A Venezuela e toda a América Latina perderam a sua principal liderança surgida nos últimos anos: o Presidente Hugo Chávez Frias, morreu vítima de câncer.
Daqui um mês serão realizadas novas eleições presidenciais.
Desde sempre a direita venezuelana e latino-americana já tinha matado Chávez e em tempos mais recentes tentou de todas as formas agir para desestabilizar o país.
É neste contexto que deve ser entendida a viagem do Henrique Capriles Radowski aos Estados Unidos se entender com funcionários do Departamento de Estado.
A direita vai procurar de todas as formas possíveis a legitimidade de Capriles e querer tirar de foco suas ligações com os conspiradores com ramificações nos Estados Unidos.
Chávez já tinha passado o bastão a Nicolás Maduro, indicando-o como seu sucessor se algo lhe acontecesse.
Os elitistas de sempre, como já tinha acontecido no Brasil depois da eleição do torneiro mecânico Luis Inácio Lula da Silva, nunca engoliram o fato de o sucessor de Chávez ter sido motorista de ônibus, sem título universitário. Uma típica bobagem elitista, como se um curso universitário fosse condição sine qua non para alguém ser Presidente da República. Os exemplos de presidentes letrados não são dos mais abonadores. Talvez só mesmo para as elites.
A direita, seja em Miami, na América Latina ou na Venezuela se desespera com o fato de o chavismo continuar sem o seu líder.
O provável candidato da oposição, atual governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles vai ter que explicar o que foi fazer em Miami, mais precisamente nos corredores do Departamento de Estado. Boa coisa de certo não foi.
Dois funcionários da embaixada norte-americana foram expulsos depois de terem sido descobertos, segundo o governo venezuelano, tentando obter informações juntos aos militares. Foram pegos em flagrante delito e não restou outra coisa a Nicolás Maduro se não anunciar a expulsão.
Poucas horas depois do anúncio oficial da morte de Chávez, a TV Globo acionou um de seus colunistas de sempre, exatamente para analisar de forma a comprometer o legado da revolução bolivariana.
Demétrio Magnoli ganhou muito espaço nos canais das Organizações Globo, destilando veneno com o objetivo de mostrar aos telespectadores perspectivas de mau agouro para a Venezuela. Magnoli está no seu papel de sempre. É um direito que o assiste, mas cabe aos observadores mostrarem a que veio.
Uma grande perda, sem dúvida, mas agora cabe aos defensores da revolução bolivariana continuar a levar adiante o que Chávez deixou.
Apesar das críticas contundentes da direita venezuelana e de todo o continente latino-americano, na Venezuela, com a ascensão de Chávez, o número de pobres diminuiu, o analfabetismo foi erradicado e o desemprego caiu a cifras compatíveis.
Apesar dos analistas de sempre, a informação na Venezuela fluiu mais naturalmente com o crescimentos de mídias públicas e estatais. Mesmo assim, o maior percentual na mídia está nas mãos privadas com cerca de 80%. Mas os grandes proprietários midiáticos não aceitam o fato de terem aumentado outros tipos de canais que não o privado. Na Sociedade Interamericana de Imprensa, que reúne o patronato midiático das Américas, a grita é do mesmo teor.
P.S: fiquei sabendo através de um espião benigno que a TV Globo as duas da tarde já sabia que Chávez tinha morrido. De onde ela obteve a informação? A resposta não é dificíl de saber, certamente a Rede Globo obteve a informação diretamente da CIA.
Esquema sutil e disfarçado
Quer dizer que o Ministro do Desenvolvimento da Alemanha, Dirk Niebel, simplesmente sugeriu que as seis toneladas de carne contaminadas com carne de cavalo que apareceram na Europa fossem doadas aos pobres? É isso que foi noticiado e dá bem a ideia de como agem os ricos do planeta. Niebel justificou a sugestão afirmando que “nós não podemos simplesmente jogar fora comida boa”. E quem disse que a carne era boa já que nem se sabia a procedência?
No mundo tem gente que passa fome, muito em função do tipo de política econômica adotada em países dos mais variados rincões do planeta e colocada em prática por certos governantes. Mas essa situação não sensibiliza os dirigentes de países como a Alemanha ou Estados Unidos, muito menos França, Reino Unido, Canadá, Espanha etc.
Sempre foi assim ao longo da história. Muitos países sentem nostalgia dos tempos em que reinavam em terras de Sol a Sol. Hoje, áreas ainda colonizadas, restam poucas. Uma delas, as ilhas Malvinas, que pertencem a Argentina, mas estão ocupadas pelo Reino Unido desde o século XIX.
Atualmente, segundo denúncias do governo argentino, os súditos da Rainha Elizabeth estariam transportando ogivas nucleares para a região que eles denominam de Falkland. A confirmar-se essa informação, fica demonstrado concretamente que o aliado número 1 dos Estados Unidos na Europa está nuclearizando o Atlântico Sul, o que é condenado pelos governos da região, entre os quais o do Brasil.
A “generosidade” do Ministro alemão de Desenvolvimento faz lembrar, a grosso modo, a ação de fundações estrangeiras atuando amplamente em vários países, não apenas a Ford Foundation, como a Rockfeler, a Gattes, a alemã Herbert, etc.
Aqui mesmo no Brasil, sob a capa de neutralidade e às vezes se disfarçando com ares progressistas, a Ford Foundation ataca nas mais diversas frentes, financiando entidades e pessoas físicas com remuneração ou bolsas.
Os agraciados quando questionados consideram os críticos do esquema “radicais” ou mesmo “jurássicos”. A revista Caros Amigos, edição de fevereiro, apresenta matéria esclarecedora sobre como atua por aqui há 51 anos a Ford Foundation (ver na edição de fevereiro A Face sedutora do império, matéria assinada por Caio Zinet).
No passado, em pleno período da Guerra Fria dos anos 70, uma entidade em São Paulo, presidida por Fernando Henrique Cardoso foi contemplada. O Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) recebia subvenção da Ford Foundation (FF), entidade vinculada a CIA. Não se deve omitir o fato que a Central de Inteligência estadunidense concomitantemente naquele período fazia doações à sempre defensora do ideario da quebra de soberania nacional e favorável à diluição do Estado, ou seja, a Ford Foundation.
Hoje, a FF segue com a capa de defensora dos valores democráticos, financia N entidades nos mais diversos campos, com ênfase para algumas na área de comunicação, como a Intervozes e o Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC). Estas, muitas vezes utilizam até jargões progressistas, mas agem sutilmente com o objetivo de sempre, ou seja, a diluição do Estado.
Os assalariados e bolsistas, mesmo afirmando que “os tempos são outros” devem saber que a Ford Foundation segue recebendo dinheiro da CIA, que a considera como “a fachada perfeita por ser uma instituição `autêntica` do tipo melhor e mais plausível para disfarce de financiamento (ver matéria A Face sedutora do império – Caros Amigos – fevereiro).
Ao mesmo tempo que financia, a Ford Foundation colhe material importante para o seu banco de dados colocado à disposição da Central de Inteligência dos Estados Unidos.
É importante que a opinião pública tome conhecimento de tudo isso. Tanto a Ford Foundation como a CIA e o Departamento de Estado norte-americano, defensores do esquema do Estado mínimo, guardando-se as devidas proporções, se equiparam em “generosidade” ao tal Ministro de Desenvolvimento alemão, Dirk Niebel, que na prática insultou os humildes com o oferecimento da carne de cavalo em embalagens sem que saiba a procedência.
Mário Augusto JakobskindÉ correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE .Direto da Redação.
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