23 de Setembro de 2009
Diretamente do Plenário da Organização das Nações Unidas, Marco Aurélio Garcia, assessor do presidente Lula para assuntos internacionais, fala a Terra Magazine sobre a atuação diplomática do Brasil em Honduras. E critica: "quem se opõe ao que faz o Brasil deve sentir simpatia pelos golpistas".
Garcia afirma que "O Brasil não teve nenhuma participação na entrada de Zelaya em Honduras". E acrescenta: "Nós não nos intrometemos em políticas internas hondurenhas, estamos cumprindo uma obrigação humanitária e diplomática internacional".
Revela também que, em reunião com o sul coreano Ban Ki-moon, presidente da ONU, Lula falou do desejo brasileiro em convocar o Conselho de Segurança "para tomar conhecimento e iniciativas em relação a Honduras".
No dia 28 de junho passado, o presidente Miguel Zelaya foi deposto por uma junta militar. De pijamas, foi deportado para a Casta Rica. O presidente do Congresso de Honduras, Roberto Micheletti, assumiu a Presidência e diz que não houve golpe de Estado. Zelaya, então, foi proibido de retornar ao país. Micheletti decretou estado de emergência em julho.
Após sucessivas ameaças de adentrar as fronteiras, Zelaya finalmente o fez nesta segunda-feira,21. Ele se encontra refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigualpa.
O presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, pediu calma e que o Brasil entregue Zelaya ao cuidado da justiça hondurenha ou lhe conceda asilo político. Zelaya foi recebido porque é reconhecido pelo Brasil como o presidente eleito de Honduras.
Leia abaixo:
Terra Magazine - O governo não teme que a embaixada brasileira em Honduras seja vista como um palanque político para Zelaya, e não como uma representação internacional que é seu papel primordial?
Marco Aurélio Garcia - Quem afirma que o Brasil está se intrometendo onde não deve, deveria ter, mas não tem o mínimo conhecimento de normas elementares do direito internacional. Me surpreende muito, inclusive que alguns ex-diplomatas façam isso.
Terra Magazine - O Brasil participou do retorno de Zelaya a Honduras?
Marco Aurélio Garcia - O Brasil não teve nenhuma participação na entrada de Zelaya no seu país, que diga-se de passagem é o presidente. Em realidade, quem defende posições opostas, deve sentir simpatia em relação aos golpistas. Nós não nos intrometemos em políticas internas hondurenhas, estamos cumprindo uma obrigação humanitária e diplomática internacional. Isto é perfeitamente aplicável pela Convenção de Viena e no momento atual, como a Embaixada brasileira está sofrendo ameaças, o importante era que os brasileiros se unissem. Desqualificar a posição brasileira é um afã oposicionista injustificável.
Terra Magazine - O que o presidente Lula pretende falar em seu discurso?
Marco Aurélio Garcia - Estou aqui no Plenário da ONU e Lula falará em Honduras. Abordará outras coisas, mas falará em Honduras. Acabamos de fazer uma reunião com o secretário da ONU, na qual o Brasil apresentou que defenderemos o nosso desejo de que o Conselho de Segurança da ONU se reúna para tomar conhecimento e iniciativas em relação a Honduras.
Fonte: Terra Magazine
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