Publicada em:02/08/2009
Em termos de conflito no Oriente Médio estamos no segundo tempo da prorrogação, que também está se esgotando. Se as tropas de Israel não saírem dos territórios palestinos ocupados e se os assentamentos não forem contidos, a situação naquela área do planeta vai se deteriorar mais ainda. Mas se Israel, hoje governado pela extrema direita, não for pressionado pela comunidade internacional, inclusive com sanções econômicas, essa situação continuará ad infinitum. Um dos principais culpados pelo prolongamento da ocupação e do avanço dos assentamentos é a mídia israelense que desinforma e ajuda a criar estereótipos inaceitáveis contra “o outro”, ou seja, os palestinos.
Antes que algum sionista apopléctico veja no que foi exposto conotação antisemita, como normalmente faz esse segmento nacionalista judaico a quem critica Israel, vale assinalar que o pensamento foi exposto pelo jornalista israelense Gidon Levy, colunista do jornal Haaretz. Levy ao participar, no Rio de Janeiro, de um importante seminário sob os auspícios da Nações Unidas e do governo brasileiro.
Nos dois dias do Seminário Internacional de “Mídia sobre a Paz no Oriente Médio –“Promovendo o diálogo israelense palestino – Um ponto de vista sul-americano”, participaram mais de 20 painelistas, israelenses, palestinos, austríacos, turcos, russos, britânicos, estadunidenses, brasileiros, enfim, uma gama de representantes de várias nacionalidades. Foi a primeira vez que um evento desta natureza ocorreu na América Latina.
Além de considerar a ocupação israelense não apenas um erro, mas um crime, Levy mostrou-se cético quanto à possibilidade de uma mudança da mentalidade vigente em seu país que discrimina os palestinos não os considerando pessoas como os israelenses.
O jornalista lembrou ainda pronunciamento da então Primeira Ministra de Israel, Golda Meir, que é usado como pretexto às ações violentas e discriminatórias contra os palestinos. Ela disse que “depois do Holocausto os israelenses podem fazer tudo”.
Seria impraticável resumir neste espaço todas as posições apresentadas, mas vale destacar também o que foi dito pelo embaixador palestino nas Nações Unidas, Riyad Mansour, que se mostrou otimista quanto à possibilidade de se iniciar um novo momento em direção à paz na região em função das gestões do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
O representante palestino na ONU explicou que há quatro posições que estão em jogo para a solução do problema que enfrenta o seu povo. A primeira é a desistência dos palestinos que vivem nos territórios ocupados e a sua transferência para outras partes, o que Israel vem tentando há 42 anos, mas que se mostra inviável. Mansour destacou que os palestinos são teimosos e resistem a essa tática das forças de ocupação.
A outra opção, segundo Mansour, seria a expulsão pura e simples. Há setores em Israel que defendem essa saída, mas são minoritários e a alternativa do apartheid de separar os palestinos em bantustões é vergonhosa para a moralidade judaica e internacional.
Finalmente, a quarta opção apresentada seria a separação através de dois Estados com o fim da ocupação. Com essa alternativa, explicou o embaixador palestino na ONU, volta-se aos anos 40, ou seja, a separação em um primeiro momento com a criação de dois Estados e numa etapa posterior a integração como iguais. Mansour lembrou as situações históricas da França e Alemanha, que se odiaram durante muito tempo até que finalmente conseguiram uma forma de associação e prosperarem. Mas para que isso aconteça, é preciso que as partes finalmente se vejam como iguais para depois atuarem em conjunto. Se França e Alemanha hoje se entendem, por que não Israel e Palestino podem algum dia se entender, indagou Mansour?
O Ministro do Exterior Celso Amorim e o assessor especial do governo brasileiro para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, defenderam a participação ativa do Brasil nas gestões pela paz na região. Amorim, da mesma forma que vários debatedores, destacou três condições que teriam um impacto decisivo para se alcançar um entendimento na região: o fim dos assentamentos em território palestino, o término do bloqueio a Gaza e ainda das mais de 600 barreiras de segurança (check points) espalhadas pelo território palestino, o que caracteriza uma situação “insustentável.
Este comentário ficaria incompleto se não fosse mencionada a informação do jornalista argentino, de origem judaica, Pedro Brieger, da TV Pública, canal 7, em Buenos Aires. Brieger revelou que a Embaixada de Israel na Argentina pressionou a direção do canal 7 para que ele fosse demitido, mas a exigência não foi aceita. Os representantes diplomáticos de Israel se irritaram com o comentário feito por ele, segundo o qual o Hezbollah não seria destruído pela força porque tinha fortes ramificações sociais no Líbano.
Um dos momentos de maior emoção do seminário ocorreu no painel que reuniu dois integrantes do Círculo de Pais – Fórum de Famílias, que tiveram familiares mortos em confrontos. Robi Damelin, mãe israelense que teve o filho de 19 anos morto em Hebron e o palestino Ali Abu Awwad, cujo irmão foi morto em uma barreira (check point) por um soldado de Israel. Os dois hoje militam em favor da paz e contaram as suas experiências no sentido de convencer que a solução dos problemas na região só poderá ter resultados por meio de métodos não violentos .
