Domingo, 13 de septiembre de 2009
Iniciativa de jovens assentados do Mato Grosso gera renda e amor à terra
Iniciativa de jovens assentados do Mato Grosso gera renda e amor à terra
Natasha Pitts
Há cerca de dois anos, um grupo de jovens assentados do norte do Mato Grosso decidiu se reunir para debater questões ambientais, como o enfrentamento às queimadas e a preservação de sua região: era o grupo Univida. Tempos depois, o que era apenas um espaço de discussões se transformou em uma iniciativa de jovens produtores rurais.
Hoje, a ‘Associação dos Produtores Rurais Univida’ faz parte de uma rede de seis associações e produz hortaliças, sementes e mudas. "É preciso acreditar no trabalho e foi isso que nós fizemos. Hoje, jovens a partir de 15 anos até pessoas da terceira idade produzem e comercializam os produtos que são repassados para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)", explica Edvaldo Milik, jovem membro da Associação Univida.
Segundo Edvaldo, mais conhecido como Dinho, a Associação reúne em média 25 pessoas que trabalham em regime de economia solidária. Mais da metade dos produtores são jovens, que buscam uma forma de colaborar com a renda familiar. "Nós trabalhamos muito com os jovens para que eles aprendam a trabalhar com a agricultura, façam cursos de economia solidária e não saiam dos sítios", fala.
O êxodo ainda é uma realidade em regiões como o norte do Mato Grosso. Muitos jovens deixam seus sítios em busca de uma melhor condição de vida e de trabalho. Por esse motivo, a Associação dos Produtores Rurais Univida tem como foco capacitar os jovens produtores, mostrar que a região produz e que a agricultura ainda é um bom negócio. "Atualmente a atividade que mais tem empolgado os jovens é o cultivo e a colheita de sementes, sejam elas nativas, crioulas ou frutíferas", completa Edvaldo.
A produção ainda é pequena e, por enquanto, só atende à comunidade, que é a prioridade. No entanto, a intenção é caminhar a passos mais largos e expandir a produção para começar a vender também para a cidade. Atualmente, o que excede e não é repassado para a Conab segue para escolas e hospitais.
"A Associação não tem problemas de comercialização. Sempre que os produtos são levados para as feiras, não volta nada, já existe um consumidor certo. O que eles produzem, vendem. As dificuldades estão relacionadas muito mais à logística", esclarece Clóvis Vailant, assessor da Associação e integrante da coordenação do Fórum Brasileiro de Economia Solidária.
Mesmo com a burocracia para montar a Associação e iniciar os trabalhos, Clóvis explicou que os jovens se empenharam e a iniciativa está dando certo. "Eles tinham os meios de produção e os conhecimentos à mão, já que a maioria veio de famílias de produtores rurais. Eles tiveram apenas que dedicar mais tempo para conseguir concretizar o trabalho", complementa.
É provável que a Associação Univida ainda enfrente alguns problemas, mas segundo Clóvis, os jovens vão saber lidar com isso, já que trabalham bem com as tecnologias e com a economia. "Em breve eles vão ter que montar uma cooperativa, e aí surge mais burocracia. Mas essa geração tem mais facilidade do que teriam seus pais".
Agroecologia
A produção da Associação Univida, desde o princípio, é baseada na Agroecologia, técnica que respeita o meio ambiente e gera alimentos mais saudáveis, pois não se utiliza de sementes transgênicas e de agrotóxicos. A alternativa é uma tecnologia tradicional que fortalece o produtor rural e respeita o consumidor. Mas, infelizmente, mesmo se utilizando dessa técnica a produção ainda não é totalmente livre de contaminação, já que os produtores de sítios vizinhos não abrem mão do uso de alguns venenos.
* Jornalista da Adital
Nenhum comentário:
Postar um comentário