quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Petista que pagou conta de celular usado por sua filha defende Arthur Virgílio

Governistas e oposicionistas defendem Virgilio após denúncia ao Conselho de Ética

Senadores de vários partidos saíram em defesa nesta quinta-feira (6) do líder do PSDB, Arthur Virgilio (AM), denunciado ao Conselho de Ética da Casa por ter mantido o pagamento de um funcionário de seu gabinete que estudava no exterior com recursos do Senado.

"O senador Virgilio não é o grande malandro da praça", afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-RO), que acusou os advogados da permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado de "jogar gasolina nas chamas".


Mais um bate-boca no SenadoMais cedo, o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), usou palavrões para atacar o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), depois de ler em plenário a decisão de seu partido de recorrer ao Conselho de Ética contra o Virgilio.

"Foi a sessão mais degradante da minha vida aqui no Senado. Chegamos a um ponto extraordinariamente baixo. Temos que dar um basta nisso", disse Demóstenes, que voltou a pedir a saída de Sarney. "Será que nós somos excelências? Será que estamos nos comportando dessa forma? Temos ou não temos vergonha na cara? Quem somos nós? O que apodreceu não foi o Senado. Foram os senadores."

O senador Tião Viana (PT-AC), referiu-se a Virgilio como um adversário leal e condenou a posição do líder do PMDB de representar contra ele no Conselho de Ética. O tucano, que assumiu responsabilidade pelos deslizes e se comprometeu a devolver os valores pagos ao funcionário no exterior, não merece um ataque apenas por ter se pronunciado contra Sarney, disse o petista.

"Um senador como Arthur Virgilio não acaba. Aqueles que marcam sua trajetória com condescendência permanecem vivos", afirmou. Viana pediu tranquilidade aos senadores para superar as turbulências.


No esvaziado plenário do Senado até um membro do PMDB reverenciou o líder tucano. "Serei o primeiro a defendê-lo no meu partido antes de chegar a uma situação dessa [de ser condenado no Conselho de Ética]", disse Mão Santa (PI), 3º secretário do Senado, enquanto presidia a sessão. "Vossa Excelência é um dos ícones do valor da democracia no nosso país."

O presidente do PSDB, senador Sergio Guerra, ofereceu "irrestrita e total solidariedade" a Virgílio e disse que a representação contra ele é "precária, dispensável, calamitosa e criminosa", ao contrário do discurso de Sarney na quarta-feira, no qual predominou o tom de apaziguamento. Ele afirmou que os defensores do presidente do Senado não terão sucesso com intimidações a seus colegas.

"Eu não vou para casa, de maneira nenhuma, com ameaça de ninguém. Quem ameaça não tem coragem. Quem ameaça não é político, é uma fraude; não é democrata, é gente que não tem vergonha. Nós precisamos eliminar essa tropa de choque, cheia de precariedades, com a inteligência desse tamanho, nenhuma experiência parlamentar, que não se incomoda com a opinião pública. Talvez até porque não precisem do voto dela", disse.

Fora da tribuna

Sarney voltou a se pronunciar nesta quinta-feira, mas o fez de sua poltrona. O único senador do PSOL na Casa, José Nery (PA), falou sobre uma das representações contra o presidente do Senado no Conselho de Ética e foi interpelado pelo peemedebista.

O foco do debate era se Sarney conhecia ou não Rogério Cruz, que aparece em uma lista de supostos indicados do presidente do Senado para ocupar cargos na Casa.


Depois dessa intervenção, o presidente do PSDB afirmou que Sarney "não tem autoridade ou liderança para presidir o Senado". Foi defendido mais tarde por Wellington Salgado (PMDB-MG), tido como um dos membros da chamada tropa de choque de Sarney.

"Não pensem q vão chegar aqui, falar mal do nosso presidente, e a gente vai ficar calado. Não vai não", disse ele.

Tasso estava inscrito para tomar a tribuna no fim da sessão desta quinta-feira, mas abriu mão em favor de Álvaro Dias (PSDB-PR), que leu moção de solidariedade a Virgilio feita pelo partido.
Folha Online, 06/08/2009.

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