domingo, 23 de agosto de 2009

Lula diz que anistia não foi um "ato de benevolência"


23/08/2009

Folha Online, em Brasília

Nos 30 anos da edição da primeira Lei da Anistia (Lei 6.683/ 79) do regime militar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou à Folha Online que "a anistia não foi um ato de benevolência ou grandeza do regime militar", mas um "verdadeiro clamor nacional".

Líder sindicalista perseguido pela ditadura militar, o presidente Lula sustentou que a lei foi importante para "pavimentar o caminho da redemocratização" do país.

Lei "A anistia não foi um ato de benevolência ou grandeza do regime militar, só foi possível pela mobilização crescente da sociedade brasileira", afirmou.

O presidente lembrou que a lei era defendida por estudantes, familiares de perseguidos, jornalistas e pelo movimento sindical, que faziam greves.

"Quer dizer, havia um verdadeiro clamor nacional. Com a anistia, pudemos reincorporar centenas de brasileiros à vida política e pavimentar o caminho da redemocratização, num processo que culminou com uma Constituição que tem garantido avanços extraordinários ao Brasil."

Lula recebeu anistia em 1994. Assim como diversos integrantes de seu governo, o presidente chegou a ser preso pelo regime militar.

Destituído pelos militares da presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, em 1980, Lula estava entre os mais de 100 mil trabalhadores que aderiram ao que foi considerado pela imprensa na época a maior paralisação operária do sindicalismo brasileiro.

Lula e outros sete sindicalistas --entre eles o ex-presidenciável do PSTU José Maria de Almeida-- foram presos pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social) como forma de pressionar a volta ao trabalho. Lula foi solto após um mês. Em 1981, foi condenado pela Justiça Militar a três anos e seis meses de detenção por incitação à desordem coletiva, mas a sentença foi anulada no ano seguinte.

Em 2007, o presidente lançou o livro-relatório "Direito à Memória e à Verdade", com o resultado de estudos sobre a repressão a adversários políticos do regime entre 1961 e 1988.

O livro conta 479 casos de mortos e desaparecidos na ditadura. É o primeiro relato oficial do governo confirmando que órgãos de repressão torturaram e executaram opositores. Um trecho acusa a ditadura de atos cruéis contra opositores que não podiam mais reagir.

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