Em termos de conflito no Oriente Médio estamos no segundo tempo da prorrogação, que também está se esgotando. Se as tropas de Israel não saírem dos territórios palestinos ocupados e se os assentamentos não forem contidos, a situação naquela área do planeta vai se deteriorar mais ainda. Mas se Israel, hoje governado pela extrema direita, não for pressionado pela comunidade internacional, inclusive com sanções econômicas, essa situação continuará ad infinitum. Um dos principais culpados pelo prolongamento da ocupação e do avanço dos assentamentos é a mídia israelense que desinforma e ajuda a criar estereótipos inaceitáveis contra “o outro”, ou seja, os palestinos.
Antes que algum sionista apopléctico veja no que foi exposto conotação antisemita, como normalmente faz esse segmento nacionalista judaico a quem critica Israel, vale assinalar que o pensamento foi exposto pelo jornalista israelense Gidon Levy, colunista do jornal Haaretz. Levy ao participar, no Rio de Janeiro, de um importante seminário sob os auspícios da Nações Unidas e do governo brasileiro.
Nos dois dias do Seminário Internacional de “Mídia sobre a Paz no Oriente Médio –“Promovendo o diálogo israelense palestino – Um ponto de vista sul-americano”, participaram mais de 20 painelistas, israelenses, palestinos, austríacos, turcos, russos, britânicos, estadunidenses, brasileiros, enfim, uma gama de representantes de várias nacionalidades. Foi a primeira vez que um evento desta natureza ocorreu na América Latina.
Além de considerar a ocupação israelense não apenas um erro, mas um crime, Levy mostrou-se cético quanto à possibilidade de uma mudança da mentalidade vigente em seu país que discrimina os palestinos não os considerando pessoas como os israelenses.
O jornalista lembrou ainda pronunciamento da então Primeira Ministra de Israel, Golda Meir, que é usado como pretexto às ações violentas e discriminatórias contra os palestinos. Ela disse que “depois do Holocausto os israelenses podem fazer tudo”.
Seria impraticável resumir neste espaço todas as posições apresentadas, mas vale destacar também o que foi dito pelo embaixador palestino nas Nações Unidas, Riyad Mansour, que se mostrou otimista quanto à possibilidade de se iniciar um novo momento em direção à paz na região em função das gestões do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
O representante palestino na ONU explicou que há quatro posições que estão em jogo para a solução do problema que enfrenta o seu povo. A primeira é a desistência dos palestinos que vivem nos territórios ocupados e a sua transferência para outras partes, o que Israel vem tentando há 42 anos, mas que se mostra inviável. Mansour destacou que os palestinos são teimosos e resistem a essa tática das forças de ocupação.
A outra opção, segundo Mansour, seria a expulsão pura e simples. Há setores em Israel que defendem essa saída, mas são minoritários e a alternativa do apartheid de separar os palestinos em bantustões é vergonhosa para a moralidade judaica e internacional.
Finalmente, a quarta opção apresentada seria a separação através de dois Estados com o fim da ocupação. Com essa alternativa, explicou o embaixador palestino na ONU, volta-se aos anos 40, ou seja, a separação em um primeiro momento com a criação de dois Estados e numa etapa posterior a integração como iguais. Mansour lembrou as situações históricas da França e Alemanha, que se odiaram durante muito tempo até que finalmente conseguiram uma forma de associação e prosperarem. Mas para que isso aconteça, é preciso que as partes finalmente se vejam como iguais para depois atuarem em conjunto. Se França e Alemanha hoje se entendem, por que não Israel e Palestino podem algum dia se entender, indagou Mansour?
O Ministro do Exterior Celso Amorim e o assessor especial do governo brasileiro para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, defenderam a participação ativa do Brasil nas gestões pela paz na região. Amorim, da mesma forma que vários debatedores, destacou três condições que teriam um impacto decisivo para se alcançar um entendimento na região: o fim dos assentamentos em território palestino, o término do bloqueio a Gaza e ainda das mais de 600 barreiras de segurança (check points) espalhadas pelo território palestino, o que caracteriza uma situação “insustentável.
Este comentário ficaria incompleto se não fosse mencionada a informação do jornalista argentino, de origem judaica, Pedro Brieger, da TV Pública, canal 7, em Buenos Aires. Brieger revelou que a Embaixada de Israel na Argentina pressionou a direção do canal 7 para que ele fosse demitido, mas a exigência não foi aceita. Os representantes diplomáticos de Israel se irritaram com o comentário feito por ele, segundo o qual o Hezbollah não seria destruído pela força porque tinha fortes ramificações sociais no Líbano.
Um dos momentos de maior emoção do seminário ocorreu no painel que reuniu dois integrantes do Círculo de Pais – Fórum de Famílias, que tiveram familiares mortos em confrontos. Robi Damelin, mãe israelense que teve o filho de 19 anos morto em Hebron e o palestino Ali Abu Awwad, cujo irmão foi morto em uma barreira (check point) por um soldado de Israel. Os dois hoje militam em favor da paz e contaram as suas experiências no sentido de convencer que a solução dos problemas na região só poderá ter resultados por meio de métodos não violentos .
Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação.
Um comentário:
Postei em meu blog um encontro entre Mahmoud Ahmadinejad e um grupo de rabinos de Nova York que o apóiam e criticam o sionismo que domina o atual governo de Israel, a mídia ocidental apresenta o povo judeu como um bloco homogêneo e fazem de tudo para esconder o fato de que há vozes contrárias ao sionismo entre os próprio judeus, que defendem o diálogo entre judeus e árabes.
Postar um comentário