domingo, 11 de janeiro de 2009

A ILIMITADA ESTUPIDEZ DE BRICKMAN

11 DE JANEIRO DE 2009


No dia em que escreverem uma história do governo Lula, um capítulo será dedicado ao ódio que a direita nutre pelo Marco Aurélio Garcia, vice-presidente nacional do PT e assessor especial do presidente da República.



Por Valter Pomar


Claro que outros de nós também temos o prazer de ser alvo de ofensas, besteiras e quetais. Basta, para isso, ser de esquerda, defender publicamente o que pensamos e ter orgulho de militar no PT.

Mas Marco Aurélio, para além destas características, atua num terreno cada vez mais visível e cada vez mais visado, o internacional.

Motivo pelo qual há contra ele um lobby organizado, que visa desgastá-lo na sociedade, para enfraquecer seu papel no governo.

Para isso, vale tudo, desde tentar intrigar Marco Aurélio com o Itamaraty, até apresentar o professor como um radical quase sanguinário.

Este tipo de ataque soa no mínimo ridículo para nós, que conhecemos o sujeito em tela. Mas, como sabemos, o veneno da mídia tem efeitos cumulativos junto aos setores que se informam apenas através dos grandes meios.

Por isto, mas também em defesa do grande Lima Barreto, é necessário contestar o senhor Carlos Brickman, que em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo (8/01/09), "acusou" Marco Aurélio de, entre outras coisas:

1) "apoiar a eleição de Evo Morales"; 2) "apoiar a eleição de Rafael Correa"; 3) "ficar ao lado das FARC"; 4) "fornecer gasolina para que o presidente venezuelano Hugo Chávez pudesse derrotar os grevistas da Petroleos de Venezuela"; 5) "apoiar a polêmica decisão (de Chavez) de fechar a TV oposicionista"; 6) dar "total razão aos palestinos do Hamas", tomando partido "numa luta com a qual o Brasil nada tem a ver", pois "a briga é deles, não nossa".

Deixemos de lado a biografia profissional e política de Carlos Brickman e vamos direto ao ponto: isto tudo que ele diz é de uma solene estupidez.

De maneira resumida:

1) Foi o conjunto do PT que apoiou Evo Morales e Rafael Correa. Brickman queria que apoiássemos quem, os candidatos da direita? E desde quando conflitos constituem exclusividade de governos progressistas?

2) Foi o presidente em exercício, Fernando Henrique, que decidiu enviar combustível para a Venezuela. Atitude que foi estimulada pelo já eleito presidente Lula.

3) Foi o PT que soltou nota pública, dizendo que o presidente Hugo Chávez agia dentro da lei venezuelana, ao decidir não renovar a concessão de uma empresa de TV. Certamente, trata-se de uma "sutileza" além da capacidade de entendimento de Brickman, para quem uma concessionária torna-se proprietária daquilo que é público.

4) Acusar Marco Aurélio de "aliado das FARC" e de dar "total razão" ao Hamas é como dizer que Brickman é uma pessoa honesta no debate político: uma total estultice.

5) Por fim, mas não menos importante: acusar Marco Aurélio de "tomar partido "numa luta com a qual o Brasil nada tem a ver", pois "a briga é deles, não nossa", mostra como certa estupidez pode ser cega.

O que está em curso em Gaza pode ser qualquer coisa, menos uma "briga" inconseqüente, frente a qual o Brasil poderia se manter indiferente.

Pelo contráro, trata-se de um conflito extremamente grave, que incide de maneira dramática na conjuntura internacional. Motivo mais do que suficiente para o Brasil atuar enfaticamente, pelo fim imediato das hostilidades e pela paz.

Nada disto é contraditório com opinar, de maneira muito clara, sobre o que está em curso, inclusive sobre o "terrorismo de Estado" praticado pelo governo de Israel.

O Brasil ganhou um lugar especial na cena internacional, exatamente porque abandonou a postura subalterna que caracteriza o tucanato.

Em resumo: tudo, absolutamente tudo, que Carlos Brickman fala contra Marco Aurélio é produto da mais absoluta estupidez. Podemos, pelo contrário, afirmar o seguinte: ainda bem que o Brasil, o governo e o PT podem contar com o trabalho do professor.

A única coisa positiva no texto de Brickman é Lima Barreto. Mesmo assim, convenhamos: pobre Lima, sendo utilizado por alguém deste naipe.



* Valter Pomar é secretário de Relações Internacionais do PT

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