quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

BOTANDO ORDEM NA CASA

15/01/2009
Italianos podem não gostar, mas terão de respeitar refúgio a Battisti, diz Lula
da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que não acredita que a concessão de refúgio político a Cesare Battisti --condenado por terrorismo-- vá abrir uma crise diplomática entre Brasil e Itália. Segundo ele, a Itália pode não gostar da decisão, mas terá de respeitá-la.

"Precisamos aprender a respeitar as decisões soberanas de cada país. Pode até não concordar, mas tem que respeitar", disse Lula em entrevista coletiva concedida em Ladario (MS), na fronteira com a Bolívia.

A concessão de refúgio político a Battisti foi criticada por autoridades italianas e por familiares das vítimas do terrorista. A Itália estuda recorrer da decisão no STF (Supremo Tribunal Federal).

O ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, afirmou nesta quinta-feira que a decisão brasileira de conceder status de refugiado político a Battisti "coloca em risco a amizade entre Itália e o Brasil". Já o vice-prefeito da cidade de Milão, Riccardo De Corato, propôs boicote aos produtos brasileiros como forma de pressionar o Brasil a reconsiderar a decisão de conceder refúgio político a Battisti.

Apesar dos apelos, Lula sinalizou que não haverá recuo, pois a decisão é soberana. "Essa decisão é uma questão de soberania do estado brasileiro. Nós, assumindo uma posição soberana, tomamos decisão de entender que essa pessoa [Battisti] não precisava voltar para a Itália. Que poderia ter status de refugiado. Somos um país generoso. Temos muitos exemplos de pessoas que pediram asilo e aqui permaneceram por muito tempo."

Sobre as ameaças feitas por autoridades italianas, Lula disse não acreditar em retaliações. "Não acredito em piora da [relação] porque é uma relação histórica. Eu diria que é uma relação tão forte que não será um exilado que vai trazer animosidade nem com a Itália nem com o G-8."

Lula citou como exemplo o caso da França, onde o presidente Nicolas Sarkozy decidiu há quatro meses não extraditar Marina Petrella, ex-militante das Brigadas Vermelhas, por questões de saúde. "Na França, uma pessoa acusada das mesmas coisas e no mesmo ano, foi exilada também."

Tarso

Lula também deu apoio à decisão de Tarso Genro. "O ministro da Justiça, cumprindo obrigações que são pertinentes ao Ministério da Justiça, entendeu que esse cidadão deveria ficar e tomou decisão. E é uma decisão do estado brasileiro. Alguma autoridade italiana pode não gostar, mas terá de respeitar."

Para o presidente, as condições em que Battisti foi condenado podem ser questionadas. "Esse cidadão em pauta [Battisti], ele é acusado de um crime cometido no ano de 1978. Portanto, já faz mais de 30 anos. O acusador [Pedro Mutti], na verdade, fez um processo de delação premiada. Depois esse cidadão [Mutti] tirou logo os documentos, ou seja, é um cidadão que hoje nem existe para provar aquilo que ele falou. Esse cidadão [Battisti] veio para o Brasil, trabalhou, hoje é um escritor no Brasil."

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