quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Kassab sabia de tudo, diz fiscal acusado de chefiar esquema de propina em S



O auditor fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues, preso desde o último 30 sob acusação de liderar o grupo que cobrava propina para reduzir o ISS (Imposto sobre Serviços) de imóveis novos em São Paulo, diz num telefonema que os secretários e prefeitos com que trabalhou "tinham ciência de tudo", segundo gravação da conversa obtida pela Folha.

"Tinham que chamar o secretário e o prefeito também, você não acha? Chama o secretário e o prefeito com quem eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo", diz Rodrigues na conversa com Paula Sayuri Nagamati, ex-chefe de gabinete do ex-secretário de Finanças, Mauro Ricardo e amiga do fiscal.

Ronilson foi subsecretário da Receita Municipal, um apêndice da Secretaria das Finanças, no governo de Gilberto Kassab (PSD) e tem um patrimônio de cerca de R$ 20 milhões, segundo a Controladoria Geral do Município.


Na gestão de Fernando Haddad (PT), ele foi diretor financeiro da SPTrans. Segundo a Controladoria, o esquema da propina do ISS não operou este ano porque Rodrigues não tinha acesso ao sistema da Secretaria das Finanças.

Kassab classificou as informações de "falsas" e disse que "repudia as tentativas sórdidas de envolver o seu nome em suspeita de irregularidades".

A gravação foi feita no dia 18 de setembro deste ano, no dia em que Rodrigues foi convocado pela Controladoria Geral do Município para explicar por que seu patrimônio era incompatível com seus rendimentos.

Nesse mesmo dia, os outros três fiscais que foram presos com Rodrigues também haviam sido interrogados na controladoria. Os outros três fiscais são Eduardo Horle Barcellos, Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral e Luis Alexandre Cardoso de Magalhães. Do grupo, só Magalhães foi solto no último domingo porque fez uma delação premiada --vai colaborar com as investigações em troca de uma redução de pena.

Como as incorporadoras pagavam menos imposto do que deviam, eles são acusados de ter causado um prejuízo de R$ 500 milhões à prefeitura.

Com o esquema, o grupo teria reunido um patrimônio estimado pela controladoria em R$ 80 milhões.


Paula, a Rodrigues, foi exonerada no cargo ontem por quebra de confiança, segundo a prefeitura --ela sabia do esquema e não comunicou ninguém. Ela virou colaboradora do Ministério Público.Uol

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