Com 43% de intenções de votos, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira
20 pelo instituto Ibope, e indicações de sobra para, além de ganhar em primeiro
turno, bater qualquer outro adversário num forjado segundo turno, a presidente
Dilma Rousseff parece ser duas.
Uma
Dilma é, exatamente, a líder popular que jamais perdeu a liderança nas
pesquisas desde que assumiu seu mandato, em janeiro de 2011. A figura que,
mesmo após as manifestações de junho do ano passado, o máximo que permitiu de
esperança aos adversários foi uma remota possibilidade de segundo turno. Nunca
uma ultrapassagem. Aquela que o público identifica como patrocinadora de
políticas sociais compensatórias e inclusivas, co-responsável pela retirada de
40 milhões de brasileiros da linha da pobreza.
A
presidente Dilma Rousseff, enfim, que segue tranquila – de acordo com a ciência
das pesquisas, frise-se – para a reeleição.
Outra
Dilma é a que surge ao público, diariamente, pela ótica dos veículos da mídia
familiar e tradicional. A presidente que não gosta ou não saber fazer política
partidária (1); não se entende com o Congresso (2); perde aliados por tratá-los
de maneira espartana (3); pilota uma política econômica que sobe juros e é
leniente com a inflação (4); confunde e desanima empresários (5); não sabe o
que fazer com a crise no setor elétrico (6); ignora assuntos internacionais
polêmicos (7); etc etc.
Uma
Dilma, portanto, que, de acordo com análises publicadas aos borbotões, estaria
cada vez mais isolada no Palácio do Planalto.
Mas
à hipotética pergunta 'qual Dilma você considera a verdadeira', a mais recente
pesquisa Ibope indica que o público vê muito mais a presidente competente do
que a executiva enrolada em dificuldades. A ponto de demonstrar, nas 43% de
intenções de voto, que quer mantê-la já em primeiro turno no cargo.
Desta
vez, a novidade da pesquisa foi exatamente a de não ter novidade. Nos boatos
que cercaram a sua divulgação, capazes de mexer forte no desempenho das
empresas estatais na bolsa de valores de São Paulo, a pesquisa Ibope iria
mostrar uma queda nas intenções de voto da presidente. Não seria de estranhar.
Afinal, o levantamento de campo se deu na semana passada, depois que os
pré-candidatos da oposição puderam fazer todas as críticas que bem entenderam
ao desempenho da economia no ano passado. E também ao comportamento político da
própria presidente. Como se viu pelos 43% dados a Dilma na pesquisa Ibope,
suficientes para mantê-la no Palácio do Planalto, por mais quatro anos, em
primeiro turno.
Nem
mesmo os reflexos do julgamento do chamado mensalão, o agravamento da violência
urbana, a estiagem no Sudeste ou as enchentes no Sul foram capazes de abalar o
desempenho de Dilma.
Uma
das explicações para a manutenção na popularidade da presidente está em seu
estilo. Dilma, como se diz popularmente, dá a cara para bater. Em discursos nos
palanques de inaugurações, nas redes nacionais convocadas para pronunciamentos
oficiais e na maneira de agir nos bastidores, a presidente vai-se notabilizando
por enfrentar os problemas sem subterfúgicos. Especialmente aqueles que, em
tese, serviriam para proteger sua imagem.
Nesta
semana, cujos fatos não influenciaram a pesquisa, fechada anteriormente, a
presidente mostrou bem como gosta de agir. Ela respondeu pessoalmente a acusações
em off – sem identificação da fonte de informação – publicadas nos jornais O
Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Os jornais alegaram ter obtido de
diretores da Petrobras informações segundo as quais Dilma teria tido todas as
informações necessárias para, em 2006, barrar a compra, pela estatal, da
refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Fiel
ao seu estilo de não deixar para depois o que pode responder agora, Dilma,
divulgou uma nota garantindo que o parecer que orientou o conselho de
administração da Petrobras foi "omisso" quanto a pontos do contrato,
notadamente a cláusula de compra obrigatória em caso de litígio entre sócios, e
"juridicamente falho".
Não
é a primeira vez que Dilma encara de frente uma questão grave. No início de sua
gestão, ela demitiu ministros por suspeitas de malfeitos. Por menos que isso,
no oitavo mês de governo, mandou o então ministro da Defesa interromper viagem
à Amazônia e voltar imediatamente para ser demitido do cargo. Motivo: em
entrevista, ele haia criticado duas das mais próximas auxiliares da presidente,
a atual ministra Ideli Salvatti e a ex Gleisi Hoffman.
Não
é comum, no Brasil, que os políticos façam o que de melhor se espera deles.
Explicações objetivas sobre situações de suspeita ou atitudes diretas para
casos de disciplina quase sempre são trocados por pronunciamentos obtusos e
posições dúbias. A conciliação é a regra sobre o enfrentamento.
Residem
no estilo tratoral que Dilma cultiva para si própria – e na suprema realização
deu seu governo até aqui, a criação de 4,8 milhões de empregos desde janeiro de
2011 – as explicações para a perfomance superior da presidente sobre seus
adversários. A presidente vem ocupando redes de rádio e televisão para falar
até mesmo sobre o Dia da Mulher, como fez em 8 de março. Para a oposição, isso
é uso do cargo para fins eleitorais. Mas além dos tribunais já terem recusado
essa tese, não aceitando nem mesmo a imposição de pequenas multas à presidente,
o que mais sobressai é que o povo não indica estar vendo nenhum problema nisso.
A julgar pelos
números atuais, o povo gosta sim da Dilma que a mídia não costuma mostrar.
Com informações do Brasil 247
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