado: enquanto ela assistia tudo pela televisão e se recusava a falar com a imprensa, Serra ficava com o ônus da explicação pública. Perderam ambos, perdeu a democracia.
A União Nacional dos Estudantes emitiu nota condenando a invasão. Ela é reproduzida abaixo.
UNE repudia uso de força policial na USP
O Estado de São Paulo vem recorrendo à força policial para reprimir manifestações sociais pacíficas. Nesta terça-feira, a Polícia Militar usou balas de borracha e bombas de efeito moral
A União Nacional dos Estudantes (UNE) condena a ação, desta terça-feira, 9, da Polícia Militar na Universidade de São Paulo (USP) que usou balas de borracha, bombas de efeito moral e gás pimenta contra funcionários e estudantes da universidade.
Organizados em um ato pacífico, os manifestantes reivindicavam a saída da Polícia Militar da universidade, presente no campus desde a semana passada.
Além disso, também pedem a reabertura de negociação salarial entre parte dos funcionários da USP e o Conselho de Reitores das Universidades Paulistas (Cruesp), que está interrompida desde o dia 25 de maio. Os grevistas exigem reajuste salarial de 17%, mais um valor fixo de R$ 200, a suspensão da ampliação de terceirização e do plano de carreira com redução de salários, entre outros pontos.
“Lutamos pela ampliação da participação da sociedade dentro da universidade, o que não vem ocorrendo na USP onde não há, por exemplo, eleição direta e paritária”, declara Lúcia Stumpf, presidente da UNE
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