Luciana Abade
Jornal do Brasil - 12/08/2009
NOVO PROGRESSO
Uma semana depois de deflagrada a operação Boi Pirata 2, no sudoeste do Pará, em Novo Progresso, município de maior desmatamento do Brasil, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, esteve no local para ordenar a apreensão de 1.700 cabeças de gado criadas em fazendas ilegais dentro da Floresta Nacional do Jamanxim, que já teve 150 mil hectares de sua área original desmatada. O gado apreendido será doado para o programa Fome Zero. Desde que começou a operação, 23 fazendas foram autuadas por desmatamento ilegal. Somadas, as multas podem ultrapassar R$ 50 milhões.
– Os donos dos rebanhos tiveram um prazo para retirar o gado – explicou Minc. – Cerca de seis mil cabeças foram retiradas pelos fazendeiros e acreditamos que outras 15 mil ainda sairão. O prazo para tirar esses 1.700 bois expirou segundafeira. Mas o dono disse que não ia retirar de jeito nenhum.
Então o gado pirata vai virar churrasquinho do fome zero. Acabou a impunidade.
Prática ilegal Segundo agentes do Instituto Brasileiro dos Recursos NaturaisRenováveis (Ibama), os fazendeiros da região costumam retirar a madeira nobre para depois atear fogo e plantar pasto para o gado. Foram encontrados na área 16 aviões de pequeno porte usados para espalhar sementes de capim, sendo que 14 não tinham condições mínimas de operação. Os agente apreenderam até o momento 14 armas, mil litros de óleo diesel, quatro tratores, sendo dois de esteira, três caminhões, uma serraria móvel e 17 motosserras.
O trabalho é realizado pelo Ibama em parceria com as polícias Federal, Rodoviária Federal e Militar do Pará.
Os fazendeiros autuados descumpriram o pacto social firmado em 2007 entre a Secretaria do Meio Ambiente de Novo Progresso, a do estado do Pará e o Ibama. Pelo pacto, quem desmatou até aquele ano e apresentou projeto de recomposição de áreas degradas poderiam permanecer na área.
– A soja deixou de ser um problema para o desmatamento, mas o gado não. São 80 milhões de cabeças na Amazônia. É um por hectare, um absurdo – lamentou Minc.
O ministro destacou que apesar da confusão e das críticas que o leilão realizado no ano passado dos 3.200 bois piratas recebeu, a ação surtiu efeito, uma vez que mais de 50 mil cabeças foram retiradas de fazendas ilegais na Floresta Amazônica pelos próprios donos temerosos de perder o rebanho para o governo.
Choque Um dia depois de deflagrada a operação, o juiz estadual do Pará em exercício na 1ª Vara Cível da Comarca de Itaituba e Vara única de Novo Progresso, José Admilson Gomes Pereira, determinou a prisão do coordenador operacional da Boi Pirata 2, Leslie Tavares, e o cancelamento dos autos de infração e apreensão de uma madeireira. Na madrugada do dia seguinte, no entanto, o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargador Jirair Aram Meguerian, concedeu liminar ao Ibama mantendo as sanções aplicados pelo órgão. O desembargador entendeu que é competência apenas da Justiça Federal processar e julgar casos em que a União for uma das partes interessadas.
– Os fazendeiros e alguns políticos da região estavam insuflando a população local a se revoltar contra a operação – afirmou o coordenador geral de fiscalização do Ibama, Bruno Tavares. – Mas não acontecerá aqui o que que ocorreu em Paragominas.
(Em novembro do ano passado, três mil manifestantes atearam fogo na sede do Ibama do município, insatisfeitos com as apreensões realizadas pela que combatia a produção ilegal de carvão no Pará).
O prazo para tirar esses bois expirou.
