segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Dilma ganhou, Marina sumiu, Serra não morreu


Aquele suspiro de alívio a que só me atrevi quando ouvi do ministro Levandowski o anúncio oficial de vitória de Dilma. Do início da campanha até aqui, passando pelo avesso de eleger o governador Tarso no primeiro turno e entrar em campanha para o segundo, momentos impagáveis, como a expressão dos globais âncoras de diversos telejornais, e tensão, muita tensão.
Concorri eu, como tarefa partidária, sabedora da impossibilidade da eleição. Sabedora mais da necessidade de, primeiro, tirar de meu estado o urubu paulista que por aqui pousou. Mas imensamente mais sabedora da necessidade de continuar o projeto nacional de desenvolvimento, de não vergar a coluna aos poderosos do norte, de seguir o que começou com Lula.

Dilma não é Lula, e tomara que esteja ele sempre ao seu lado.


Porque não será nada fácil manter e acirrar o processo iniciado em 2002.


Tive uma idéia do que espera por Dilma ouvindo hoje, no rádio, uma entrevista sobre a necessidade de nova reforma da previdência, com louvores sobre a atitude de Sarkosy na França, sobre o aumento da expectativa de vida dos brasileiros. Ou seja, o movimento sindical querendo acabar com previdenciário e o neoliberalismo hoje, um dia após a eleição da presidente, dando seus ares.


Dilma ganhou. Tanto quanto Lula, ganhou o governo, quanto ao poder é outra história. E olhos gananciosos espreitam, com muita gula, um Brasil que teve sua economia resgatada por Lula apresar de todas as armações, escândalos, mídia cercando, denúncias de todos os tipos e queixas. Muitas queixas dos herdeiros do capital acumulado por mais de 500 anos de escravidão, explorações, expoliações, uma luta de classes em que sempre o sem alguma coisa foi massacrado pelo dono de muitas coisas. Por isto a repulsa pela bolsa família, por programas sociais, por qualquer coisa que trouxesse ao Zé Povinho qualquer sopro de vida melhor.


E isto, esta indignação do neoliberalismo com um governo que ousa contrariar os poderosos de sempre não passará em branco, tanto quanto o governo Lula não passou. Os neoliberais e seus novos aliados, como a "doce" Marina, que ao não se decidir decidiu-se. E que desapareceu providencialmente após sua confissão de cada um por si e deus por Serra. Mas que deixou claro que foi apenas uma escapada estratégica, para acumular forças e retornar com tudo com sua esperteza de beata inconformada.


Terá companhia.


Pelo discurso ácido do "candidato derrotado", como inclusive a Globo está chamando o tucano, pela expressão de ódio, pelas ameaças veladas e as garantias de retorno, a direita sai desta eleição organizada e com líder definido. E não poderia ser outro. Afinal, nem Aécio nem Alkmin, nem Jatene, todos eles com mandato vão querer chefiar a ira neoliberal. Os ventos progressistas sopram na América Latina, no mundo. Mas um líder fascista sempre encontra seu lugar, e Serra tem tudo para transformar-se numa referência da direita brasileira, quiçá latino-americana. E o PSDB não saiu mal desta eleição. Elegeu boas bancadas estaduais e federal, oito governadores que juntos administrarão 56,4% do PIB brasileiro. E Serra, o derrotado, afinal fez seus 45% de votos. Muito voto.



Serra não morreu, e Marina, entre outros, aguarda-o. Tomara Dilma, a base aliada, os brasileiros e brasileiras decentes saibam identificar, denunciar e combater as baixarias e artimanhas desta oposição inconsequente e irredutível que busca apenas a desestabilização do projeto desenvolvimentista nacional.


Por isto nossa tarefa começa antes mesmo da posse de Dilma. Empurrar seu governo cada vez mais para a esquerda, mas dar-lhe sustentação nas ruas, nos movimentos sociais, alimentar a internet com informações corretas. Com a direita não se brinca.


Mas ninguém segura o povo organizado e um governo coerente.


2 comentários:

blog do teacher Ramos disse...

Hi, Terror! Como foi o "niver"? A respeito do post, convém lembrar que Dilma tem a maioria dos governadores, alguns eleitos até com 80% dos votos, a maioria na câmara e no senado. A direita furibunda virá quente, sem dúvida, mas estaremos fervendo esperando por eles. Vai ser cacete. Eles tem que aceitar a vontade do povo e fazer oposição sim, tentar dar golpe, não. Não passarão. Não deixaremos.

Unknown disse...

Enquanto isso aqui, nos “cafundós” das Geraes...
- E ai, Cumpadi, como vai?
- Bão, Cumpadi, i ocê?
- Bão tamém, uai.
- E as eleição?
- Uai, Cumpadi, qui felicidadi, né, a muié pódi!
- I como pódi, Cumpadi, i o hómi não pôdi cum ela, cê viu?
- É deveras...
-Pois é, agora tão chamano nóis di nordestino.
- Bão, uai, esse povo é muito bão.
- É verdadi, Cumpadi, nóis mata i eles bota a pá de car.
Ah, otra coisa, Cumpadi, tão chamando nóis tamém di traíra.
- Uai, Cumpadi, num foro eles que traíro?
- Craro, Cumpadi, mas agora tão reverteno.
- Eles num conheci lei de carsa i efeito? Precisa de ir no centro espírta.
- Cumpadi, num fala um treco desses que eles te excomunga.
Os hómi é de otras religião. Incrusive o Papa tava ansim com os hómi.
- Vixe, o negócio teve feio intão.
- Cumpadi Lardelino falô qui o hómi agora ta lá nas oropa, falano mar di nóis.
- Uai, mas purque esse hómi num cala?
- Puis é.
- É cumpadi Belarmino, em 2014 tem mais...
- Eleição?
- Não cumpadi, trairagem. Cobra é cobra em quarqué tempo.
- Cobra não, cumpadi Guidofredo, é tucano.