O auditor fiscal Ronilson
Bezerra Rodrigues, preso desde o último 30 sob acusação de liderar o grupo que
cobrava propina para reduzir o ISS (Imposto sobre Serviços) de imóveis novos em
São Paulo, diz num telefonema que os secretários e prefeitos com que trabalhou
"tinham ciência de tudo", segundo gravação da conversa obtida pela
Folha.
"Tinham que chamar o
secretário e o prefeito também, você não acha? Chama o secretário e o prefeito
com quem eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo", diz Rodrigues na
conversa com Paula Sayuri Nagamati, ex-chefe de gabinete do ex-secretário de
Finanças, Mauro Ricardo e amiga do fiscal.
Ronilson foi subsecretário
da Receita Municipal, um apêndice da Secretaria das Finanças, no governo de
Gilberto Kassab (PSD) e tem um patrimônio de cerca de R$ 20 milhões, segundo a
Controladoria Geral do Município.
Na gestão de Fernando Haddad
(PT), ele foi diretor financeiro da SPTrans. Segundo a Controladoria, o esquema
da propina do ISS não operou este ano porque Rodrigues não tinha acesso ao
sistema da Secretaria das Finanças.
Kassab classificou as
informações de "falsas" e disse que "repudia as tentativas
sórdidas de envolver o seu nome em suspeita de irregularidades".
A gravação foi feita no dia
18 de setembro deste ano, no dia em que Rodrigues foi convocado pela
Controladoria Geral do Município para explicar por que seu patrimônio era
incompatível com seus rendimentos.
Nesse mesmo dia, os outros
três fiscais que foram presos com Rodrigues também haviam sido interrogados na
controladoria. Os outros três fiscais são Eduardo Horle Barcellos, Carlos
Augusto di Lallo Leite do Amaral e Luis Alexandre Cardoso de Magalhães. Do
grupo, só Magalhães foi solto no último domingo porque fez uma delação premiada
--vai colaborar com as investigações em troca de uma redução de pena.
Como as incorporadoras
pagavam menos imposto do que deviam, eles são acusados de ter causado um
prejuízo de R$ 500 milhões à prefeitura.
Com o esquema, o grupo teria
reunido um patrimônio estimado pela controladoria em R$ 80 milhões.
Paula, a Rodrigues, foi
exonerada no cargo ontem por quebra de confiança, segundo a prefeitura --ela
sabia do esquema e não comunicou ninguém. Ela virou colaboradora do Ministério
Público.Uol
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