O dono disse que não ia tirar de jeito nenhum. Então o gado pirata vai virar churrasquinho do fome zero Carlos Minc ministro do Meio Ambiente
Jornal do Brasil - 12/08/2009
NOVO PROGRESSO
Uma semana depois de deflagrada a operação Boi Pirata 2, no sudoeste do Pará, em Novo Progresso, município de maior desmatamento do Brasil, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, esteve no local para ordenar a apreensão de 1.700 cabeças de gado criadas em fazendas ilegais dentro da Floresta Nacional do Jamanxim, que já teve 150 mil hectares de sua área original desmatada. O gado apreendido será doado para o programa Fome Zero. Desde que começou a operação, 23 fazendas foram autuadas por desmatamento ilegal. Somadas, as multas podem ultrapassar R$ 50 milhões.
– Os donos dos rebanhos tiveram um prazo para retirar o gado – explicou Minc. – Cerca de seis mil cabeças foram retiradas pelos fazendeiros e acreditamos que outras 15 mil ainda sairão. O prazo para tirar esses 1.700 bois expirou segundafeira. Mas o dono disse que não ia retirar de jeito nenhum.
Então o gado pirata vai virar churrasquinho do fome zero. Acabou a impunidade.
Prática ilegal Segundo agentes do Instituto Brasileiro dos Recursos NaturaisRenováveis (Ibama), os fazendeiros da região costumam retirar a madeira nobre para depois atear fogo e plantar pasto para o gado. Foram encontrados na área 16 aviões de pequeno porte usados para espalhar sementes de capim, sendo que 14 não tinham condições mínimas de operação. Os agente apreenderam até o momento 14 armas, mil litros de óleo diesel, quatro tratores, sendo dois de esteira, três caminhões, uma serraria móvel e 17 motosserras.
O trabalho é realizado pelo Ibama em parceria com as polícias Federal, Rodoviária Federal e Militar do Pará.
Os fazendeiros autuados descumpriram o pacto social firmado em 2007 entre a Secretaria do Meio Ambiente de Novo Progresso, a do estado do Pará e o Ibama. Pelo pacto, quem desmatou até aquele ano e apresentou projeto de recomposição de áreas degradas poderiam permanecer na área.
– A soja deixou de ser um problema para o desmatamento, mas o gado não. São 80 milhões de cabeças na Amazônia. É um por hectare, um absurdo – lamentou Minc.
O ministro destacou que apesar da confusão e das críticas que o leilão realizado no ano passado dos 3.200 bois piratas recebeu, a ação surtiu efeito, uma vez que mais de 50 mil cabeças foram retiradas de fazendas ilegais na Floresta Amazônica pelos próprios donos temerosos de perder o rebanho para o governo.
Choque Um dia depois de deflagrada a operação, o juiz estadual do Pará em exercício na 1ª Vara Cível da Comarca de Itaituba e Vara única de Novo Progresso, José Admilson Gomes Pereira, determinou a prisão do coordenador operacional da Boi Pirata 2, Leslie Tavares, e o cancelamento dos autos de infração e apreensão de uma madeireira. Na madrugada do dia seguinte, no entanto, o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargador Jirair Aram Meguerian, concedeu liminar ao Ibama mantendo as sanções aplicados pelo órgão. O desembargador entendeu que é competência apenas da Justiça Federal processar e julgar casos em que a União for uma das partes interessadas.
– Os fazendeiros e alguns políticos da região estavam insuflando a população local a se revoltar contra a operação – afirmou o coordenador geral de fiscalização do Ibama, Bruno Tavares. – Mas não acontecerá aqui o que que ocorreu em Paragominas.
(Em novembro do ano passado, três mil manifestantes atearam fogo na sede do Ibama do município, insatisfeitos com as apreensões realizadas pela que combatia a produção ilegal de carvão no Pará).
O prazo para tirar esses bois expirou.
O dono disse que não ia tirar de jeito nenhum. Então o gado pirata vai virar churrasquinho do fome zero Carlos Minc ministro do Meio Ambiente
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