13/08/2009
Por Redação, CB - de Brasília
A base aliada, diante da constatação de que se trata de um fato inexorável o depoimento da ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), na próxima terça-feira, começou a se mobilizar desde já para levar a oposição a um novo constrangimento, após o 'acordão' a que foi levada para salvar o mandato de um de seus principais articuladores, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).
Assistentes dos senadores pediram ao setor de Segurança, em caráter informal, que a Casa Civil passe a pesquisar no acervo de vídeos do Planalto as ocasiões em que Lina Vieira esteve em Palácio e com quem se encontrou. Fonte ouvida pelo Correio do Brasil, pela manhã, explica que o objetivo da pesquisa é "calçar os deputados governistas quanto à veracidade da negativa enfática que fez a ministra Dilma Rousseff acerca do encontro".
– Nem a própria Lina Vieira sabe precisar a data da reunião, o que é um dado, no mínimo, estranho. Afinal, não era todo dia que a ex-secretária da Receita se encontrava com a ministra mais poderosa do governo. Principalmente naquele que seria um encontro sigiloso entre as duas – disse a fonte.
Portanto, para proteger a versão da ministra-chefe da Casa Civil, de que encontrou a secretária da Receita "várias vezes e com outras pessoas junto em grandes reuniões".
– Essa reunião privada a que ela se refere, eu não tive – garantiu a ministra.
Avalisada por Lula, que recomendou ao diário paulistano Folha de São Paulo a publicação de um "erramos" acerca da matéria que alardeou a citada reunião, Dilma já avalia como possível uma visita aos senadores da CCJ ou, no mínimo, a divulgação de nota na qual deverá reiterar a versão original, deixando à Lina Vieira a tarefa de provar que encontrou a virtual candidata à sucessão presidencial, no ano que vem e que teria ouvido, da própria Dilma, uma espécie de pedido para que deixasse o patrimônio da família Sarney em paz.
'Vai ter volta'
Senadores aliados ao Planalto não demonstraram, mas o aborrecimento era visível nesta manhã, diante da manobra da oposição que, em uma votação relâmpago, aprovou o requerimento apresentado pelo senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA). Segundo ele, se forem verdadeiros os fatos, seria "descabida" a intervenção da ministra em assunto exclusivo da Receita.
– Uma manobra suja dessas não passa desapercebida pela situação. É claro que vai ter volta – emendou a fonte.
À imprensa, Lina Maria Vieira vem sustentando que recebeu o pedido em encontro no gabinete da ministra, tendo entendido como um recado para que a apuração não se aprofundasse.
O "ato de esperteza" dos opositores aconteceu depois do encerramento de prolongado debate sobre a reforma eleitoral, quando somente estava na sala da CCJ, entre os integrantes do bloco governista, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). Do lado da oposição, numa ação articulada, estavam o líder do DEM, José Agripino (RN), e vários senadores do PSDB, entre eles Sérgio Guerra (PE), Tasso Jeiressati (CE), Marconi Perillo (GO), Alvaro Dias (PR) e Lúcia Vânia (GO).
Inácio Arruda chegou a apelar ao presidente da CCJ, Demosténes Torres (DEM-GO), para que levasse em consideração pedido feito pouco antes por telefone, pelo líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), para que a decisão fosse transferida para a próxima semana. Segundo o governista, Mercadante justificara que a decisão sobre tema de teor polêmico como aquele deveria ter ocorrido antes, e não quando a reunião já se encontrava esvaziada.
– A atitude que se está adotando não é a melhor, não é a mais correta. Isso não ajuda, dentro do processo político e democrático que estamos vivenciando no Senado. Parece uma manobra de última hora, em que se convoca toda a oposição para votar um único requerimento – criticou Inácio Arruda.
CPI da Petrobras
Demosténes, após ouvir o pedido do parlamentar comunista, afirmou que as votações estavam começando naquele momento e que também havia outros requerimentos. Em seguida, levou a decisão sobre o pedido de Mercadante para o conjunto dos presentes, mas foi mantida a decisão para que se votasse logo o requerimento do senador Antonio Carlos Junior. Em entrevista, após a sessão, o autor disse que não caberia tratar da suposta reunião entre a ministra Dilma e a ex-secretária no âmbito da CPI da Petrobrás. No entanto, disse que Lina Maria Vieira poderá ainda ser convidada para tratar na CPI de questão fiscal que envolve a estatal, citada como um dos motivos da queda da ex-secretária desse cargo
– Não tenho dúvida de que ela (a ex-secretária) deverá aqui confirmar novamente a versão que apresentou e que me parece verossímil – afirmou o autor, acrescentando que Lina Maria Vieira poderá também trazer provas.
Agripino, porém, foi mais realista. Disse que se trata da palavra de uma contra a da outra. Nesse caso, considerou que é dever do Congresso oferecer oportunidade para que as duas se expliquem. Como disse, o primeiro convite está sendo dirigido à ex-secretária, que foi desafiada pela ministra a provar que houve o encontro e que o tema foi abordado. Agora, observou, ela poderá vir livremente, diante das câmaras e dos microfones, e se submetendo a perguntas, esclarecer o que se passou.
A presença da ministra Dilma no Senado, porém, é uma possibilidade que o Planalto busca evitar a qualquer custo.
