Como era de se esperar, a reunião deste fim de semana em Washington não trouxe nenhum resultado prático. Os representantes dos 22 países presentes (os do G-20, mais Espanha e Holanda, como convidados) parece que estavam ali mais para uma grande confraternização do que para decidir questões da maior seriedade para o fututo do mundo.
Na sexta-feira, comeram e beberam do bom e do melhor nos requintados salões da Casa Branca e, de quebra, tiveram que ouvir o discurso de Bush pregando a desnecessidade de regras mais severas para os mercados financeiros. Nem uma palavra sobre o esgotamento do atual modelo capitalista de mão única que privilegia os donos do mundo, onde poucos ganham muito e muitos ganham pouco ou nada ganham.
Ao final do sábado, divulgaram um imenso comunicado recomendando ações que deverão ser aplicadas até o final de março do ano que vem, para colocar o sistema financeiro nos eixos.
Cá pra nós, parece óbvio que havia um documento pronto ou, pelo menos, alinhavado, provavelmente pela equipe do anfitrião, que acabou sendo referendado pelos demais participantes, pois seria impossível que 22 cabeças pensantes (?) pudessem diagnosticar as causas da crise e aprovar soluções e recomendações em tal volume em apenas um dia.
Se houve um vencedor nessa reunião de cúpula, este foi o presidente George Bush. Por culpa de sua desastrosa administração é que os Estados Unidos estão enfiados nesse atoleiro para o qual levaram de roldão a economia de países ricos da Europa e colocaram em risco frágeis economias dos emergentes. Bush (o causador), conseguiu a proeza de dividir com os emergentes (as vítimas) o fracasso de seu sistema financeiro e responsabilizá-los, daqui para frente, pelo que ocorrer no âmbito interno de seus países, segundo consta da tal declaração de Washington. E ainda conseguiu esvaziar a proposta européia e de alguns países emergentes que pediam um controle mais rígido sobre os mercados para evitar a repetição de novos colapsos. Para Bush, o importante é manter a liberdade dos mercados.
Foi por causa dessa liberdade excessiva que chegamos à atual situação. Já mencionei aqui, em coluna anterior, a verdadeira jogatina praticada por bancos e poderosas empresas de investimentos. Sem nenhuma fiscalização, criaram e espalharam pelo mundo instrumentos financeiros que eram vendidos como a oitava maravilha do mundo, em matéria de segurança e confiabilidade, quando na verdade não passavam de papéis sem lastro, com o mesmo seguro amparando muito mais do que o previsto em sua apólice. Transformaram o mundo num casino e um dia a banca teria que estourar.
Mas os donos do mundo continuam querendo liberdade para voar. Na última quinta-feira, cinco dos maiores especuladores internacionais foram ao Congresso norte-americano definir suas participações na crise financeira que assola os mercados mundiais. Claro, isentaram-se de qualquer responsabilidade. Angelicamente, informaram a origem de suas fortunas "construídas honestamente", juraram que nunca burlaram o fisco. Eles não apresentaram nada de novo em matéria de solução para a crise, mas deixaram claro que são contrários à regulação excessiva.
Alguns analistas acreditam que a ausência de Barack Obama esvaziou a reunião e até mesmo as decisões tomadas. A partir de 20 de janeiro, com a chegada do novo morador da Casa Branca, começa um outro jogo.
A DEMOCRACIA DE VEJA
Veja não se emenda. Derrotada na escolha de leitura complementar dos alunos do respeitado Colégio Visconde de Porto Seguro, de São Paulo, a revista maldosamente publicou na coluna “Panorama: SobeDesce”, a seguinte notinha:
“DESCE – Colégio Visconde de Porto Seguro – A escola paulistana obrigará os alunos a assinar um panfleto de propaganda petista”.
O “panfleto”, como insinua a nota, é o “Atualidades em sala de aula: Carta na Escola”, uma seleção de matérias publicadas na Carta Capital, comentadas e aprofundadas por educadores universitários, recomendada como leitura complementar aos alunos, tudo sob a orientação do Centro Pedagógico do Porto Seguro. O que a Veja não revela é que o seu “Veja na Sala de Aula” foi recusado pela escola, sob a alegação de que os textos da Carta Capital, “atendem ao aprofundamento desejado de nossos pré-vestibulandos”, segundo nota de esclarecimento da escola.
Veja continua a mesma. Nem Joseph Goebbels faria melhor.
Eliakim Araújo, Direto da Redação.
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