quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

DESAFIANDO A "CRISE"

14/1/2009

Governo desafia crise e vai leiloar eólica em 2009


Por Redação, com Reuters - do Rio de Janeiro


O setor energético brasileiro pode ser considerado privilegiado neste momento de crise, mesmo com a restrição de crédito, avaliou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, que além de manter os leilões já previstos para 2009 programa pela primeira vez leiloar energia eólica no país.

A despeito de a energia eólica ser considerada cara por especialistas, Tolmasquim disse à Reuters que a realização do leilão servirá para mostrar o seu real valor no Brasil.

O uso da energia eólica tem crescido no mundo inteiro e assim como a hidrelétrica é considerada não-poluente.

- A vantagem do leilão é que vai descobrir o valor real da energia eólica no Brasil... todos falam que é alto, mas qual é esse preço? Como o Brasil tem um potencial muito grande, eventualmente a gente pode ser surpreendido na hora da competição - afirmou.

Até o final do mês Tolmasquim entrega ao Ministério de Minas e Energia os estudos para o leilão de energia eólica e a proposta de um programa eólico mais amplo, a fim garantir ao investidor a continuidade dos leilões.

- Estamos pensando em fixar quantidade (de venda de energia nos leilões) para os próximos anos, para sinalizar continuidade, senão não vem fábrica, e tem fábrica de equipamentos de eólicas querendo se instalar aqui - disse o executivo, lembrando que a falta de equipamentos produzidos no país foi um obstáculo para o Proinfa, programa do governo para incentivar fontes alternativas de energia que possui exigência de conteúdo nacional.

Tolmasquim disse que ainda não estipulou o volume que será negociado no primeiro leilão de energia eólica no país, que teria entre os interessados a espanhola Iberdrola, segundo o executivo. "Mas existem vários grupos, espanhóis, portugueses e brasileiros interessados", antecipou.

O leilão deverá ocorrer entre o final do primeiro semestre e começo do segundo, mesma época prevista para os demais leilões previstos pelo governo em 2009.

- Todos os leilões devem ser no final do primeiro semestre e início do segundo - disse, referindo-se também aos leilões para compra de energia visando 2012 (A-3) e 2014 (A-5).

Já o leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, será realizado entre outubro e novembro.

- Não tem a ver com crise, é mais com os prazos dos editais - afirmou, "mas eventualmente pode ser até conveniente para dar mais fôlego aos investidores".

Ele disse não temer que a restrição de crédito do mercado atrapalhe os leilões, argumentando que o setor elétrico brasileiro garante a contratação da energia por 15 anos, no caso das térmicas, e por 30 anos, nas hidrelétricas, o que dá estabilidade ao investidor e aos bancos que o financiam.

Autossuficiência

Tolmasquim estimou também que a queda do preço do petróleo vai reduzir os custos para as empresas explorarem a commodity no Brasil, refletindo a queda do preço dos equipamentos, o que garantirá a manutenção do interesse de investidores.

- A crise, por incrível que pareça, pode vir a ser positiva, porque tem a queda de demanda levando o preço do petróleo a cair, e o Brasil tem projetos muito robustos, que mesmo com petróleo em baixa se mantêm - avaliou.

- É claro que pode ter um problema conjuntural de caixa, de alavancagem em um certo momento, mas olhando um pouco mais adiante para o Brasil, é uma grande oportunidade - completou.

Segundo o executivo, a perspectiva é de que o preço do petróleo se estabilize entre 70 e 75 dólares no médio prazo, "e mesmo abaixo disso os projetos da Petrobras são viáveis", ressaltou, sem saber informar se ocorre o mesmo nos projetos do pré-sal, região de maior custo de exploração, mas com grande potencial de volume de produção.

Ele afirmou que a vocação de o Brasil se tornar um exportador de petróleo não morreu com a crise e que reduções momentâneas na autossuficiência alardeada pelo governo são normais.

- Nesse momento a gente está numa transição realmente, mas o Brasil vai ser um país exportador. Em algum momento importa mais ou exporta mais, isso não é relevante, o importante é que a tendência é crescente - explicou.

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