domingo, 23 de janeiro de 2011

Flávio Koutzii afirma: “Nos falta recuperar um pedaço da nossa história”



Rachel Duarte

Ex-asilado político, Flávio Koutzii assume no governo Tarso Genro a função de assessoramento superior. Vai garantir que as demandas da secretaria cheguem rapidamente ao governador e tenham, também, soluções rápidas. Trabalha com uma equipe pequena, de oito pessoas, que se revezam nas reuniões e elaboração de relatórios.

Na entrevista ao Sul21, Koutzii defendeu a criação da Comissão da Verdade, uma das lutas da ministra da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. Ele acredita que, agora, no governo Dilma, a Comissão será criada e os culpados pelo desaparecimento de 379 pessoas, segundo a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, durante a ditadura brasileira, serão punidos. “Nos falta recuperar um pedaço da nossa história”, diz Koutzii, que se emociona ao lembrar a posse de Dilma Rousseff na presidência da República. Para ele, Dilma representa o lema do ex-presidente francês François Mitterrand, pela conquista da presidência, em 1981: “a força tranquila”.

Sul21 – Como funciona a coordenação de Assessoramento Superior do Governador?


Flávio Koutzii (FK) – A própria definição era um pouco genérica quando o governador me convidou para a função. Sou o coordenador e tenho um grupo de oito pessoas. O João Victor é o executivo e tem um papel importante. Ele se destacou na campanha eleitoral por ser o coordenador da bancada na Assembleia Legislativa. Então, tem conhecimento de todos os projetos do legislativo. Portanto, fizemos uma combinação, de atuarmos em parceria. Temos amizade e confiança recíproca e vamos jogar juntos. Em diferentes situações, eu ou ele atuamos. Na parte mais política, eu participo do núcleo de gestão, todas as manhãs, não mais do que meia hora.

“A transversalidade cobre duas concepções diferentes: de composição das estruturas e de conexão entre as secretarias”


Sul21 – O que é discutido nestas reuniões?


FK – Não fazemos grandes análises. É um encontro para alinhavamento, entendimento e decisão. A forma de trabalho do governador, como ele mesmo já transpareceu nas entrevistas, é clara. Ele nos convida a uma forma de trabalhar muito precisa para concisão, discussões compactadas e tempo de decisão e execução rápida, de forma exigente e permanente. A nossa assessoria contribui para garantir esta forma de trabalho no encaminhamento das demandas por parte da secretarias. Este trabalho também pode acontecer na relação direta entre as secretarias, dentro do conceito da transversalidade, e aí estou falando não de uma palavra mágica. A transversalidade cobre duas concepções diferentes: de composição das estruturas, onde genericamente podemos definir como a lógica dos 30% de outros partidos como compensação nas estruturas comandadas por alguém de um determinado partido, e na conexão entre as secretarias, que tem interface para executar os projetos do governo.

Sul21 – O senhor está dizendo que a transversalidade prevê secretarias pluripartidárias. Tem alguns gestores que pensam diferente. Está clara a forma de trabalho do governo?


FK- Eu entendi assim. Alguns secretários podem ter outro entendimento. Mas, o que não é dúvida para todos é que as secretarias não terão porteiras fechadas. E isto não será algo fácil de fazer. Mas, concluída esta composição, e com o passar do tempo, será perceptível as virtudes da transversalidade. O que está intrínseco nesse conceito é que não haverá feudos de partidos, com assuntos que ninguém nunca saberá. Os problemas ou dificuldades não serão públicos só quando os chefes relatarem. A transversalidade ajuda a instigar a gestão, traz a boa inquietação. Outra noção boa que traz este conceito é a boa funcionalidade das estruturas do governo. Evita o que já vimos em outros governos: as secretarias se tornarem ilhas e o arquipélago ser um desastre.

Nós do PT temos bastante acúmulo do governo Lula, do governo Olívio, dos nossos governos nas prefeituras. Eu te diria a mesma coisa se esta entrevista estivesse acontecendo oito anos atrás, mas hoje posso te dizer com mais intensidade e amplitude que temos uma nova geração de gestores petistas que passaram por experiências de gestão, acertando e errando, compreendendo como chegar perto do ideário petista, levando em conta as realidades financeiras, limitações do aparelho estatal, como também de interconexões que não exercitávamos anteriormente.

Sul21 – Esta é outra questão que parece contraditória. O senhor fala de “geração de gestores petistas”. Onde ela está contemplada no governo? O que vimos é a repetição de quadros do primeiro governo petista.


FK – É muito boa essa pergunta. O Sul21 já trouxe esse debate em outra matéria que tinha um intertítulo: “A herança do Olívio”. Por razões óbvias, eu fiquei meio assim ao ler. Mas, esta pergunta oportuniza um raciocínio interessante. Seria uma tragédia se as figuras que estão no governo hoje e que estiveram em outro governo 10 anos atrás não tivessem nenhuma experiência. Mas, aproveitar essa vivência anterior pode ser vista como um mérito. Os quadros que realizaram determinadas experiências e depois voltaram para suas funções públicas, se as tinham, foram acumulando e podem contribuir agora. E esta pergunta traz embutido um alerta positivo: tem uma certa “taxa de velharia” no governo atual. Eu defendo que isso é bom. Mas, não por ter a idade que tenho, mas, sim, porque todos os que estão neste governo, principalmente os partidos que integraram depois a coligação, têm uma visão diferente da nossa. E os mais experientes ajudam a preservar aquilo que preside este processo, que é nós termos uma centralidade política, um programa e uma situação privilegiada com o governo federal.

“Só a cegueira ou o sectarismo de direita não percebem que o governo Dilma é de uma era política diferente”


Sul21 – De que forma exatamente poderá trazer benefícios para o estado o alinhamento partidário dos governos federal e estadual?


FK – O governo Dilma é de uma era política diferente, herdada da era Lula. Só a cegueira ou o sectarismo de direita não percebem. Hoje, a palavra xiita deveria ser usada em relação a vários cronistas e comentaristas políticos que dizem a mesma coisa há 20 anos. Eles poderiam mudar as suas perguntas sobre o país; a sociedade já deu a resposta para elas. E falo isso sem demagogia. A imprensa está muito polarizada.

Existem quatro ou cinco perguntas inevitáveis que serão sempre feitas a todo petista que estiver na frente do jornalista hoje.

A pauta tem que ser outra. Recentemente saiu na internet a lista das dez manchetes dos últimos dias nos jornais da grande imprensa nacional. Todas eram a pauta proposta na campanha do José Serra (PSDB). Eles podem até defender esta pauta, como claramente o fazem, mas não dá para estabelecer uma relação com a realidade escolhida pela maioria da população. Não quer dizer uma relação submissa ou de aceitação pacífica ao governo Dilma. Mas, é preciso dialogar com as ideias que provavelmente um governo que teve oito anos de experiência, e tem uma inflexão continuista, terá. E digo continuista no bom sentido. Entrevista na integra

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse aí é gente boa. Não deveria estar no PT.
O que me preocupa é a equipe de 8.

Oito?????
Para que tantos CCs?

Esse cara dá conta da assossoria que o Tarso quer.
Chega de CCs.

Anônimo disse...

corrigindo: assessoria

VERA disse...

Também acho!!!
Chega de CCs, principalmente, dos procurados pela justiça, como a raposa demo-tungana que vais tomar conta da FDE de SP!!!