Por Redação, CB - de Brasília
A base aliada, diante da constatação de que se trata de um fato inexorável o depoimento da ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), na próxima terça-feira, começou a se mobilizar desde já para levar a oposição a um novo constrangimento, após o 'acordão' a que foi levada para salvar o mandato de um de seus principais articuladores, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).
Assistentes dos senadores pediram ao setor de Segurança, em caráter informal, que a Casa Civil passe a pesquisar no acervo de vídeos do Planalto as ocasiões em que Lina Vieira esteve em Palácio e com quem se encontrou. Fonte ouvida pelo Correio do Brasil, pela manhã, explica que o objetivo da pesquisa é "calçar os deputados governistas quanto à veracidade da negativa enfática que fez a ministra Dilma Rousseff acerca do encontro".
– Nem a própria Lina Vieira sabe precisar a data da reunião, o que é um dado, no mínimo, estranho. Afinal, não era todo dia que a ex-secretária da Receita se encontrava com a ministra mais poderosa do governo. Principalmente naquele que seria um encontro sigiloso entre as duas – disse a fonte.
Portanto, para proteger a versão da ministra-chefe da Casa Civil, de que encontrou a secretária da Receita "várias vezes e com outras pessoas junto em grandes reuniões".
– Essa reunião privada a que ela se refere, eu não tive – garantiu a ministra.
Avalisada por Lula, que recomendou ao diário paulistano Folha de São Paulo a publicação de um "erramos" acerca da matéria que alardeou a citada reunião, Dilma já avalia como possível uma visita aos senadores da CCJ ou, no mínimo, a divulgação de nota na qual deverá reiterar a versão original, deixando à Lina Vieira a tarefa de provar que encontrou a virtual candidata à sucessão presidencial, no ano que vem e que teria ouvido, da própria Dilma, uma espécie de pedido para que deixasse o patrimônio da família Sarney em paz.
'Vai ter volta'
Senadores aliados ao Planalto não demonstraram, mas o aborrecimento era visível nesta manhã, diante da manobra da oposição que, em uma votação relâmpago, aprovou o requerimento apresentado pelo senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA). Segundo ele, se forem verdadeiros os fatos, seria "descabida" a intervenção da ministra em assunto exclusivo da Receita.
– Uma manobra suja dessas não passa desapercebida pela situação. É claro que vai ter volta – emendou a fonte.
À imprensa, Lina Maria Vieira vem sustentando que recebeu o pedido em encontro no gabinete da ministra, tendo entendido como um recado para que a apuração não se aprofundasse.
O "ato de esperteza" dos opositores aconteceu depois do encerramento de prolongado debate sobre a reforma eleitoral, quando somente estava na sala da CCJ, entre os integrantes do bloco governista, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). Do lado da oposição, numa ação articulada, estavam o líder do DEM, José Agripino (RN), e vários senadores do PSDB, entre eles Sérgio Guerra (PE), Tasso Jeiressati (CE), Marconi Perillo (GO), Alvaro Dias (PR) e Lúcia Vânia (GO).
Inácio Arruda chegou a apelar ao presidente da CCJ, Demosténes Torres (DEM-GO), para que levasse em consideração pedido feito pouco antes por telefone, pelo líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), para que a decisão fosse transferida para a próxima semana. Segundo o governista, Mercadante justificara que a decisão sobre tema de teor polêmico como aquele deveria ter ocorrido antes, e não quando a reunião já se encontrava esvaziada.
– A atitude que se está adotando não é a melhor, não é a mais correta. Isso não ajuda, dentro do processo político e democrático que estamos vivenciando no Senado. Parece uma manobra de última hora, em que se convoca toda a oposição para votar um único requerimento – criticou Inácio Arruda.
CPI da Petrobras
Demosténes, após ouvir o pedido do parlamentar comunista, afirmou que as votações estavam começando naquele momento e que também havia outros requerimentos. Em seguida, levou a decisão sobre o pedido de Mercadante para o conjunto dos presentes, mas foi mantida a decisão para que se votasse logo o requerimento do senador Antonio Carlos Junior. Em entrevista, após a sessão, o autor disse que não caberia tratar da suposta reunião entre a ministra Dilma e a ex-secretária no âmbito da CPI da Petrobrás. No entanto, disse que Lina Maria Vieira poderá ainda ser convidada para tratar na CPI de questão fiscal que envolve a estatal, citada como um dos motivos da queda da ex-secretária desse cargo
– Não tenho dúvida de que ela (a ex-secretária) deverá aqui confirmar novamente a versão que apresentou e que me parece verossímil – afirmou o autor, acrescentando que Lina Maria Vieira poderá também trazer provas.
Agripino, porém, foi mais realista. Disse que se trata da palavra de uma contra a da outra. Nesse caso, considerou que é dever do Congresso oferecer oportunidade para que as duas se expliquem. Como disse, o primeiro convite está sendo dirigido à ex-secretária, que foi desafiada pela ministra a provar que houve o encontro e que o tema foi abordado. Agora, observou, ela poderá vir livremente, diante das câmaras e dos microfones, e se submetendo a perguntas, esclarecer o que se passou.
A presença da ministra Dilma no Senado, porém, é uma possibilidade que o Planalto busca evitar a qualquer custo.
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